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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica | ||
PORTADOR DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM HEMODIÁLISE: SIGNIFICADOS DA EXPERIÊNCIA VIVIDA | ||
Islane Costa Ramos 1, 2, 3 (orleani@oul.com.br), Maria Veraci Oliveira Queiroz 1, 2, 3 e Maria Lígia Oliveira dos Santos 1, 2 | ||
(1. Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Departamento de Ciências da Saúde; 3. Hospital Geral de Fortaleza - HGF) | ||
INTRODUÇÃO:
Insuficiência renal crônica (IRC) é uma patologia resultante da deterioração progressiva, irreversível da função renal, na qual a capacidade do organismo manter o equilíbrio metabólico/hidroeletrolítico falha. A doença representa prejuízo para qualquer ser humano, pois em geral há um afastamento do paciente de seu grupo social, do seu lazer e às vezes da própria família devido o tratamento dialítico necessário para a manutenção da vida. Dessa forma, é importante identificar como esta problemática afeta a vida de uma pessoa, acompanhar o processo de adaptação à doença e ao tratamento dialítico. Para que esta situação seja menos angustiante possível é necessário criar alternativas que ajudem o paciente a perceber suas limitações, mas sem interferir nas suas potencialidades, implementar terapêuticas que possam diminuir esse sofrimento e concorra para uma melhoria na qualidade de vida. Neste contexto, o enfermeiro juntamente com a equipe multiprofissional tem importante função na educação em saúde fornecendo não apenas informações, mas facilitando o processo de compreensão do tratamento por parte do paciente e da família. Possibilitando ao portador de IRC identificar mecanismos de enfrentamento que venham melhorar a qualidade de vida. Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar as transformações físicas e psicoemocionais que a IRC pode acarretar no modo de vida dos pacientes e descrever percepções e reações do paciente renal crônico em tratamento hemodialítico. |
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METODOLOGIA:
Optamos pela abordagem qualitativa com a intenção de compreender as experiências vivenciadas pelos pacientes com IRC retratando a subjetividade de cada um. Foi realizado em uma clínica particular conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Fortaleza-CE. Este serviço atende 138 clientes renais crônicos no período da manhã, tarde e noite, de segunda a sábado. Participam por turno cerca de 25 pessoas. Os informantes do estudo foram oito pacientes com quadro de insuficiência renal crônica, submetidos a programa de hemodiálise escolhidos de maneira intencional obedecendo critérios de inclusão dentre aqueles que aceitaram participar da pesquisa. A coleta de informações foi realizada de junho e julho de 2004 e utilizamos a entrevista semi-estruturada, sendo observado também a dinâmica da clínica e o comportamento dos portadores de IRC. A entrevista foi gravada e os entrevistados discorreram sobre o tema informando o que eles pensam e vivem no seu cotidiano. Após transcrição das entrevistas realizamos a exploração do material iniciando com sucessivas leituras procurando entender os significados, codificando-os e agrupando-os por temas. Dessa maneira, construímos as categorias emergentes que expressam o fenômeno em estudo. Quanto às questões éticas, obedecemos as Diretrizes e Normas Reguladoras de Pesquisa envolvendo seres humanos, conforme a resolução Nº 196 de 10 de outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996). |
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RESULTADOS:
Estudo com oito portadores de IRC, sendo 62,5 % homens e 37,3 % mulheres, ambos os sexos na faixa etária entre 30 e 58 anos. Estes resultados aproximaram-se aos percentuais referidos pelo Ministério da Saúde que são de 62% de homens e 38% de mulheres (BRASIL, 2002). Ao identificar as mudanças ocasionadas na vida dos portadores de IRC em tratamento hemodialítico percebemos o sofrimento mediante a doença e o doloroso processo de aceitação das limitações que o tratamento impõe. Tais circunstâncias são demonstradas nos discursos permeados de significados e reações sobre a doença, tratamento e expectativas sobre o futuro. As mudanças físicas são bem perceptíveis por eles e trazem desconforto, e a rotina de vida dessas pessoas passa por alterações significativas devido às restrições sofridas na vida cotidiana, impostas pela sua condição. Mudanças nas relações e no papel desenvolvido junto à família deixam sentimentos de fragilidade que inspira cuidados e apoio para uma possível reorganização da estrutura familiar. Contudo, os membros da família são fontes principais de apoio para enfrentar as dificuldades ocasionadas pela doença e o tratamento, pois estão próximos nos períodos difíceis e procuram ajudar, fazendo com que eles enfrentem o problema e não se sintam sozinhos. Estas são as experiências principais relatadas pelos sujeitos investigados as quais trazem inferências significativas no processo interpretativo que ajudam a compreender o paciente renal crônico. |
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CONCLUSÕES:
Torna-se difícil para o renal crônico ter que entender e aceitar sua condição. O apoio familiar surge como elemento principal nesse processo, acompanhado pela fé e várias simbologias que fortalecem a vida e ajudem no processo de aceitação da doença e na adaptação às mudanças comportamentais. Tais evidências trazem-nos o despertar sobre a importância de reconhecer a problemática e modificar posturas e condutas no processo de cuidar desse paciente, ajudando-o de forma coerente, responsável e humanizada, melhorando a qualidade de vida dos mesmos. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Insuficiência Renal; Hemodiálise; Experiências. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |