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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia | ||
ANIMAIS ATROPELADOS: PROGRAMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL “VIDA NA ESTRADA”. | ||
Pedro Heber Estevam Ribeiro 1 (biologia@ulbra-to.br), Leandra Lofego Rodrigues 2, Fernando Martins Costa 3, Maria de Souza Aranha Meirelles 4, Janair Pereira da Silva 5, Josué Pereira da Silva 6, Divino Nunes Lopes 7 e Lívia Maira Orlandi Laureto 8 | ||
(1. Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA; 2. Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA; 3. GRUPO REDE - INVESTCO; 4. GRUPO REDE - INVESTCO; 5. Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA; 6. Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA; 7. Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA; 8. Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA) | ||
INTRODUÇÃO:
Este resumo conta a história de um grupo de trabalho multidisciplinar formado por biólogos, jornalistas, assistentes sociais, acadêmicos e agentes comunitários que resolveram estruturar um programa em resposta ao freqüente encontro de animais silvestres atropelados e da possibilidade do aumento destes atropelamentos com a formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado), com sede na cidade de Miracema do Norte – TO, no médio rio Tocantins. O Programa “VIDA na Estrada” foi elaborado e executado nos anos de 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003 pela INVESTCO, concessionária responsável pela implantação da UHE Lajeado. O Projeto foi inédito, não constando de nenhum Plano Básico Ambiental da usina (PBA), mas mobilizou pelo menos três dos 34 existentes: PBA de Fauna Silvestre, PBA de Educação Ambiental e PBA de Divulgação. Durante os anos de sua execução o projeto se empenhou em realizar um levantamento dos principais pontos de atropelamento da fauna silvestre e de realizar uma campanha de sensibilização dos motoristas e dos moradores da área de influência da hidrelétrica sobre o atropelamento de animais silvestres. |
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METODOLOGIA:
De janeiro de 1999 a maio de 2000, um trecho de 60 quilômetros de rodovia entre as cidades de Lajeado e Palmas (TO-010) e um trecho de 64 quilômetros entre as cidades de Palmas e Porto Nacional (TO-050) foram sistematicamente vistoriados para a exata localização geográfica de animais silvestres atropelados objetivando a escolha de locais para a fixação de placas educativas. Uma equipe composta por dois biólogos e um veterinário fazia o registro das coordenadas geográficas de cada atropelamento, a fotografia, o socorro ao animal e, em caso de óbito, o aproveitamento do material para fins didático-científico. Os pontos de atropelamentos foram marcados através de GPS (Global Positioning System) móvel e armazenados no programa ArcView 3.2 (ESRI Redlands, California) Os trabalhos de educação ambiental ocorriam nos postos de fiscalização rodoviária, nos dois pontos de travessia de balsa (Lajado-Miracema e Palmas-Paraíso) e nas escolas dos oito municípios atingidos pela barragem. Foram confeccionados folhetos, cartazes e adesivos para carros que eram distribuídos nas palestras educativas, com o objetivo de disseminar da idéia de que os moradores e motoristas da região devem tomar cuidado no trânsito com a sua família, mas também cuidar das famílias de animais silvestres, percorrendo os trechos advertidos com todo o cuidado possível para evitar os atropelamentos. Este trabalho de sensibilização incluía mostras fotográficas sobre a temática: animais atropelados. |
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RESULTADOS:
A análise espacial dos dados georeferenciados determinaram 14 pontos de maior incidência de atropelamentos de animais silvestres ao longo dos 124 quilômetros de rodovia entre as cidades de Lajeado, Palmas e Porto Nacional. Em todos estes pontos a rodovia intercepta áreas consideradas corredores de fauna (matas ciliares, cursos d’água e vias de acesso), incluindo dois pontos em curva acentuada. Nestes dois pontos onde a rodovia em curva acentuada cruza corredores ecológicos ocorreram 52,57% dos atropelamentos (n=31). Durante o levantamento da fauna atropelada, 59 animais silvestres foram registrados no período avaliado. Destes, nove eram répteis (15,25%), seis aves (10,17%) e 44 mamíferos (74,58%). Entre os mamíferos os mais encontrados foram: tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), macaco prego (Cebus apella), Raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e os quatis (Nasua nasua) foram as maiores vítimas. Os mamíferos jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-palheiro (Oncifelis colocolo) e tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) também foram vítimas de atropelamentos e constam da lista oficial de animais ameaçados na categoria vulneráveis. Os resultados da escolha dos pontos para fixação das placas educativas através da utilização de técnicas de geoprocessamento confirmam que regiões de corredores ecológicos interceptados por estradas e ou rodovias são os maiores causadores de acidentes com animais silvestres e devem ser alvo de cuidados especiais. |
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CONCLUSÕES:
A fixação de placas educativas em locais de maior atropelamento de animais, orientado pelos Departamentos Estaduais de Estradas e Rodagens (DEER’s) e por pesquisa como esta, aliados a sensibilização da população podem reduzir atropelamentos de animais silvestres e formar atores sociais preocupados com cidadania e meio ambiente. Este programa não objetivou avaliar o resultado do trabalho de sensibilização através da análise dos atropelamentos em função da dificuldade do controle de outras variáveis que aumentam ou diminuem o fluxo de pessoas e animais, a exemplo: desmatamento da área do reservatório, queimadas freqüentes e inconstantes, temporada de praia nos rios da região, festejos regionais, grandes comícios durante campanhas políticas etc., o que poderia interferir nos resultados, ou seja, os atropelamentos estariam relacionados ao desmatamento, showmícios, temporadas de férias, queimadas e outros fatores e não ao trabalho de sensibilização. Muitos estudos mostram que é possível minimizar o impacto da construção de estradas e rodovias sobre os animais silvestres através de adoção de medidas de pesquisa e utilização de técnicas que permitam a passagem dos veículos e dos animais sem que estes entrem em choque e provoquem acidentes. Pontes, passarelas, desvios alternativos, redutores de velocidade e placas de sensibilização são algumas das alternativas apontadas por muitos autores para a redução da mortandade de animais silvestres vítimas de atropelamentos. |
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Instituição de fomento: GRUPO REDE - INVESTCO | ||
Palavras-chave: animais atropelados; geoprocessamento; educação ambiental. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |