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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada | ||
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA INTERAÇÃO EM SALA DE AULA NA GRADUAÇÃO | ||
Marise Adriana Mamede Galvão 1, 3 (marisegalvao@uol.com.br) e Lucineide Socorro Dantas da Silva 2 | ||
(1. Pós-Graduada do Depto. de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Estadual de São Paulo - UNESP; 2. Graduanda do Curso de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; 3. Profa. do Depto. de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
A articulação de discursos na sala de aula da graduação é uma amostra da heterogeneidade de conhecimentos que promovem o saber institucionalizado. Nesse trabalho, focalizaremos a construção do discurso universitário, tomando como objetivo de estudo a interação verbal na sala de aula. Assim sendo, lançaremos o olhar na direção de diferentes eventos de ensino/aprendizagem na busca de elementos que sirvam de subsídios para traçar um perfil de como ocorre o diálogo entre os interactantes que constroem, propagam conhecimentos e interagem ao mesmo tempo. Nessa perspectiva, o nosso interesse pode ser justificado sob três aspectos. O primeiro está ligado a educação, haja vista que observar a interação em sala de aula implica identificar alguns aspectos inerentes ao saber institucionalizado. Do ponto de vista lingüístico, poderemos explicitar fenômenos que acontecem no processo da construção do discurso e, por último, do ponto de vista social, atenderemos para as realizações dos participantes do grupo “em contato”. |
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METODOLOGIA:
Para a realização desse estudo, seguimos uma metodologia indutiva própria da abordagem qualitativa. No primeiro momento, obtivemos contatos com diversos eventos educacionais realizados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Campus de Currais Novos. Esses contatos proporcionaram condições para que o estudo fosse desenvolvido de forma mais precisa, já que o pesquisador, nessas condições, passou a vivenciar cenas que constituem o quadro interacional no ensino de graduação. Vencida essa etapa, foram observados e gravados, em áudio, eventos referentes às seguintes disciplinas: Sociologia, Literatura Brasileira II, Lingüística IV, Conflito e Negociação do Trabalho e Técnicas Audiovisuais em Educação. Na coleta de dados procuramos diversificar nossas investigações para que o estudo pudesse apresentar um aspecto homogêneo do contexto sócio-educacional pesquisado. Postulando uma visão específica do ensino para quem o faz, realizamos entrevistas com professores das disciplinas acima citados no intuito de que a prática e a teoria do ensino fossem confrontados. Nesse sentido, gravamos aulas expositivas, discussões sobre determinados conteúdos e seminários. Após as gravações, transcrevemos a fala de todos os participantes do evento comunicativo. Para tal, utilizamos a sistemática adotada na Análise da Conservação. |
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RESULTADOS:
Os eventos analisados mostraram que na graduação o professor tem uma grandiosa importância na produção do conhecimento. Cabe a ele, geralmente, argumentar, organizar os tópicos e controlar os turnos de fala. Dessa forma, ele utiliza grande parte do tempo disponível aos eventos expondo suas idéias e conduzindo o raciocínio dos alunos que se propõem abstrair as informações impostas pelo professor. Aos educandos, resta um tempo curto para que suas intervenções possam contribuir com o conteúdo a ser explorado. Suas observações alongam o tópico reforçando a fala do professor. Independente do tempo de freqüência na graduação, os alunos vêem o professor como detentor da verdade. Embora haja uma certa autonomia na formação dos discursos, graduandos, recém chegados à universidade ou não, expõem seus conceitos interagindo com o professor. O raciocínio do aluno pertence muito mais ao professor que a ele próprio. Nesse intento, apenas o discurso formal, planejado não é suficiente. Piadas, paráfrases, recortes de texto, experiências de vida são mencionadas objetivando uma melhor aprendizagem. |
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CONCLUSÕES:
Considerando a fala como fator primordial na expansão do conhecimento, fez-se necessário refletirmos, por exemplo, que o discurso tem o papel de configurar a aprendizagem multiforme da graduação. Ao interagirem, membros de um grupo articulam o discurso de tal forma, que se por acaso, um dos componentes não obtiver êxito em sua informação, os demais manifestam suas competências e executam a tarefa através de procedimentos diferentes, no entanto sem se desviar do objetivo comum que é expor o conhecimento. Apesar de, freqüentemente, o ensino universitário centrar-se na atuação do professor, alguns eventos mostraram que o aluno pode assumir a responsabilidade de mediar a aprendizagem, embora que para isso seja necessária a sentença do educador. A medida que os tópicos são desenvolvidos os atores sociais disseminam conhecimentos e opiniões acerca de experiências, muitas vezes, jamais vivenciadas. Esse manancial de informações se insere no contexto interativo como fator imprescindível na construção do saber, é através dele que os tópicos vão se estendendo e os conceitos começam ser construídos. Nesse universo de conhecimentos partilhados, a interação é concebida como ferramenta essencial para lapidar o discurso, cuja função, situa-se entre o saber ensinar e o saber dizer. |
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Instituição de fomento: CNPq/PIBIC | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Interação; Discurso; Graduação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |