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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
MAPEAMENTO DA TRILHA DA CACHOEIRA DO FRADE (UBAJARA/CE): UM RECURSO PARA ORIENTAR A VISITAÇÃO E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Daniela Gaspar Garcia de Matos 1 (danielagaspar@yahoo.com.br), Denise Maria Azevedo Ursulino 2, Marta Celina Linhares Sales 1 e José Gerardo Beserra Oliveira 1
(1. PRODEMA - Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Curso de Saneamento Ambiental - Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC)
INTRODUÇÃO:
A região da Serra da Ibiapaba/CE foi definida pela EMBRATUR e pelo Instituto de Ecoturismo do Brasil – IEB, como um dos Pólos de grande potencial Ecoturístico do país, tendo a região, atraído a cada dia, um número maior de visitantes.
É na cidade de Ubajara/CE que se encontra um dos principais atrativos turísticos da região - o Parque Nacional de Ubajara (PNU) – sendo por este motivo, a cidade procurada, com freqüência, por pessoas com gosto pela aventura, esportes radicais e contato direto com a natureza, atividades estas, que não se restringem ao PNU, tendo em vista a grande beleza cênica do município, que conta com diversas cachoeiras, trilhas e formações rochosas relevantes. Parte desses monumentos naturais encontra-se desprovida de planejamento e orientação do uso, como é o caso da cachoeira do Frade.
Para que o Ecoturismo se realize de forma sustentável, é preciso conhecer os atrativos naturais, bem como reconhecer seus limites em relação ao uso público, para que se possa então efetuar o plano de uso da área de interesse, evitando que as atividades ecoturísticas destruam as suas bases de existência, ou seja, um ambiente preservado.
Neste contexto, objetiva-se realizar o mapeamento da trilha que leva a Cachoeira do Frade, um ponto ecoturístico que merece destaque e que é utilizado pela Prefeitura local, como um “chamariz” de visitantes estando, porém, o mesmo, carente de sinalização e orientação adequada, voltada para a atividade turística.
METODOLOGIA:
O levantamento dos dados em campo, foi realizado por posicionamento GPS e segundo a metodologia sugerida por (MITRAUD, 2003), utilizando-se trena, clinômetro, bússola e altímetro. A seleção dos pontos de interpretação ambiental e o padrão de sinalização para trilhas autoguiadas, foram realizados segundo a metodologia descrita pelo mesmo autor.
As coordenadas geográficas foram plotadas na carta topográfica do município de Ubajara, atualizada pelo IPLANCE em 1998; sendo o software utilizado para a implementação do projeto cartográfico, bem como para a montagem do croqui da trilha, o AutoCad 2000.
Foram avaliados indicadores qualitativos de preservação da trilha, segundo (MAGRO, 1999), bem como o grau de dificuldade para cumprir o percurso da mesma. Realizou-se registro fotográficos de todas as etapas da pesquisa.
RESULTADOS:
Distante 27km da sede do município de Ubajara, a Trilha da Cachoeira do Frade localiza-se no Distrito de Jaburuna, com extensão total de 1755 metros.
O percurso da trilha, propicia visão privilegiada do ecossistema local a partir de dois mirantes, além de duas paradas para banho, antes do salto principal, o qual tem aproximadamente 16m.
Registrou-se a presença de indicadores de impactos antrópicos, como lixo, inscrições em rochas e árvores além de bifurcações no leito da trilha, sem destinos específicos. Observou-se também a presença de trechos muito erodidos, em função do tipo de solo, declividade e falta de planejamento no sistema de escoamento superficial da água.
Boa parte dos atrativos da trilha, pode ser apreciado pela maioria das pessoas, não exigindo atributos físicos especiais ou maiores cuidados com segurança, no entanto, a partir da base 107, início da descida para a cachoeira, o trecho torna-se perigoso e de difícil acesso, onde o visitante deve ultrapassar, no mínimo, dois pontos críticos, com declividades acentuadas, entre 120-150%, utilizando-se apenas de um cipó como forma de apoio no primeiro ponto e raízes expostas e soltas no segundo.
Após a coleta de dados em campo, elaborou-se um folder, com o croqui da trilha, destacando-se locais próprios para banho, indicação de trechos perigosos e mirantes, além de apresentar dicas de comportamento de mínimo impacto em áreas naturais. Foram elaborados também modelos de placas indicativas a serem cravadas na trilha.
CONCLUSÕES:
Com a realização do presente estudo, foi possível verificar que a falta de sinalização e estrutura adequada, bem como a falta de aviso prévio quanto às dificuldades encontradas durante o percurso, geram frustrações em visitantes cautelosos que não conseguem completar o percurso até a Cachoeira do Frade e põem em risco a vida dos visitantes mais afoitos que se entregam aos desafios dos obstáculos naturais.
A presença de impactos antrópicos, como lixo, inscrições em rochas e árvores, resquícios de fogo e bifurcações da trilha que levam a lugar algum denotam a necessidade de criação de programas de sensibilização quanto às questões ambientais, voltados para o visitante e para a população local, os quais extrapolem os limites do Parque Nacional de Ubajara.
E por fim, conclui-se ser imprescindível um programa de manutenção e manejo da trilha, que preveja a sinalização da mesma, o melhoramento do escoamento da água nos períodos chuvosos, minimizando a erosão do solo e a realização de obras em pontos críticos, visando a segurança do visitante.
Palavras-chave:  Impactos Ambientais; Ecoturismo; Trilhas.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005