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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia | ||
ANÁLISE FENOTÍPICA E MOLECULAR DE CEPAS DE Microsporum canis ISOLADAS DE CÃES E GATOS DO NORDESTE BRASILEIRO | ||
Raimunda Sâmia Nogueira Brilhante 1, 5 (samiamic@yahoo.com.br), Rossana de Aquiar Cordeiro 1, 3, André Jalles Monteiro 1, 6, José Júlio Costa Sidrim 1, 2, 3 e Marcos Fábio Gadelha Rocha 1, 2, 5, 6 | ||
(1. Centro Especializado em Micologia Médica, Departamento de Patologia e Medicina Legal – UFC; 2. Mestrado em Microbiologia Médica, Departamento de Patologia e Medicina Legal – UFC; 3. Doutorado em Ciências Médicas - Departamento de Patologia e Medicina Legal – UFC; 4. Curso de Ciências Biológicas, Centro de Ciências da Saúde – UECE; 5. Faculdade de Medicina Veterinária, Pós-graduação em Ciências Veterinárias – UECE; 6. Departamento de Estatística e Matemática Aplicada, Centro de Ciências – UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
As dermatofitoses consistem nas mais freqüentes micoses que acometem homens e animais. Apesar do aumento do número de casos de dermatofitoses em todo o mundo, poucos estudos são realizados com animais domésticos que apresentam doenças dermatofíticas. No Brasil, dados clínicos-epidemiológicos, fenotípicos e genéticos de cepas de Microsporum canis, oriundos de pequenos animais ainda são muito pouco explorados. Através de tais análises, em cepas de M. canis, serão investigadas as possíveis correlações entre a sensibilidade microbiana, características morfológicas (baseados em estudos de macromorfologia, micromorfologia), bem como, a presença ou ausência de polimorfismo genéticos desse microrganismo, levando assim, uma maior compreensão da biologia desse dermatófito e conseqüentemente da patogenia das dermatofitoses em cães e gatos. Tais análises poderão abrir perspectivas para o uso de variadas técnicas moleculares que visem o mapeamento de genes importantes relacionados a fatores de virulência, patogenicidade e resistência a drogas. O estudo objetivou investigar a possível correlação entre a fenotipagem (desenvolvida através de análises das colônias fúngicas, provas bioquímicas e sensibilidade das cepas frente a antimicóticos) e as características genotípicas (feitas através de Random Amplification DNA Polymorphism - RAPD e de Polymerase Chain Reaction – Restriction Enzyme Analysis - PCR-REA) das cepas de M. canis isoladas de cães e gatos no Nordeste do Brasil. |
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METODOLOGIA:
Foram analisadas 20 cepas de M. canis oriundas de cães e gatos. O estudo micológico foi realizado por exame microscópico direto do espécime clínico utilizando preparações lâmina e lamínula com KOH 30% e análise macro e micromorfológica da cultura fúngica. A macromorfologia foi analisada em ágar Sabouraud e em ágar batata levando em consideração a textura e relevo das colônias. A micromorfologia foi avaliada em ágar Sabouraud, ágar batata, ágar arroz e ágar lactrimel. O teste de sensibilidade in vitro analisou a atividade de antifúngicos clássicos, tais como: griseofulvina, cetoconazol, itraconazol e fluconazol. Este procedimento foi realizado de acordo com a preconização do National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS) baseado no documento M38-P, onde foi utilizada a técnica de microdiluição com algumas modificações. A genotipagem foi feita através de RAPD com seis primers: OPA 01 (5'-CAGGCCCTTC-3'); OPA 02 (5'-TGCCGAGCTG-3'); OPA 03(5'-AGTCAGCCAC-3'); OPA 04 (5'-AATCGGGCTG-3'); OPA 05 (5'-AGGGGTCTTG-3'), OPK-17 (5´-CCCAGCTGTG-3. A amplificação de ITS 1 e ITS 2 das regiões ribossomais foi feita a partir de iniciadores ITS-1 (5´-TTCGTAGGTGAACCTGC-3´) e ITS-4 (5´-TCCTCCGCTTATTGATAT-3. Na reação de PCR-REA, os “amplicons” de cada amostra foram diluídos na proporção de 1:10 em água ultrapura estéril e digeridos com as seguintes endonucleases: Rsa I, Sau 3A, Dde I e Eco RI. |
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RESULTADOS:
A partir da análise macromorfológica em ágar Sabouraud e em ágar batata, foram identificadas quatro tipos de colônias. As colônias foram classificadas como colônias do tipo I: algodonosas baixas, apiculadas com pigmento; tipo II: colônias algodonosas baixas, apiculadas sem pigmento; tipo III: colônias algodonosas altas com pigmento; e tipo IV: algodonosas altas sem pigmento. Não foi visualizada nenhuma cepa com colônia do tipo I em ágar Sabouraud, sendo, contudo, encontradas 7, 3 e 10 cepas do tipo II, III e IV, respectivamente. No ágar batata dextrose foram identificadas 4, 7, 2 e 7 cepas do tipo I, II, III e IV, respectivamente. A menor quantificação de macroconídios (0-10) foi observada em ágar arroz e ágar lactrimel, perfazendo um total de nove e seis cepas, respectivamente. O ágar lactrimel foi o mais favorável para maior produção de macroconídios (>50), perfazendo um total de 11 cepas (P<0.05). A morfologia de macroconídios clássica de M. canis foi visualizada em 4, 10, 15, 18 cepas em ágar Sabouraud dextrose, ágar batata dextrose, ágar arroz e ágar lactrimel respectivamente. A sensibilidade antifúngica demonstrou que as 20 cepas de M canis eram sensíveis a griseofulvina (0.25 μg/ml - MIC - 1μg/ml), cetoconazol (0.25 μg/ml -MIC - 2 μg/ml), itraconazol (0.25 μg/ml - MIC -1μg/ml) e fluconazol (1 μg/ml - MIC - 16 μg/ml). Ao contrário do observado na fenotipagem, a análise molecular por PCR-REA e RAPD demonstrou similaridades genéticas em todas as cepas. |
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CONCLUSÕES:
Apesar das cepas de M. canis analisadas apresentarem um grande espectro de variações morfológicas e sensibilidade antifúngica diferenciada, há uma grande estabilidade genotípica. Portanto, estes dados nos permitem especular que estes microrganismos, provavelmente são clones extremamente bem adaptados. |
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Instituição de fomento: CAPES | ||
Palavras-chave: Microsporum canis; Fenotipagem; Genotipagem. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |