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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
A FRAGMENTAÇÃO DE FORMAÇÕES FLORESTAIS PROVOCADA PELA CRIAÇÃO DE RESERVATÓRIOS
Leandra Lofego Rodrigues 1 (leandralofego@ulbra-to.br), Carlos Hiroo Saito 2 e Pedro Heber Estevam Ribeiro 1
(1. Coord. de Biologia, Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP/ULBRA; 2. Depto. de Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília - UnB)
INTRODUÇÃO:
É notório que o barramento de rios para a criação de reservatórios de água tem contribuído para a perda de habitat da vida silvestre. Porém, além da perda de habitats por submersão (com ou sem prévio desmatamento) uma outra conseqüência da criação de reservatórios é a fragmentação de habitats, tanto com a formação de ilhas, antes não existentes, quanto das formações florestais que antes eram contínuas nas partes limítrofes com o rio original, mas se tornam fragmentos nas áreas adjascentes ao limite do reservatório.
Atualmente, a política ambiental tem conseguido fazer com que os empreendimentos adotem medidas amortecedoras de diversos danos ambientais, fazendo com que o cumprimento de certos requisitos seja condicionante para a licença de funcionamento do empreendimento. Porém, um dos quesitos mais bem estudados na ecologia e que não tem recebido importância no ato do licenciamento ambiental é a necessidade de buscar soluções para a fragmentação de habitats naturais que se tornam isolados, após a conformação do reservatório.
O objetivo deste trabalho é avaliar a fragmentação de formações florestais após o enchimento de reservatórios, utilizando o geoprocessamento como ferramenta básica e tendo como estudo de caso a Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães (UHE Lajeado), no Tocantins - TO.
METODOLOGIA:
O reservatório da UHE Lajeado foi formado em fevereiro de 2002 no médio rio Tocantins. Possui uma área de 630 Km2, com extensão linear de aproximadamente 180 Km, entre os municípios de Lajeado, onde se localiza a barragem, e a extremidade sul do reservatório, localizada no município de Ipueiras.
A Área Diretamente Afetada e Entorno definida no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da UHE Luis Eduardo Magalhães (THEMAG/INVESTCO, 1996) foi adotada para a presente investigação, pois possui várias informações da área submergida pelo reservatório (área diretamente afetada), e também de uma área circunvizinha ao mesmo (entorno).
Um mapa de vegetação com a indicação de áreas de formações florestais (matas de galeria, florestas paludosas, florestas de encosta e cerradão) foi feito com base no mapa de Uso do Solo e Vegetação elaborado pela THEMAG Engenharia para a área de estudo. O mapa foi atualizado pela interpretação visual da Imagem do Satélite LANDSAT7, sensor TM (Thematic Mapper), datada de 05 de março de 2000.
Utilizando o programa ArcView 3.2 (ESRI) foi realizada uma quantificação do número de fragmentos de formações florestais e da área destes fragmentos em toda a região da ADA e Entornos (denominada de ADAE) antes da formação do reservatório, e na área da ADA e Entornos não submergida pelo reservatório, ou seja, a área remanescente após o fechamento das comportas e o enchimento do reservatório (denominada de ADAE-RES).
RESULTADOS:
Em relação ao número de fragmentos de formações florestais (fragmentos florestais) temos os seguintes resultados: ADAE = 438; ADAE-RES = 796. Em termos da área total de fragmentos florestais foram encontrados os seguintes resultados: ADAE = 849 Km2 e ADAE-RES = 619 Km2. A média da área de um fragmento florestal caiu de 2 Km2 na ADAE para apenas 0,8 Km2 na ADAE-RES. O maior fragmento florestal na ADAE apresentou área de 52 Km2 e o maior fragmento na ADA-RES teve apenas 16 Km2.
Observa-se que o número de fragmentos de formações florestais cresceu cerca de 82% após a formação do lago, porém há uma diminuição em seus tamanhos, observada pela diminuição do valor da média da área dos fragmentos florestais. Estes dados deixam claro que o empreendimento provocou fragmentação desta formação vegetal. Em relação ao somatório das áreas das formações florestais, o padrão não foge do normal, diminuindo seu valor após perda de área (reservatório).
CONCLUSÕES:
A fragmentação de formações florestais em empreendimentos que necessitam da criação de reservatórios através do barramento de rios é um fato que precisa de atenção na hora do manejo ambiental. As áreas florestadas englobam as matas de galeria que são imprescindíveis à manutenção dos cursos de água. Sua fragmentação gera problemas tanto para o rio em si, quanto para as populações de plantas e animais pertencentes a estes tipos vegetacionais. Medidas mitigadoras devem ser propostas para a questão e planejadas desde o momento da elaboração dos Estudos de Impactos Ambientias (EIA) ou do Plano de Controle Ambiental (PCA).
Instituição de fomento: INVESTCO / CEULP-ULBRA
Palavras-chave:  fragmentação; mata de galeria; hidrelétrica.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005