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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva | ||
USO DE DROGAS E A REDE DE RELACIONAMENTO DO JOVEM DO ENSINO MÉDIO. | ||
Patrícia Moreira Collares 1 (pmcollares@ig.com.br), Fátima Luna Pinheiro Landim 1 e Rafael Barreto de Mesquita 1 | ||
(1. Centro de Ciências da Saúde/ Universidade de Fortaleza/UNIFOR) | ||
INTRODUÇÃO:
As “drogas” existem desde primórdios da civilização. Atualmente, os grupos mais susceptíveis a adesão ao uso de drogas são adolescentes e crianças em fase escolar. Esse uso deve-se a curiosidade, ou por serem facilmente adquiridas nos bairros, portas das escolas e ambientes de lazer. Compreendem-se as crianças e adolescentes como grupos mais susceptíveis às investidas de traficantes, que podem usar a própria rede social do jovem, como mecanismo de acesso ao seu mundo, e artifício de convencimento (OLIVEIRA, 2000; FARIAS, 1997). A variabilidade do meio social do jovem permite escolhas no campo dos relacionamentos sociais externos que falam da ampliação e conexidade de sua rede (BOTT, 1976). Ao tecer a rede do jovem dentro do ambiente familiar e social, abrem-se possibilidades de compreender o perfil do usuário de drogas e prever caminhos pelos quais pode enveredar. Ressalta-se a relevância de dispor, ao termino do estudo, de material rico e consistente, que permita desenvolver hipóteses no campo da educação em saúde voltada para a prevenção do uso de drogas, e a elaboração de propostas educativas voltadas a comunidade investigada. Como objetivo estabeleceu-se: 1) Investigar o significado do uso de drogas para jovens do ensino médio; 2) Identificar os fatores na rede de relacionamento do jovem que contribuem para o uso de drogas; 3) Conhecer o tipo de diálogo existente na família acerca das drogas; 4) Conhecer o tipo de relacionamento dos jovens com vizinhos, amigos e parente. |
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METODOLOGIA:
Estudo exploratório descritivo desenvolvido de Julho/2004 a Março/2005, em uma comunidade da periferia de Fortaleza, Ceará. A opção pela comunidade decorreu do fato de se ter constatado violência e medo imposta pela presença de grupos (gangues) que usam drogas. Na comunidade acessou-se jovens do ensino médio de uma escola da rede municipal. A técnica de coleta de dados usada foi à observação e a entrevista semi-estruturada, sendo aplicadas dentro da escola. Para realidade desse estudo aplicaram-se três entrevistas. Os resultados são preliminares, prevendo-se retorno ao campo, para validar achados e coletar informações complementares dentro da proposta de determinar a configuração da rede social dos jovens. Os dados foram categorizados, seguindo a técnica da análise de conteúdo. São elas: o significado das drogas para os adolescentes; fatores na rede que contribuem para o uso de drogas; conversando sobre as drogas dentro de casa; definindo o relacionamento com vizinhos e parentes. As conclusões e inferências foram feitas à luz do referencial de Bott (1996), e outros autores do campo da sociologia, para guiar visão integrada da realidade estudada. Considerando a menor idade, e em obediência ao estabelecido pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde, critérios éticos foram obedecidos, tendo sido, inclusive, solicitada participação dos jovens, seguida à autorização por escrito dos pais ou responsáveis diretos. |
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RESULTADOS:
Entre os jovens entrevistados a droga é entendida como algo ruim, agente desagregador em sociedade, manifestando-se contra a sua utilização, ao tempo em que evidenciam certo conhecimento acerca do drama vivenciado por quem deseja abandonar o vício. Também as drogas foram referidas tendo significado de “ponto de apoio”, fuga, ou forma de buscar alívio para pressões e conflitos vividos pelos adolescentes. Havendo, ainda, uma relação entre stress nos jovens, os problemas com a família e o uso de drogas. Como fatores influenciadores do uso de drogas, os jovens evidenciaram sofrer com a pressão de sua rede de relacionamentos. Tanto para experimentar pela primeira vez, como para conseguir deixar de usar drogas a pressão do grupo tem grande influencia: “É assim, tem uns que tentam sair, mas por influência dos amigos não saem mais. Eles dizem:“tu é mole, não quer beber”. Aí o cara fica com a cabeça virada . Há também entendimento de que o uso de drogas tem forte relação com a ausência de suportes formais que os permita canalizar expectativas, criatividade e força vital. A respeito de falar sobre drogas em casa as jovens entrevistadas relataram ser uma prática freqüente entre elas e os pais. Quando questionadas sobre o tipo de relacionamentos existentes entre seus familiares, vizinhos e demais parentes, uma jovem declara: “É mais ou menos eles brigam muito com os vizinhos por causa dos filhos. (...). Em relação aos parentes o relacionamento é normal” . |
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CONCLUSÕES:
As drogas significam para as adolescentes entrevistadas um elemento negativo na formação dos jovens, uma vez que age como elemento desagregador em sociedade. Como fator da rede social que contribui para o acesso e o uso de drogas, as informantes destacam a influência dos amigos, conflitos familiares e a ausência de ambientes de lazer, quadras esportivas e cursos formativos. Quanto ao tipo de diálogo existente no ambiente familiar as jovens relataram que seus pais estão sempre alertando sobre os riscos do uso de drogas. Relacionamento “normal” é como a jovem fala da sua forma de relacionar-se com os parentes e “conflituoso” quando reporta-se aos vizinhos. |
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Instituição de fomento: PROBIC-UNIFOR | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Redes Sociais; Uso de drogas na adolescência; Educação em saúde do adolescente. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |