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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 1. Farmacologia Bioquímica e Molecular
EFEITO DA LECTINA DE Andira surinamensis (ASL) NA CISTITE HEMORRÁGICA (CH) INDUZIDA POR IFOSFAMIDA (IFO) EM CAMUNDONGOS
Priscila Pinheiro Silvestre 1 (priscifloresta@yahoo.com.br), Karoline Sabóia Aragão 2, Flávio da Silveira Bitencourt 1, Kyria Santiago do Nascimento 2, Cinthia Montenegro Teixeira 1, Tales Rocha de Moura 2, Marcus Raimundo Vale 1, Benildo Sousa Cavada 2 e Nylane Maria Nunes de Alencar 1
(1. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
Muitas são as evidências que apontam o envolvimento de proteínas ligadoras de carboidratos mediando o reconhecimento celular. Lectinas são (glico) proteínas que por possuírem pelo menos um domínio não catalítico capaz de ligar-se reversivelmente a carboidratos, podem atuar como mediadores do reconhecimento celular em muitos processos biológicos elicitando uma variedade de respostas. O nosso grupo de pesquisa tem demonstrado que, dependendo da via de administração utilizada, as lectinas apresentam atividades pró- ou antiinflamatória (ASSREUY et al, 1997, 1999, 2002, 2003; ALENCAR et al., 1999;2005). A cistite hemorrágica (CH) é uma complicação comum que limita o uso da Ifosfamida (IFO) na terapêutica oncológica. Em trabalhos anteriores demonstramos que a lectina de sementes de Andira surinamensis (ASL) apresentou potente atividade antiinflamatória em modelos de peritonite e edema de pata em ratos. Neste trabalho temos como objetivo investigar possíveis efeitos antiinflamatórios da ASL no modelo de CH induzida por IFO em camundongos.
METODOLOGIA:
Foram utilizados camundongos Swiss (25 - 35g) provenientes do Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia, separados em 5 grupos experimentais (n=8). A CH foi induzida em 4 grupos através da administração de IFO (400 mg/Kg, i.p.) e comparada a um grupo tratado com salina i.p. (controle). Trinta minutos antes, 4 e 8 horas após a injeção da IFO, os quatro grupos foram tratados como a seguir: MESNA (40 mg/Kg, i.p.), ASL (10 mg/Kg, i.v.), sozinha ou em solução com manose (0,1M) e com salina (0,1 mL, i.v.). A CH foi avaliada 12 h após a sua indução, através dos seguintes parâmetros: peso úmido vesical (PUV), permeabilidade vascular vesical (PVV) através da incorporação de azul de Evans (AE) nas bexigas, análise macroscópica (AM) e microscópica (AMC) utilizando os critérios pré-estabelecidos por Gray e cols (1987). Os resultados foram expressos como a média do PUV em g/20 de animal ou a média de AE/g de bexiga ± EPM do número de animais usados ou ainda pela mediana dos escores estabelecidos pelos critérios de Gray (0 -3) para AM e (0 -2) para AMC. As diferenças entre os grupos foram consideradas estatisticamente significantes quando o p < 0,05 (ANOVA - teste de Bonferroni)
RESULTADOS:
A injeção intraperitoneal de IFO (400 mg/Kg), comparada ao grupo controle (C), foi eficiente em induzir uma intensa CH caracterizada pelas seguintes alterações: significativo aumento do PUV de 11 ± 0,6 (C) para 34 ± 2,6 (IFO), e do PVV 24,5 ± 5,1 (C) para 205 ± 12,2 (IFO). Alem disso, significativas diferenças foram observadas nas análises macroscópicas e microscópicas. A mediana dos escores da AM foi de zero no grupo controle e 3 no grupo tratado somente com IFO, na AMC a mediana dos escores foi de zero e 2 nos grupos controle e IFO, respectivamente. O tratamento endovenoso com ASL reduziu de forma significativa e semelhante ao MESNA (usado clinicamente no tratamento de pacientes com CH), os eventos inflamatórios da CH induzida por IFO. ASL e MESNA reduziram em 35% e 49%, respectivamente, o PUV (ASL = 22 ± 1,4) e MESNA (17 ± 2,9) e em 67% e 57%, respectivamente a PVV (ASL=67,9 ± 8; MESNA = 88 ± 7,1). O efeito da ASL em reduzir o PUV foi revertido em 60%, quando esta foi administrada associada a seu açúcar específico, a manose.
CONCLUSÕES:
A ASL inibiu de forma semelhante ao MESNA os eventos inflamatórios da CH induzida por IFO. A reversão do efeito da ASL pelo bloqueio de seus domínios lectínicos pela manose, sugere um possível envolvimento deste açúcar neste processo inflamatório. Estudos complementares deverão ser realizados no sentido de avaliar o mecanismo de ação da lectina bem como estabelecer se este efeito é dose dependente.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Lectina; Cistite Hemorrágica; Atividade Antiinflamatória.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005