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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
ROMPENDO FRONTEIRAS: PROJETO SESI-POR UM BRASIL ALFABETIZADO - RELATO DA EXPERIÊNCIA NO DEPARTAMENTO REGIONAL DO CEARÁ
Maria do Carmo Aguiar da Cunha Silveira 1, 2 (silveira@sfiec.org.br), Aurilene Oliveira Furtado 2 e Francisco Cândido Furtado 2
(1. Departamento de Ciências Sociais Aplicados, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Serviço Social da Indústria - SESI/Ce; 3. Serviço Social da Indústria - SESI/Ce)
INTRODUÇÃO:
O interesse pelas políticas públicas em EJA foi inspirado em nossa experiência profissional, associada à educação e gestão social, eixo impulsionador para a realização do Mestrado pela UECE e para a realização desta pesquisa sobre o Projeto SESI-Por um Brasil Alfabetizado, sobre a qual discutimos e avaliamos as questões da educação de jovens e adultos nesse Projeto, vivenciado no SESI-Ce em parceria com o governo federal. Considerando essa política de EJA como ferramenta de resgate da dívida social do País e cumprimento do direito constitucional, foi inserido nesse conjunto de co-responsabilidades as instituições pertencentes aos diversos segmentos sociais, através de uma rede de mobilização social da demanda adulta analfabeta e parceiros. O SESI vivenciou essa experiência de 2003-2004, em parceria com 66 municípios do Estado, atendendo a 56.582 alfabetizandos, 2.672 alfabetizadores e 146 supervisores. Esse amplo universo nos impulsionou para avaliá-lo, considerando sua importância no espaço da produção científica, atribuindo à pesquisa o seguinte objetivo: analisar a efetividade do Projeto SESI-Por um Brasil Alfabetizado, como política pública de EJA, a partir da constatação dos níveis de aprendizagem alcançados pelos alunos. Os indicadores de relevância centraram-se, especificamente, nos impactos, na permanência e nos resultados obtidos com base no posicionamento dos atores envolvidos e nos dados estatísticos.
METODOLOGIA:
Para a construção da Pesquisa, a metodologia constou de um plano de trabalho, contendo estratégias para abranger o maior número de informações e informantes. A priori, iniciamos pela leitura dos documentos produzidos e pelas cartas dos alfabetizandos, em torno de cinco mil textos. Nosso contato com a coordenação, supervisão, alfabetizadores e alunos do Projeto foi intenso; participamos de encontros de Planejamento e de Formação Continuada, que nos proporcionaram meios de realizarmos as entrevistas, além dos outros aspectos que presenciamos; visitamos salas de aula; utilizamos entrevistas diretas e indiretas com uso de gravador, telefone, e-mail, impressos. A pesquisa, intitulada Rompendo Fronteiras, contém em sua estrutura seis capítulos, dispostos em três partes: As Grandes Marchas Começam com os Primeiros Passos ( na qual inserimos os capítulos I e II, que descrevem o Projeto no âmbito de sua criação e implantação); Caminhos ... Travessias ... Perspectivas: Experiências que Mudaram Vidas (que acoplam os capítulos III, IV, V, nos quais estão a descrição das experiências de sala de aula, ocorridas no âmbito geral dos municípios parceiros, a partir das cenas e imagens externadas pelos sujeitos da pesquisa, analisando, em separado, as experiências com as comunidades indígenas e os pescadores); Panorama Estatístico do Projeto (mencionado no capítulo VI, intitulado: o Projeto em Números, externando seus mapas de resultados. É nesse capítulo que podemos ter uma visão dos impactos do Projeto no município, em termos de diminuição do número de analfabetos local).
RESULTADOS:
Os resultados quantitativos e qualitativos estão expressos pelos indicadores de resultados, de eficácia, de eficiência e de efetividade, posto que: dos 56.103 alunos atendidos no Projeto, em 66 municípios, 48.007(85,5%) alunos permaneceram, 8.096 (14,5%) evadiram; 41.441(87%) foram alfabetizados; 6.301(13%) não foram alfabetizados. O Projeto contribuiu com 4,2% de redução na população de analfabetos (acima de 15 anos) no Ceará (1.310.778/IBGE-2000). Em termos qualitativos, a pesquisa revela vários aspectos concernentes aos impactos na vida dos alunos, relacionados à mudança de comportamento, aquisição de novos conhecimentos, estímulo à criação do vínculo local entre alfabetizandos e alfabetizadores; gestão participativa e em rede; descentralização do gerenciamento das ações do Projeto; preservação da unidade do Projeto; capacitação sistemática e em rede; acompanhamento e avaliação dos processos e resultados; socialização do conhecimento e das experiências.
CONCLUSÕES:
As conclusões convergem para as conexões presentes na dinâmica da ação alfabetizadora, forças motrizes que impulsionaram o Projeto a caminhar de uma forma alinhada, avançando para os resultados positivos, driblando os percalços limitantes e alcançando o aspecto cognitivo do alfabetizando e, sobretudo, sua alma, através da valorização de seus saberes. Isso ocorreu em meio a um processo de mediação, que a todo o momento utilizou os termômetros da avaliação, não para causar bloqueios e rupturas na aprendizagem, mas para prosseguir investindo ainda mais na capacidade criadora dos alfabetizandos e alfabetizadores, desenvolvendo espaços de convivências num clima de autoconfiança, onde todos são mestres e aprendizes. Mesmo para as pessoas residentes nas mais diversas e longínquas localidades, que foram descobertas pelo SESI, o Projeto chegou nessas comunidades reascendendo a esperança de um presente e futuro diferentes. Foi essa ação de cidadania que se alastrou rapidamente pelos municípios do Ceará, envolvendo centenas de milhares de jovens e adultos, dando um novo contorno ao trabalhador e à trabalhadora (do campo, da cidade), às comunidades indígenas e de pescadores, às mulheres marisqueiras, aos presidiários, artesãos, enfim, aos homens e mulheres deste Ceará, que ocupam as mais diversas profissões do setor formal e informal, ou que, nem sequer, têm uma profissão!
Instituição de fomento: Serviço Social da Indústria - SESI-Ce
Palavras-chave:  mobilização social; gestão participativa em rede; alfabetização de jovens e adultos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005