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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
AVALIAÇÃO MERCANTIL DOS CONSÓRCIOS AGROECOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE CHORÓ NO ANO DE 2004.
André Lima Sousa 1 (andrels7@yahoo.com.br), André Vasconcelos Ferreira 2 e Aécio Alves Oliveira 1
(1. Depto. de Economia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Depto. de Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa foi realizada entre março de 2004 e fevereiro de 2005, tendo como base agricultores e agricultoras que participaram do primeiro ano da experiência dos consórcios agroecológicos do município do Choró, Sertão Central do Ceará, sob a orientação da Ong Esplar - Centro de Pesquisa e Assessoria. Uma agricultura que não use, de forma predatória, os recursos naturais e nem modifique, de forma tão agressiva, o meio ambiente, são dois dos principais objetivos da agroecologia, num novo paradigma de desenvolvimento rural. O problema do elevado custo de energia externa necessária à produção tradicional, além do uso crescente de insumos químicos, poluição por agrotóxicos, desertificação, perda da biodiversidade, aprofundamento da concentração de capital na mão de grandes produtores, são algumas das conseqüência da revolução verde. O objetivo, é demonstrar se há uma composição ótima para os consórcios a partir da observação da produção obtida em cada Unidade Produtiva, assim como trabalhar a relação entre as variáveis; como a composição dos consórcios, os insumos utilizados, o uso ou não de defensivos ecológicos, preparo da terra, a topografia e os tipos de solo; e seus impactos sobre a produtividade do consórcio. A relevância desta pesquisa reside na importância de estudarmos os impactos de tecnologias alternativas de baixo custo, que interajam com a natureza de forma sustentável e que contribua para o equilíbrio ambiental.
METODOLOGIA:
A metodologia foi composta de métodos de origem quantitativa, com a aplicação de questionários numa amostra de 19 agricultores e agricultoras, de um universo de 39 produtores/as agroecológicos daquele município. A aplicação dos questionários se deu no mês de abril de 2004. A escolha dos sujeitos da pesquisa foi feita de acordo com os seguintes critérios: composição dos consórcios escolhidos, freqüência de participação nas reuniões de acompanhamento e facilidade em fornecer as informações necessárias. A partir da aplicação desses questionários e da tabulação das informações, obtivemos o material necessário para um estudo descritivo, através das relações entre as variáveis. Os atrativos financeiros obtidos através do Valor Bruto da Produção foram calculados através da produção de cada cultura, multiplicada pelo valor de mercado do quilo do bem, obtido juntamente ao sindicato de agricultores e agricultoras do município.
RESULTADOS:
Os resultados da pesquisa devem ser relativisados, tendo em vista, este ser o primeiro ano da transição agroecológica no município. De acordo com o cálculo do Valor Bruto da Produção (VBP), podemos observar que as unidades produtivas agroecológicas poderão apresentar viabilidade econômica no território estudado. O agricultor com maior o maior VBP, apresentou R$1.154 em 1 hectare consorciado de retorno; plantou quatro variedades de cultura (algodão, feijão, milho e gergelim), além disso, foi o que mais aplicou as técnicas de conservação de solo e defensivos ecológicos em seu terreno. A agricultora que obteve menores retornos financeiros, apesar de ter aplicado as mesmas técnicas do agricultor com maior VBP, apresentou apenas um retorno na ordem de R$184,4; estes são os dois extremos da pesquisa. Há ainda, produtores/as intermediários que aplicaram várias composições de técnicas distintas. Um dado importante é a data do plantio: no ano de 2004, quem plantou no início do ano obteve melhores resultados. Esta regra se aplica para quase todos, com exessão apenas da produtora que obteve o menos VBP, a segunda a plantar. No que diz respeito à mão-de-obra adotada, o agricultor com maior VBP foi o que empregou maior somatória de tempo de mão-de-obra em seu hectare, 80 dias/homem. Enquanto a média foi de 56/dias homem.
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos foram satisfatórios, em todos os casos estudados, os custos da produção foram inferiores aos retornos financeiros obtidos, dada a elevada obtenção de insumos dentro da Unidade Produtiva. Tendo em vista ainda que esta pesquisa ter se dado no primeiro ano da experiência no município, oficinas com os agricultores/as constataram que a adoção das técnicas baseadas na agroecologia trouxeram resultados positivos, apesar de demandar um maior esforço em termos de mão-de-obra. As conclusões tomadas para explicar as diferenças na produtividade dos agricultores foram: a não aplicação de algumas técnicas, em especial, as de conservação de solo e retenção de umidade, a qualidade na aplicação destas técnicas e a data do plantio. Há, ainda, ganhos não calculáveis como a preservação do solo, a não utilização de veneno na lavoura evitando poluição com veneno, a diversificação produtiva, através do consórcio, que evita perdas totais em caso de praga em uma cultura, além de uma maior interação social entre os e as produtores/as. O retorno financeiro, incentivado pela redução de insumos externos deve ser ponderado com maior necessidade de mão-de-obra com o emprego das técnicas agroecológicas.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Agricultura familiar; Agroecologia; Economia agrícola.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005