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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
SISTEMA PESSOAL E INTERPESSOAL DE KING E A NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE FORTALEZA - CEARÁ
Priscila David de Lima Damasceno 1 (prizilhinha@yahoo.com.br), Débora Sâmara Guimarães Dantas 1 e Thereza Maria Magalhães Moreira 1
(1. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará, UECE)
INTRODUÇÃO:
Nas tendências epidemiológicas recentes relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis, as doenças cardiovasculares têm se sobressaído por elevados índices e complexidade de controle. Dentre estas, chama a atenção a hipertensão arterial, síndrome de caráter crônico, caracterizada pela presença de níveis elevados de pressão arterial, associados a alterações metabólicas, hormonais e a fenômenos tróficos. Este estudo tem como objetivo descrever o sistema pessoal e interpessoal de pacientes com não adesão ao tratamento da hipertensão arterial, atendidos em uma Unidade Básica de Saúde da Família de Fortaleza-Ceará, no período 2004-2005. Compreendemos um sistema pessoal como sendo um indivíduo em um ambiente, enquanto o sistema interpessoal é formado pelo agrupamento de indivíduos em díades, tríades e pequenos e grandes grupos (KING, 1981). No estudo, tomaremos como sistema interpessoal a díade paciente-membro familiar. Embora haja um forte componente pessoal na adesão ao tratamento, acreditamos que a influência familiar pode ser determinante entre o alcance ou não da adesão terapêutica. Desta forma, o conhecimento das ações familiares positivas para a adesão favoreceria o controle da hipertensão bem como a prevenção de seqüelas e de complicações decorrentes da doença. Tal fato evidencia a relevância do estudo.
METODOLOGIA:
Inicialmente, realizou-se pesquisa em prontuários com a finalidade de detectar os pacientes portadores de hipertensão arterial atendidos em uma Unidade Básica de Saúde da Família de Fortaleza-Ceará. Por questões relacionadas à organização e acessibilidade aos prontuários, optou-se trabalhar com a equipe amarela da referida unidade. Após pesquisa nos prontuários foram realizadas visitas domiciliárias, nas quais foram preenchidos formulários com os pacientes e membros familiares a medida que estes adequavam-se aos critérios de inclusão do estudo que eram a aceitação voluntária de participação na pesquisa, a verbalização de dificuldade no seguimento terapêutico da Hipertensão Arterial, a ausência de cardiopatias associadas e o convívio, na mesma residência, com familiares. Das 68 visitas realizadas, identificamos 12 pacientes e respectivos familiares que se enquadraram nos critérios mencionados. O estudo não implicou em riscos para o universo pesquisado e seguiu as recomendações para pesquisas envolvendo seres humanos quanto aos aspectos ético-legais.
RESULTADOS:
Os resultados trazem dados relativos a 12 sistemas pessoais e suas relações interpessoais. Quanto à classificação de hipertensão arterial obtida pela aferição da pressão arterial durante a visita, três apresentaram hipertensão arterial sistólica isolada, três hipertensão leve, um hipertensão moderada, dois hipertensão severa, um hipertensão limítrofe e dois não se enquadram em nenhum critério. Referente ao estilo de vida, nove dos entrevistados afirmaram adotar uma dieta saudável, oito relataram não beber e não fumar, e sete pessoas apresentaram sedentarismo. Com relação à contribuição das relações interpessoais com seus membros familiares para a melhoria da adesão ao tratamento, onze pacientes afirmaram que a família participa do tratamento, reiterando a importância das relações interpessoais para o equilíbrio pessoal. Referente aos dados familiares, constatamos que a alimentação habitual familiar influencia diretamente a adotada pelo paciente. Dentre os 12 familiares entrevistados, quatro relataram não adotar hábitos alimentares com baixo teor de sódio e gordura, onze acreditam contribuir para a adesão ao tratamento da hipertensão arterial pelos pacientes. Dentre estes, oito afirmaram que as ações de favorecimento por eles desenvolvidas repercutem na adesão ao tratamento pelo paciente.
CONCLUSÕES:
Concluímos que o estilo de vida adotado pelos pacientes com hipertensão arterial enquanto sistemas pessoais abertos e intercomunicantes é diretamente influenciado pelos hábitos familiares por meio de suas relações interpessoais, cabendo à família o incentivo à adoção de uma dieta saudável, prática de exercícios físicos e maior adesão ao tratamento farmacológico e às consultas médicas. Conclui-se ainda ser necessário um trabalho de educação em saúde junto às famílias na tentativa de compensar os déficits de conhecimento a respeito da doença. Tal medida levaria ao fortalecimento das relações interpessoais em apoio aos pacientes com hipertensão arterial em seu seguimento terapêutico, o que é de influência substancial para o alcance das metas de adesão e para a eficácia das medidas preconizadas mundialmente para o controle da doença.
Palavras-chave:  Hipertensão Arterial; Teoria de King; Família.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005