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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
AVALIAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS DE DIÁSPOROS DE CAJAZEIRA (Spondias mombin L.)
Leandro Monteiro da Silva 1 (lmonteirosilva@uol.com.br), Renato Mendes Guimarães 2, João Almir Oliveira 2 e Tanismare T. de A. Silva 2
(1. Depto. de Fitotecnia, Universidade Federal do Ceará - UFC, Fortaleza/CE; 2. Depto. de Agricultura, Universidade Federal de Lavras - UFLA, Lavras/MG)
INTRODUÇÃO:
No Nordeste brasileiro, a utilização inadequada dos ecossistemas, principalmente do semi-árido, pode ter como conseqüência a perda da variabilidade genética de muitas espécies. Nesse contexto, várias são as árvores frutíferas com elevado potencial sócio-econômico que estão sob risco, destacando-se, dentre as mais importantes, a cajazeira (Spondias mombin L.). Por sua excelente adaptação às condições agroecológicas da região e a crescente demanda por seus frutos para consumo “in natura” e, principalmente, para a agroindústria, a cajazeira desponta como uma das frutíferas mais promissoras para o cultivo em escala comercial. Campbell & Sauls (1994) relatam que a grande variação nas características dos frutos e da planta quanto à produtividade e taxa de crescimento é um fator limitante à exploração da espécie. Além disso, os próprios métodos de propagação não favorecem o cultivo em larga escala. Por isso, torna-se necessário avançar em pesquisas que estudem todas as etapas do sistema de cultivo para a produção comercial dessa fruteira. Para tanto faz-se necessária a sua domesticação, a qual é bastante dificultada devido a problemas de propagação, visto que suas sementes estão envoltas por um endocarpo rígido e de constituição lenhosa e apresentam uma dormência acentuada. Esta pesquisa teve como objetivo estudar alguns aspectos morfofisiológicos das estruturas que compõem o diásporo de cajazeira, visando obter fundamentos que auxiliem o processo de germinação da espécie.
METODOLOGIA:
Os testes foram realizados no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Agricultura da UFLA. Foram efetuadas as determinações do número de lóculos e de sementes por diásporo, curva de embebição, teste de tetrazólio e teste de raios X. Para a contagem dos lóculos e sementes, cada diásporo foi serrado transversalmente e após a análise visual, foi calculada a porcentagem média de lóculos e de sementes por diásporo. A curva de embebição das sementes foi determinada de duas maneiras: a) utilizando os diásporos intactos; b) retirando o mesocarpo interno. Após 2, 4, 6, 8, 24, 30, 144 e 216 horas para os diásporos intactos e 2, 4, 6, 8, 10, 12, 24, 48, 72, 120, 168, 216 e 264 horas de embebição para os diásporos sem o mesocarpo interno, os mesmos foram pesados em balança analítica digital com precisão de 0,1mg. Para o teste de tetrazólio, os diásporos foram colocados em caixas “tipo gerbox” envoltas em papel alumínio contendo solução de 2,3,5 trifenil cloreto de tetrazólio nas concentrações de 0,25%, 0,5% e 1% por períodos de 12 e 24 horas, e acondicionados em câmara de germinação tipo BOD a 30ºC. Na avaliação considerou-se o percentual de sementes que adquiriram coloração avermelhada como viáveis. Para o teste de raios X, diásporos foram expostos às intensidades de radiação de 45, 50, 55 e 60 Kvp, durante 15, 20, 25 e 30 segundos. Utilizou-se o equipamento Faxitron HP, modelo 43855AX. Os diásporos que apresentaram melhor radioluminescência foram postos para germinar.
RESULTADOS:
Pela observação dos diásporos submetidos aos cortes transversais pôde-se verificar que 89% deles tinham cinco lóculos. O número de sementes por diásporo variou de zero a cinco, sendo que 8,4% dos diásporos não continham sementes, 32,1% com uma semente, 31,8% com duas, 16,6% com três, 9,2% com quatro e 1,9% com cinco sementes. Na curva de embebição, para os diásporos sem o mesocarpo interno ocorreu uma rápida entrada de água nas primeiras duas horas de embebição, com 41% em ganho de umidade, caracterizando a fase I, com diminuição da absorção de água a partir desse período, iniciando a fase 2 do processo germinativo. Entretanto, para os diásporos intactos, notou-se um crescente aumento em ganho de umidade, devido à presença do mesocarpo interno. No teste de tetrazólio, observou-se que a coloração característica de tecidos vivos foi melhor identificada com a concentração de 0,5% no tempo de 24 horas. O teste de raios X apresentou a intensidade de 60 Kvp no tempo de 30 segundos como a melhor regulagem do aparelho para permitir uma nítida observação das estruturas internas do diásporo. Identifica-se a presença ou ausência das sementes, porém, não se pode inferir sobre o estágio de desenvolvimento do embrião. Dos diásporos que foram colocados para germinar, apenas dois germinaram. Apesar da baixa germinação, constatou-se que as sementes germinadas apresentavam, na radiografia, radioluminescência característica de tecidos viáveis.
CONCLUSÕES:
As estruturas que compõem o diásporo da cajazeira, tais como o mesocarpo interno e o endocarpo, que envolvem as sementes, não são impermeáveis à água. O número de lóculos e sementes que pode conter um diásporo de cajazeira varia de zero a cinco. A utilização da concentração de solução de tetrazólio a 0,5% por um período de 24 horas a temperatura de 30ºC permite avaliar a viabilidade das sementes de cajazeira pelo teste de tetrazólio. A intensidade de radiação de 60 Kvp no tempo de exposição aos raios-x de 30 segundos permite a visualização nítida das estruturas internas do diásporo de cajazeira.
Instituição de fomento: Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Palavras-chave:  cajazeira; frutífera; diásporo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005