IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
A AGRICULTURA FAMILIAR, SUA SOBREVIVÊNCIA E TRANSFORMAÇÕES EM NATUBA - VITÓRIA DE SANTO ANTÃO / PE
Manuel Correia de Andrade 1 (manoel.candrade@terra.com.br), Carolina de Albuquerque Melo 2, Roberto de Albuquerque Melo 3, João Correia de Andrade 4 e Maria Cecília de Deus Cysneiros 4
(1. Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais - MGPA/UFPE; 2. Programa de Pós-Graduação em Gestão e Políticas Ambientais - MGPA/UFPE; 3. Programa de Pós-Graduação em Agronomia - UFRPE; 4. Departamento de Ciências Geográficas - UFPE)
INTRODUÇÃO:
Como todo país subdesenvolvido, o Brasil recorre a práticas agrícolas muito tradicionais, não manejando adequadamente o solo, além de possuir pouquíssimos recursos financeiros, resultando em graves conseqüências socioambientais, somados às ações de causas naturais, como laterização, lixiviação, erosão, dentre outros. A comunidade de Natuba está localizada no município de Vitória de Santo Antão - PE, situado na Zona da Mata. Outrora, Natuba era um pequeno engenho e após a sua divisão foi vendido em lotes e até os dias atuais sua sucessão é hereditária. Este trabalho tem como objetivo analisar a agricultura familiar desenvolvida em Natuba, as transformações do espaço geográfico e sua sobrevivência, fazendo observações da área em estudo atualmente, o manejo do solo, dos recursos hídricos, do cultivo e dos instrumentos utilizados na produção, contribuindo para um maior conhecimento da Região estudada. Quanto aos recursos hídricos, são utilizados os rios Natuba e Tapacurá.
METODOLOGIA:
Como procedimento metodológico para a realização deste trabalho, foi feito um levantamento bibliográfico, que consistiu na investigação da área estudada, através da análise de livros, teses, monografias e artigos, comparando dados antigos aos recentes, coletados a partir do trabalho de campo; Diante das observações in loco, pesquisa iconográfica atual e resultados obtidos com entrevistas aos pequenos produtores locais; essas entrevistas foram realizadas nos meses de setembro de 2004 e fevereiro de 2005, com a finalidade de demonstrar o perfil das propriedades. Segundo ANDRADE NETO, “não foi apenas a facilidade de comercialização que modificou o espaço produzido, mas também o fato de que o cultivo das hortaliças é intensivo e economicamente viável em pequenas glebas; ainda o ciclo vegetativo curto, por exemplo, o coentro, a alface e a cebolinha, é de três semanas, permite ao produtos uma permanente rotação de cultura”; Torna-se explícito que a escolha das hortaliças a serem cultivadas, é pela necessidade dos agricultores em lucrar pelo maior número de colheitas, num menor espaço de tempo. MELO afirma, “há ainda a produção de rúcula, alecrim, salsa, arruda, hortelã etc, utilizando ainda a rotação de culturas para diversificar a produção”. Para SILVA, as diferentes formas de existência, identificam-se ao ocupar pequenas áreas e de baixa renda, daí a sua produção se realiza em precárias condições, sendo por ele caracterizada, a partir da utilização do trabalho familiar.
RESULTADOS:
ANDRADE NETO afirma, “no início o espaço em Natuba era cultivado com a tradicional lavoura branca, agricultura de roça, milho, feijão e mandioca, que foram gradativamente substituídas pelas hortaliças, devido a questões relacionadas com o mercado”. Possui propriedades que variam de meio a doze hectares, onde prevalecem as que estão entre meio e dois hectares. A mão-de-obra utilizada é familiar, incluindo mulheres e crianças no cultivo das hortaliças. A produção é de auto-subsistência, de subsistência e comercial, sendo escoado a feiras locais e a diversos espaços urbanos regionais, complementando a renda dos pequenos agricultores. Constatou-se através de visitas, que nem sempre são praticados cuidados aos rios, diante de terem sido detectados resíduos sólidos; entre eles, embalagens de agrotóxicos, embora a maioria dos pequenos produtores não confirme o uso, e se essa utilização não seguir instruções de segurança, acarretará em mais poluição ao meio ambiente em geral e numa redução na qualidade dos produtos comercializados, além de prejudicar a saúde dos consumidores e dos próprios agricultores. Os pequenos produtores reclamam, da atuação da associação e relataram as suas dificuldades quanto à falta de insumos, de capital e de incentivos, por parte da Prefeitura Municipal local, além de solicitarem medidas, a fim de evitar maiores transtornos, outrora enfrentados nos períodos de seca.
CONCLUSÕES:
Ademais, os espaços agrários ocupados em Natuba, são utilizados não só na produção de hortaliças, mas também, como espaços de moradia e os produtos escolhidos são em decorrência do seu ciclo vegetativo, porque os agricultores têm sua renda, na maior parte, obtida nesse tipo de agricultura, cuja mão-de-obra predominantemente é familiar e tentam sobreviver pelas tradições familiares; até por falta de alternativa e de incentivos financeiros, ocasionados por inúmeras dificuldades e ausência de instruções diversas. Portanto, ficam caracterizadas formas de subordinação, vividas pela agricultura às leis de mercado de trabalho. É uma comunidade com um baixo índice de desenvolvimento humano, na qual o desenvolvimento sustentável ainda está distante de ser alcançado.
Palavras-chave:  mão-de-obra familiar; produção de hortaliças; comunidade de Natuba.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005