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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
SÍNDROME DE DISFUNÇÃO DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS À ADMISSÃO NA UTI
Ana Cecília Santos Martins 1 (weber_ceci@hotmail.com), Francisco Albano de Meneses 1, Luis Lacerda Souza Cruz 1, 2, Alberto Hil Furtado Júnior 1, Carlos Augusto Ramos Feijó 1 e Francisco Olon Leite Júnior 1
(1. UTI do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Faculdade de Medicina - UFC; 2. Departamento de Enfermagem, Faculdade de Enfermagem - UECE)
INTRODUÇÃO:
A Medicina Intensiva tem como uma de suas finalidades o suporte ao paciente crítico, na tentativa de estabilizar suas alterações fisiológicas. A fase evolutiva da patologia na qual o paciente é admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é um dos fatores que influencia no prognóstico. Uma das patologias mais freqüentes é a sepse, que tem como definição a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) associada a um foco infeccioso. Quando esta resposta inflamatória provoca alterações na fisiologia dos órgãos causando disfunções, pode culminar com a Síndrome de Disfunção de Múltiplos Órgãos (SDMO), cuja definição foi estabelecida no Consenso de 1992da Society of Critical Care Medicine. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os pacientes da UTI de um hospital geral de Fortaleza quanto a presença ou não de SDMO e avaliar o prognóstico.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo retrospectivo documental de 50 pacientes admitidos na UTI de um hospital de Fortaleza, no período de setembro a novembro de 2003. Constitui-se por uma UTI geral num hospital com emergências clínica, cirúrgica e obstétrica. Os dados demográficos incluíram sexo, idade e procedência quanto à cidade e o hospital. De acordo com os dados foram caracterizadas cinco disfunções: cardiovascular, respiratória, renal, hematológica e neurológica. A determinação de tais disfunções foi baseada no trabalho Knaus et al (1985), com dados da admissão, para definir se o paciente já chegou ou não com SDMO. Foram determinados o APACHE, o tempo de internação na UTI e a evolução para óbito ou alta. Foram definidos dois grupos: (GI) pacientes sem disfunção de órgãos; (GII) com disfunção de órgãos. Dentro do GII foram identificados os pacientes com SDMO. Não constitui objetivo do trabalho qualquer avaliação terapêutica.
RESULTADOS:
Dos 50 pacientes analisados, 32% foram classificados no GI e 68% no GII. No GII, 18 tinham SDMO. No GI a idade variou de 13 a 86 anos, com 50% do sexo masculino; 75% provinha de Fortaleza, sendo 94% do próprio hospital, dos quais 40,3% foram cirúrgicos. A média do APACHE foi 17,35 (S=6,35). A Permanência variou de 1 a 14 dias, com 75% de alta. No GII, a idade variou de 15 a 89 anos, sendo metade do sexo feminino; a maioria (64,7%) provinha do interior; 50,4% deles já se estavam internados no hospital, sendo a maioria (38,2%) da emergência. A média do APACHE foi 13,5 (S=4,85). A permanência variou de 1 a 48 dias, sendo o obituário de 64,7%. No grupo SDMO, a idade variou de 23 a 88 anos, com 61,1% do sexo masculino e 66,7% do interior. Todos já estavam internados no hospital, com distribuição semelhante entre os setores. O APACHE teve uma média de 18,83 (S=7,41), com uma permanência de 1 a 40 dias e 72,2% de óbito.
CONCLUSÕES:
No grupo SDMO há grande variação de idade, com predomínio masculino e do interior, onde há precariedade no atendimento a pacientes graves. De todos os setores do hospital vêm pacientes com SDMO, significando que o paciente está chegando tarde à UTI. Este grupo apresenta alta mortalidade, demonstrando que não há benefício em colocar na UTI pacientes em estágios avançados de disfunção de órgãos. Medidas devem ser implementadas na enfermaria, emergência e no hospital de origem para que o médico possa prever uma evolução desfavorável que indique a transferência precoce para uma unidade de terapia intensiva. Assim pode-se agir nas fases precoces da instalação da gravidade, na tentativa de melhorar o prognóstico dos pacientes.
Instituição de fomento: Hospital Universitário Walter Cantídio
Palavras-chave:  Disfunção de Múltiplos Órgãos; SDMO; UTI.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005