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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE Bacillus cereus PRODUTOR DE POLIHIDROXIALCANOATO DO SOLO DA MATA ATLÂNTICA
Tatiana Pereira da Silva de Freitas 1 (tatipsf@hotmail.com), Ilana Racowski 1, Maria Filomena de Andrade Rodrigues 1, Fabiana Fantinatti-Garboginni 2 e Elisabete José Vicente 1
(1. Depto.de Microbiologia, Inst.de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo – ICBUSP; 2. Divisão de Recursos Microbianos, CPQBA-UNICAMP)
INTRODUÇÃO:
Os plásticos de origem petroquímica são de difícil degradação, permanecendo no ambiente por décadas e gerando grandes problemas ambientais. Desde a década de 80, há o interesse público e científico no desenvolvimento e uso de polímeros biodegradáveis, sem perder as propriedades físicas e químicas desejáveis dos plásticos sintéticos convencionais. Dentre os materiais biodegradáveis podemos destacar o polihidroxialcanoato (PHA), poliéster de ácidos hidroxialcanóicos e/ou hidroxialcenóicos, produzido por um grande número de gêneros bacterianos como material de reserva na forma de grânulos citoplasmáticos insolúveis. Devido ao ambiente propício, solo pobre em macro e microminerais e excesso de fontes de carbono fornecidos pela rica fauna e flora, o solo da Mata Atlântica foi o escolhido para o isolamento de um microrganismo produtor de biopolímeros. O objetivo deste trabalho foi o de identificar o tipo de plástico produzido pelo microrganismo isolado, verificando se o aumento da produção celular está diretamente relacionada ao aumento da produção de biolpolímeros. A importância comercial destes biopolímeros é verificada desde o emprego na fabricação de embalagens biodegradáveis e biocompatíveis, além do emprego em vários setores da área médica como liberação lenta de fármacos, implante de ossos fraturados, fios de sutura e material higiênico.
METODOLOGIA:
O solo (25g) foi diluído em solução salina (1:10, 1:100, 1:1000 e 1:10000) e alíquotas (1 ml) foram submetidas ao processo fermentativo em meio (10 ml) com glicerol 2% e com fonte limitada de nitrogênio. A cultura foi incubada a 37ºC com agitação de 120rpm/min por 7 dias. Depois deste período, 200µl da cultura foi semeada em meio TI sólido, com posterior incubação a 37ºC por 24 horas. As colônias produtoras de grânulos de PHAs foram visualizadas utilizando o corante “Nile Red”. Isolou-se uma colônia produtora e suas propriedades morfológicas foram observadas pela coloração de Gram. A identificação do microrganismo foi feita pela amplificação de um fragmento de 16S rDNA, com seu posterior seqüenciamento e análise por comparação com os genótipos contidos no Genbank. Foram testados os meios MMSOP e M9 (ambos com 2% de glicerol ou 2% de glicose), para a produção de PHAs. A curva de produção de PHAs e do crescimento celular, em função do tempo, foram obtidas através da coleta de alíquotas (3ml) nos tempos 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 24 e 36 horas de incubação de Bacillus cereus em meio MMSOP, e posterior medida da densidade óptica por espectrofluorimetria à 600nm. Para a determinação do tipo de PHA produzido, cerca de 20 mg de células liofilizadas foram sujeitas à propanólise e os propil ésteres foram analisados por cromatografia gasosa.
RESULTADOS:
Foi possível a visualização de microrganismos produtores de PHA, nas placas inoculadas com solo na diluição 1:10000, através do uso do corante “Nile Red”. Um destes microrganismos produtores de PHA foi isolado e a coloração de Gram o identificou como um bacilo Gram positivo. A análise genética (metodologia de 16S rDNA) o nomeou de Bacillus cereus. A curva de produção de PHA e do crescimento celular, em função do tempo, sugere a existência de dois tipos de enzimas envolvidas na síntese e na degradação deste PHA. A primeira enzima (PHA sintase) agiria nas primeiras 10 horas de incubação do Bacillus cereus enquanto a segunda enzima (PHA despolimerase intracelular) agiria no período de incubação restante. Através desta mesma curva, foi possível concluir que com o aumento exponencial da massa celular houve a diminuição do PHA produzido, provavelmente por estes estarem servindo como alimento nesta fase restante de incubação. A análise dos espectros de CG, comprovaram a produção do plástico polihidroxibutirato (PHB) por este Bacillus cereus.
CONCLUSÕES:
Foi possível isolar, do solo da Mata Atlântica, um produtor de biopolímeros, o Bacillus cereus, o qual é capaz de produzir o plástico PHB que é de grande interesse comercial.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  Bacillus cereus; Mata Atlântica; polihidroxibutirato.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005