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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
EFEITO COMPARATIVO DO TIMOL E DA LIDOCAÍNA SOBRE O POTENCIAL DE AÇÃO COMPOSTO EM NERVO CIÁTICO DE RATO
Marcelle Parente Breckenfeld 1 (tchelly@yahoo.com), Luís Moreira Júnior 1, Mirele Carina Holanda de Almeida 1, Antônio Bruno Sampaio Freitas 1, Andrezza Pinheiro Bezerra de Menezes 1, Paulo Roberto de Lavor Porto 1, José Henrique Leal Cardoso 1 e Aline Alice Cavalcante de Albuquerque 1
(1. Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Estadual do Ceará)
INTRODUÇÃO:
O timol e seu isômero carvacrol são constituintes de óleos essenciais de uma grande diversidade de plantas aromáticas pertencentes a várias famílias botânicas em todo o mundo. Algumas plantas, cujo óleo essencial é rico em timol, são muito abundantes no Nordeste do Brasil e muito utilizadas na medicina popular dessa região, como a Lippia grata (Alecrim-serrote), Lippia sidoides (Alecrim-pimenta), Thymus vulgaris (Tomilho) e Origanum vulgare (Orégano). Timol é um composto fenólico derivado do fenilpropano que apresenta propriedades carminativas, anti-espasmódicas, anti-sépticas, expectorantes e anti-inflamatórias, podendo ser utilizado como anestésico e estabilizador do halotano. Estudos recentes demonstram atividade bloqueadora sobre a condução nervosa através da depressão de correntes de Na+ voltagem-dependentes encontradas em gânglios da raiz dorsal de rato. Em preparações isoladas de coração de rato foi verificada uma diminuição da freqüência cardíaca com subseqüente parada dos batimentos cardíacos. Esses efeitos foram atribuídos, pelo menos em parte, à ação anestésica local do timol. Timol e alguns de seus análogos químicos, como eugenol e terpineol tiveram efeito bloqueador comprovado sobre o potencial de ação composto (PAC) em nervo ciático. Neste trabalho, objetivamos a comparação dos efeitos do timol com um anestésico local clássico, a lidocaína, muito utilizado na prática clínica.
METODOLOGIA:
Foram utilizados ratos Wistar pesando entre 200 e 300 gramas. Foi utilizada solução de Locke modificada com a seguinte composição em mM: NaCl: 140, KCl: 5,6; MgCl2: 1,2; CaCl2: 2,2; Tris-Hidroximetil-Aminometano: 10,0; Glicose: 10,0. Timol foi solubilizado em dimetilssulfóxico (DMSO) a 0,02 %. O nervo ciático foi dissecado e acondicionado em solução de Locke modificada (pH=7,39). Em seguida, foi posicionado transversalmente sobre os eletrodos de platina da câmara de Harvard. Um segmento do nervo ciático (20-25 milímetros) esteve submerso na solução, onde estavam diluídas, em uma dada concentração final, timol ou lidocaína. Esta submersão deu-se entre os eletrodos de estímulo e os responsáveis pelo registro. O PAC foi evocado por pulso de onda quadrada, com amplitude de 20 - 40 V, duração de 100 μs a 0,2 Hz. A leitura do PAC foi realizada pela passagem deste nos eletrodos de registro. O sinal foi amplificado por um amplificador com um ganho de 1000 vezes e entrada diferencial de baixa resistência, passando para um osciloscópio (KENWOOD, modelo CS4125) e para uma placa de interface Análogo-Digital (Digidata 1200 A/B), a qual permitiu a transformação, leitura e armazenamento do sinal pelo computador através de um software (AxonScope, da Axon Instruments Inc., Foster City, CA, USA). O protocolo experimental constou de uma fase de estabilização (120 min.), aplicação da dose experimental (180 min.) e recuperação (180 min.).
RESULTADOS:
Ao fim de 180 min de exposição do nervo ao timol ou à lidocaína, respectivamente, a amplitude pico-a-pico foi, para 300 μM, 57,8 + 1,21 % (n=6) e 94,5 + 4,7 % (n=5), para 600 μM, 16,2 + 4,58 % (n=5) e 91,2 + 5,19 % (n=5) do valor controle (7,8 + 0,67 mV (n=11) e 5,8 + 0,37 mV (n=10). Ao fim de 180 min de exposição do nervo ao timol ou à lidocaína, respectivamente, a velocidade de condução foi, para 300 μM, 73,9 + 2,61 % (n=5) e 86,5 + 2,37 % (n=5), para 600 μM, 65,33 + 3,36 % (n=5) e 87,8 + 2,78 % (n=5) do valor controle (95 + 8,54 m/s (n=10) e 85,7 + 3,34 m/s (n=10)). À 300 μM de timol ou lidocaína, a amplitude positiva dos componentes do PAC, ao fim de 180 min foi, respectivamente, para o 1o componente, 60,6 + 2,35 % (n=5) e 150 + 11,79 % (n=5), para o 2o componente, 71 + 4,76 % (n=5) e 39,2 + 13,58 % (n=5) e para o 3o componente, 51,4 + 1,8 % (n=5) e 67 + 11,41 % (n=5), respectivamente do valor controle (3,7 + 0,62 mV (n=10), 1,6 + 0,43 mV (n=5) e 0,8 + 0,5 mV (n=10)). À 300 μM de timol ou lidocaína, a velocidade de condução dos componentes do PAC, ao fim de 180 min foi, respectivamente, para o 1o componente, 80,3 + 7,75 % (n=5) e 81,8 + 2,94 % (n=5), para o 2o componente, 74,5 + 2,5 % (n=5) e 69,7 + 3,47 % (n=5) e para o 3o componente, 70 + 5,5 % (n=5) e 68,3 + 3,19 % (n=5), respectivamente do valor controle (58,9 + 3,5 m/s (n=10), 22,4 + 1,51 m/s (n=10) e 11,4 + 1,06 m/s (n=10)).
CONCLUSÕES:
Os dados mostram que o timol e a lidocaína possuem efeito depressor sobre o potencial de ação composto em nervo ciático de rato embora apresentem um padrão de bloqueio da amplitude pico-a-pico e velocidade de condução do PAC de maneira não similar. O timol exerce efeito depressor mais potente sobre a amplitude positiva dos componentes do PAC que a lidocaína para as mesmas concentrações (300 e 600 μM). Timol e lidocaína exercem efeito bloqueador sobre a velocidade de condução dos componentes do PAC de maneira similar.
Instituição de fomento: FUNCAP e CNPq
Palavras-chave:  timol; lidocaína; potencial de ação composto.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005