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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional | ||
ESTUDO SOBRE A INCIDÊNCIA E A PREVALÊNCIA DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO NA POPULAÇÃO FEMININA DE POÇOS DE CALDAS - O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA | ||
Lucimara Siqueira Costa Papi 1 (sanreisbr@yahoo.com.br) e Sandra Alvarenga Reis 1 | ||
(1. FISIOTERAPIA - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS POÇOS DE CALDAS PUC) | ||
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO O câncer de colo uterino é uma das principais causas de morte em mulheres do Brasil e do mundo. Pode ser evitado com a implementação de programas que utilizem a oncocitologia convencional, reduzindo em até 80% os casos, quando desenvolvidos com garantia de qualidade, cobertura e seguimento. Observa-se um aumento deste câncer em jovens, provavelmente pela mudança de hábitos de vida e comportamento sexual. No entanto, as lesões que o antecedem têm evolução lenta e pode-se obter uma prevenção efetiva, desde que a população feminina se conscientize da necessidade de realizar o exame Papanicolaou, método eficaz e de baixo custo, à disposição nas unidades públicas de saúde, mas que ainda não consegue atingir resultados satisfatórios. O Programa Nacional Viva Mulher, de Controle ao Câncer do Colo do Útero e de Mama, foi implantado em todo o território nacional pelo Ministério da Saúde em 1998. A estratégia de rastreamento do câncer uterino por meio da citologia oncológica visa o desenvolvimento de ações para diminuir a mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais deste tipo de câncer. Este estudo pretende, por meio da análise dos exames realizados entre 2001 e 2004, evidenciar a importância do fisioterapeuta como integrante da equipe multiprofissional no programa do Ministério da Saúde, como parceiro na orientação às mulheres, visando aumentar a taxa de aderência ao exame ginecológico preventivo anual e efetivar ações de promoção à saúde da mulher. |
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METODOLOGIA:
METODOLOGIA No Município de Poços de Caldas-MG o Programa Viva Mulher é coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde que determina o agendamento e realização do exame citológico para as mulheres nas unidades de saúde próximas à suas residências. Caso sejam identificas displasias ou carcinomas, estas são encaminhadas à Policlínica Central onde são tratadas ou, quando necessário, encaminhadas a um serviço de referência secundário. Para a realização deste trabalho, procedeu-se a coleta dos dados nos arquivos do Programa Viva Mulher e do Programa Saúde da Família, das mulheres com idade acima de 20 anos. No PSF foram aplicados questionários entre os meses de junho e julho de 2004, durante uma campanha de prevenção de colo de útero com mulheres de vida sexual ativa, sem realização do exame Papanicolaou há mais de um ano, incluindo oito bairros do município. A população abrangida pelo PSF totaliza 20.659 pessoas, sendo que deste total 7.708 são mulheres, mas somente 635 compareceram. Foram considerandas as variáveis: data de nascimento; raça; grau de escolaridade; data de início do câncer; profissão; situação conjugal; tabagismo; presença em outra pessoa da família; vida sexual ativa e múltiplos parceiros. Estudou-se os dados dos últimos quatro anos (2001 a 2004), referentes às lesões precursoras do câncer de colo uterino, as lesões de baixo grau (NIC I, HPV, ASCUS) e lesões de alto grau (NIC II, NIC III, CA invasor e ADENOCARCINOMA), relacionando-as com a idade cronológica. |
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RESULTADOS:
RESULTADOS O número médio de citologias oncológicas realizadas no município de Poços de Caldas no período estudado foi 24%, insuficiente em relação ao esperado pela OMS, que preconiza 80%. A idade média das mulheres com lesões precursoras foi 26 anos. Este dado confirma que nesta faixa etária prevalece a lesão de baixo grau, indicando a possibilidade de detecção e tratamento adequado, para prevenir a evolução do quadro. O aumento do número de exames e maior detecção de lesões iniciais podem justificar a maior prevalência nos últimos quatro anos. Houve pouca variação de incidência nas lesões de alto grau. As NIC II se mantiveram e as NIC III apresentaram declínio de 20 casos em 2001, para 11 em 2003 e apenas 7 até setembro de 2004. O carcinoma escamoso invasor obteve um pico maior de incidência no ano de 2002, mantendo-se nos anos subseqüentes. O ASGUS apresentou pico em 2003, com 6 casos, o adenocarcinoma in situ é raro e o adenocarcinoma invasor mantém média de 2 casos/ano. A evolução clínica lenta reforça a necessidade de mobilizar mulheres desde idades precoces e também acima de 40 anos, quando aumenta a incidência das lesões de alto grau, há maior resistência em se submeter ao exame preventivo e ao apresentar algum tipo de sintoma clínico detecta-se a lesão já mais avançada. Entre os exames realizados no PSF não se encontrou lesões de alto grau e nas lesões de baixo grau foi diagnosticado 6 ASCUS, 8 HPV, 6 NIC I. |
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CONCLUSÕES:
CONCLUSÕES O presente trabalho abordou a incidência e prevalência do câncer cérvico uterino, sua prevenção, tratamento e a importância de conscientizar a população e os profissionais de saúde, mantendo-os atualizados e motivados para a atenção à saúde da mulher na prevenção desta alteração. Na implantação do programa há dificuldades como a falta de informação das mulheres sobre o seu próprio corpo, sobre o CCU, a influência familiar, principalmente dos homens, o medo, os tabus e a vergonha de fazer o exame. Ao estabelecer uma equipe capacitada para a realização do exame Papanicolaou e do processo de cuidados, entende-se que o fisioterapeuta tem formação profissional para atuar nesta realidade e alcançar resultados satisfatórios por meio de diferentes estratégias. Deve participar da equipe multiprofissional, sensibilizando a população feminina que não chega espontaneamente a este serviço. Deixando de atuar restrito à clínica, numa postura de espera e visão do tratamento das doenças, buscar um novo enfoque, com engajamento e compromisso de reverter os dados já expostos. Ampliar sua visão de ambiente de trabalho e modificar seu método, permite modificar o paradigma do processo de saúde e doença. Este estudo fornece subsídios para atuação eficiente do profissional, reduzindo a falta de adesão ao exame preventivo anual e a prevalência, revertendo a situação atual e obtendo, desta maneira, significativa melhora na qualidade de vida das mulheres de Poços de Caldas e região. |
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Palavras-chave: qualidade de vida; saúde; paradigma. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |