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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 10. Odontologia
INIBIÇÃO DA ADESÃO BACTERIANA À PELÍCULA ADQUIRIDA DO ESMALTE ATRAVÉS DA LECTINA DE SEMENTES DE Canavalia brasiliensis
Tales Rocha de Moura 1 (talesrm@gmail.com), Victor Alves Carneiro 1, Marcelo Henrique Napimoga 2, Edson Holanda Teixeira 3, Vicente de Paulo Teixeira Pinto 3, Emmanuel Silva Marinho 1, Jorge Luiz Martins 4, Luciana Magalhães Melo 1, Radis Gandhi Baptista 1 e Benildo Sousa Cavada 1
(1. Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Depto. de Diagnóstico Oral, Universidade de Campinas - UNICAMP; 3. Depto de Farmacologia e Fisiologia, Universidade Federal do Ceará (Sobral) - UFC; 4. Depto. de Química Analítica, Universidade Federal de Pelotas - UFPel)
INTRODUÇÃO:
A cárie dental e a doença periodontal são os principais indicativos que determinam o estado fisiopatológico da cavidade bucal de um ser humano. Um dos fatores etiológicos mais importantes da cárie são os microrganismos de origem bacteriana que formam um biofilme patogênico que se adere à superfície dental, de modo a produzir ácidos e produtos citotóxicos, que levam a desmineralização do esmalte dental e/ou inflamação gengival, respectivamente. Os microrganismos não se prendem diretamente a superfície mineralizada do dente, visto que os dentes são revestidos por uma película protéica acelular denominada película adquirida do esmalte, constituída de glicoproteínas salivares, fosfoproteínas e, em menor extensão, os componentes do fluido gengival. As bactérias interagem com a película adquirida através de uma série de mecanismos específicos, dentre eles a interação do tipo lectina, envolvendo as adesinas localizadas na superfície bacteriana e os receptores da película.
O objetivo do trabalho foi verificar a possível ligação da lectina de sementes de Canavalia brasiliensis associada com isotiocianato de fluoresceína (FITC), às glicoproteínas salivares presentes na película adquirida do esmalte utilizando-se película experimental produzida em pérolas de hidroxiapatita e verificar a interferência da lectina de sementes de Canavalia brasiliensis sobre a colonização de cinco cepas bacterianas importantes no processo carioso.
METODOLOGIA:
O ensaio de marcação da lectina com FITC baseou-se na mistura de alíquotas de 2mg da proteína acrescida do monossacarídeo inibidor (0,1M), utilizado para uma prévia proteção do sítio de ligação a carboidrato, com 500µL de solução de FITC (20mg/mL) dissolvidos em 2mL de solução de conjugação ao abrigo de luz, seguido de cromatografia de exclusão molecular em coluna PD-10 utilizada para separar o FITC não conjugado da proteína/FITC. Para a formação da película adquirida (PAE) o método utilizado foi a mistura de 125mL saliva clarificada com 5mg de pérolas de HA, deixadas em agitação constante por 1 hora e lavadas com tampão fosfato para retirada do excesso de saliva. Para o ensaio de marcação da PAE foi adicionado 1ml da solução de lectina/FITC (100mg/mL) com 5mg de pérolas de HA já tratadas com saliva e colocadas sob agitação, em seguida observadas ao microscópio de fluorescência. Para a reversão dos efeitos foi utilizada uma solução de lectina (100mg/mL) conjugada com açúcar específico. Por fim, a metodologia testada “in vitro” para a inibição da adesão bacteriana consistiu na formação de uma película de saliva em poços estéreis de placas de ELISA tratada com uma solução da lectina de Canavalia brasiliensis e em seguida adicionadas amostras dos microrganismos. A adesão das bactérias foi quantificada segundo a metodologia descrita por O’toole G.A. e Kolter, R. em 1998, que consiste numa coloração de cristal de violeta 1%, seguido da leitura no espectrofotômetro à 575nm.
RESULTADOS:
Verificou-se que a lectina de Canavalia brasiliesis foi capaz de se ligar a PAE de forma irregular sendo alguns pontos mais evidenciados que outros. A reversão foi conseguida através da pré-incubação da lectina com seu açúcar específico (manose) que se mostra semelhante ao controle negativo. O controle foi monitorado utilizando apenas solução de FITC. Percebeu-se também que a lectina foi capaz de inibir a adesão bacteriana à PAE. A inibição foi mais expressiva em Streptococcus sobrinus e Streptococcus mutans, chegando a inibir a adesão quase que totalmente. Enquanto que em Streptococcus mitis, S. oralis e S. sanguis tiveram uma inibição estatisticamente significativa. Todas as leituras, inibição e reversão da adesão foram comparadas com controles: solução de BSA (Albumina Sérica Bovina) e solução salina. Para a reversão dos efeitos foi utilizada uma solução de lectina (100mg/ml) conjugada com açúcar específico, manose-0,1M, mantidos previamente em estufa a 37ºC por 30 minutos.
CONCLUSÕES:
Observamos nesse estudo que a lectina isolada de sementes de Canavalia brasiliensis foi capaz de se ligar à película adquirida do esmalte e inibir significativamente a adesão de cinco cepas bacterianas importantes no processo de formação do biofilme dental, provavelmente por competir com lectinas bacterianas importantes no processo de colonização inicial da película e que esse efeito foi revertido quando o sítio de ligação da lectina foi previamente ocupado com seu açúcar específico.
Instituição de fomento: CNPq, CAPES e FUNCAP
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Canavalia brasiliensis; adesão bacteriana; película adquirida.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005