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G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 4. Políticas Públicas | ||
A MOBILIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL NAS AGÊNCIAS DA CIDADANIA EM FORTALEZA. | ||
Adeive Derquian de Oliveira Santos 1 (derquian@ig.com.br) | ||
(1. Centro de Humanidades, Universidade Estadual do Ceará-UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa aqui exposta centra-se na análise das Políticas Públicas de Inclusão Social. Como temática central tem-se inclusão à cidadania, que constitui na tentativa de discutir a função dos agentes de cidadania referente à integração a vida comunitária e ao mercado de trabalho como mediadores do processo de inclusão à cidadania das famílias da periferia de Fortaleza. A partir isto, tento compreender quais as relações imbricadas, dentro deste foco de análise e sua contribuição dentro da pesquisa sociológica. A importância da pesquisa está no fato de tentar abordar a problemática da inclusão social à cidadania em Fortaleza, utilizando como pano de fundo a teoria de Pierre Bourdieu sobre o capital social. A questão central que orienta este estudo é compreender de que forma as Agências da Cidadania mobilizam o capital social na implantação de Políticas Públicas que visam o melhor atendimento e participação das famílias de baixa renda de Fortaleza. Será objeto de estudo a Agência da Cidadania localizado no Bairro Demócrito Rocha, sendo analisado o período em que a agência foi instalada no bairro, cuja atividade iniciou-se em 2001 até o ano 2003. Esta investigação tem por objetivo: Entender como as atividades realizadas pelos agentes de cidadania provocam em termos de inculcação de novas disposições do habitus, sobretudo as percepções de cidadania presentes nessas atividades? |
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METODOLOGIA:
Utilizo como categoria de análise as noções de habitus e capital social (BOURDIEU). A importância de Pierre Bourdieu é devido ao seu referencial de análise da dinâmica social que se coloca num plano de compreensão de uma realidade entendida como espaço social dividido em diferentes campos, dinâmica, historicamente situada e interpretada. Nesse sentido, a história é uma cumplicidade de relações dialeticamente construída entre estruturas e indivíduos. Para reconstruir a gênese do processo, busquei documentos ricos em dados da Agência da Cidadania (atas, diagnósticos dos bairros, perfil de moradores atendidos, planos e relatórios), bem como notícias relacionadas às Agências no jornal local: O Povo e o Diário do Nordeste. Foram organizadas entrevistas gravadas e transcritas com representantes da Fundação da Criança e da Família Cidadã(FUNCI) e com os agentes de cidadania. Também apliquei questionários com representantes das associações de moradores. Para identificar as bases materiais e de gestão, analisei documentos de orientação mandados de recomendação da FUNCI para os agentes e verifiquei os convênios estabelecidos com instituições governamentais e não-governamentais, como: a Fundação da Família e da Família Cidadã-FUNCI, Secretaria Municipal de Assistência Social-SEMA, Juizado Especial de Fortaleza, Associação dos Moradores do Bairro Demócrito Rocha, Conselho Municipal de Assistência Social-CMAS. |
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RESULTADOS:
Na questão dos resultados da pesquisa foram entrevistadas cinco pessoas que perfazem o perfil de atendimento das Agências, ou seja, do público atendido 75% é de mulheres que possuem entre 25 e 40 anos (43,7%), mais de 60% delas tem somente o ensino fundamental ou alfabetizada e mais da metade ganha até 1(um) salário mínimo e mais de 35% delas são desempregadas. Portanto, através deste perfil realizei as entrevistas aprofundadas com elas e pode detectar o retrato da exclusão social em Fortaleza. Com os debates aprofundamos questões de seu cotidiano: o seu sofrimento de, às vezes, pedir comida nos vizinhos ou então, trabalhar muito e não receber dinheiro suficiente, baixa estima entre outros problemas. Entretanto, nessas mesmas entrevistas tive a oportunidade de ver como elas estavam participando dos encontros com os agentes e notei que a forças de vontade -dessas mulheres- estava direcionado a proporcionar novas experiências de vida e aprendizado de novos valores para assim, serem cidadãs ativas. Foram entrevistados os dois agentes que trabalhavam no Bairro e pude notar que seu papel era de potencializar e tentar ao seu modo desenvolver o interesse da comunidade a questões cidadãs, ou seja, construir um novo habitus promotor de um adensamento coletivo derivando, assim, um organismo popular, ansioso para aglutinar formulação de propostas de políticas públicas com o poder público para com isso, se ter o capital social. |
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CONCLUSÕES:
Durante a pesquisa observei que os agentes de cidadania dispõem de práticas sociais importantes para a formação de inculcação de valores de cidadania. A formação, a construção de um novo habitus se dá na prática, através da experiência que perpassa todos os sentidos de percepção do sujeito objetivante: a mente, os desejos, as emoções. Não se aprende apenas recebendo informações, mas pela incorporação de valores novos os quais, modificam o ser, o agir, as relações, os hábitos. Apreende-se na relação nas práticas solidárias em que os atores sociais estão em permanente aprendizado dependendo do grau de potencialização resultante do processo instaurado pelas práticas. Portanto, é um processo de um continuo aprendizado. Pois, aprende-se pelas práticas. Aprende-se na relação com o outro, com o diferente, porque a construção do saber é sempre um ato produzido socialmente na complexidade das relações humanas. E, nesse sentido, a cidadania é um compromisso que implica em reconhecer a humanidade como grupo social essencial e considerar as relações humanas como relações de reciprocidade. As práticas pesquisadas dos agentes de cidadania trouxeram indicadores suficientes que valorizam as possibilidades de construção e produção de cidadania. Os objetivos dessas práticas - estímulo da auto-estima, consciência dos diretos, criatividade na superação dos problemas, etc - constituem em resistência da crescente exclusão e ampliação da cidadania e das políticas públicas. |
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Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP. | ||
Palavras-chave: CAPITAL SOCIAL; ASSOCIATIVISMO; CIDADANIA. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |