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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
PULMÃO UNICAMERAL (SIMPLES) versus PULMÃO MULTICAMERAL (COMPLEXO): UMA ANÁLISE ESTEREOLÓGICA
Rosângela Aguiar Costa 1 (rosangelaagcosta@yahoo.com.br) e Oscar Tadeu Ferreira da Costa 1
(1. Departamento de Morfologia, Universidade Federal do Amazonas - UFAM)
INTRODUÇÃO:
Está implícita, no estudo de evolução da estrutura pulmonar, a aceitação de que diferentes tipos de pulmão podem ser identificados e que um tipo pode transformar-se em outro em resposta a diferentes demandas fisiológicas (Perry, 1983). Os pulmões de mamíferos são do tipo bronco-alveolar. Já nos répteis, a estrutura pulmonar varia desde uma forma mais simples (unicameral) que é encontrada em várias famílias de lagartos, até uma mais complexa (multicameral) apresentada por crocodilianos, varanídeos e quelônios. A diferença entre os dois tipos está no grau de compartimentalização do parênquima. Este estudo teve como objetivo fazer uma descrição morfológica e quantitativa dos pulmões de répteis amazônicos, pois esse tipo de descrição ainda é muito escassa, ou até inexistente. Para tal foi utilizada técnica estereológica que é um ramo da anatomia quantitativa que possibilita a inferência estatística de parâmetros geométricos (3-D) a partir de informações amostradas espacialmente (2-D).
METODOLOGIA:
Um exemplar de Podocnemis unifilis Troschel, 1848 (Testudines, Pelomedusidae) e um de Kentropyx sp. (Squamata: Teiidae) de massas iguais a 0,043kg e 0,011kg, respectivamente, foram anestesiados e seus pulmões fixados em solução de Glutaraldeído 2,5% diluída em tampão fosfato de sódio a 0,1M em pH7,3 por 24 horas em baixa temperatura. Em seguida, os pulmões foram desidratados em etanol, impregnados e inclusos em parafina, usando as técnicas tradicionais de histologia, para que fossem obtidas de 5 a 8 seções transversais ao maior eixo do órgão. Posteriormente, as seções foram coradas com H-E. O volume das estruturas pulmonares foi obtido a partir de contagem de eventos projetados sobre as seções, utilizando um microscópio e aplicando o princípio de Cavalieri (Gundersen & Jensen, 1987).
RESULTADOS:
Para o tracajá, o volume pulmonar total foi estimado em 23,715cm3/kg, e para o lagarto em 17,3575cm3/Kg. Desses, 49,14%, 48,28% e 2,57% correspondem ao valor encontrado para o lúmen central, parênquima e brônquio pulmonar em tracajá, e 52,66%, 45,90% e 1,43% dos mesmos componentes acima citados referentes ao lagarto.
CONCLUSÕES:
A complexidade do pulmão do tracajá não afirma que apresente maior quantidade de sítios para as trocas gasosas, pois o parênquima do pulmão unicameral compensa o declínio em complexidade estrutural com um aumento da área superficial efetiva para troca gasosa. Os dados do presente estudo corroboram, parcialmente, com os de trabalhos anteriores. As diferenças encontradas em nosso trabalho podem ser explicadas pelos números de representantes e seções utilizados. Esses dados encontrados podem ser aproveitados por futuros estudos sobre área superficial, os quais são importantes para entendermos sobre a capacidade respiratória do parênquima pulmonar e assim, posteriormente, serem utilizados para realização de programas de manejo.
Palavras-chave:  répteis; pulmão; estereologia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005