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H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 2. Línguas Clássicas
A MORFOLOGIA LATINA: UM ESTUDO DIACRÔNICO DA ESTRUTURA VERBAL
Rosilândia Flávia de Lima Ramos 1 (flaviazanette@bol.com.br)
(1. Universidade Federal da Paraíba - UFPB)
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas, temos assistido ao notório desenvolvimento das ciências lingüísticas, acompanhado de uma significativa procura por essa área. Por outro lado, percebemos que ficaram mais restritos os estudos clássicos. E, embora saibamos da importância da lingüística (enquanto estudo sincrônico e pragmático) para a compreensão dos fatos relacionados à linguagem, acreditamos que um estudo que considere a evolução histórica da língua pode alicerçar um maior entendimento tanto da língua quanto dos costumes dos seus falantes. Por isso, este trabalho tem como objetivo analisar a morfologia do verbo latino, procurando descrever as modificações operadas em sua estrutura, durante o processo evolutivo da língua, que originou nosso modelo verbal atual.
METODOLOGIA:
Serviu como embasamento teórico, para a realização deste trabalho, os estudos de ALI, M. Said, CÂMARA Jr., J. Mattoso e COUTINHO, Ismael de Lima. Efetuou-se um estudo diacrônico do sistema verbal latino, enfocando a categoria da conjugação, a noção de aspecto, as desinências modo-temporais e número-pessoais, além dos elementos flexionais indicativos de voz.
RESULTADOS:
O verbo em latim apresentava uma forma bastante complexa, o que foi mantida em português. Nas duas línguas, esta forma se compõe de um radical (a parte fundamental e lexemática do vocábulo), de uma vogal temática e de morfemas gramaticais. Estes, em latim, se organizavam em três grupos distintos: um pós-radical para indicar o aspecto (em tempos do perfectum); um pré-final que serve para indicar o modo e o tempo e, outro final, indicativo do número e da pessoa, onde o latim também incluiria a voz. Constatou-se, também, que a conjugação latina se manteve em português, em oposição à declinação que desapareceu quase que completamente. No tocante ao aspecto, este não foi eliminado, continua a existir como categoria formal ligada ao tempo. A voz, que em latim apresentava flexões próprias, adotou nas línguas modernas, o processo de composição heteronímico para todos os tempos, eliminando as flexões casuais.
CONCLUSÕES:
O estudo do latim, sem dúvida nenhuma, nos possibilita um conhecimento maior sobre algumas questões que envolvem a Língua Portuguesa. Através da investigação a respeito da morfologia, sintaxe e semântica românica, somos levados a ter uma postura crítica diante de algumas incoerências em nossa atual “gramática”, como por exemplo, o caso do nosso tempo verbal, que é descrito de forma confusa e contraditória. Em suma, o conhecimento do latim e seus desdobramentos é fundamental para entendermos as bases de nossa própria língua em todos os seus aspectos.
Palavras-chave:  Língua Latina; Morfologia; Diacronia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005