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| G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana | ||
| DÉFICIT HABITACIONAL EM FORTALEZA: UM ESTUDO DE CASO NO BAIRRO VILA VELHA | ||
| Anna Emília Maciel Barbosa 1 (emiliamaciel@yahoo.com.br) e José Meneleu Neto 1 | ||
| (1. Depto. de Geografia, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
| INTRODUÇÃO:
Em uma sociedade de classes é notória a diferença social no que se refere ao acesso de bens e serviços. A habitação é um desses bens cujo acesso é seletivo, já que grande parte da população não possui renda suficiente para alugar ou, muito menos, comprar um imóvel. No Brasil, o déficit habitacional é um dos problemas sociais mais graves. Ressalta-se que déficit habitacional é um indicador que capta basicamente a diferença entre o número de famílias e o número de domicílios adequados num certo instante de tempo. Em Fortaleza, como na maioria das cidades brasileiras, observa-se um alto índice de déficit habitacional, assim como de falta de infraestrutura para as áreas mais carentes. Hoje, a capital conta com um déficit aproximado de 160.000 unidades habitacionais e 94 áreas de risco ocupadas por 20.000 famílias. Este problema é agravado pela chegada anual de 40.000 famílias que migram para Fortaleza em busca de melhores condições de vida. O presente trabalho visa analisar as mutações ocorridas na paisagem fortalezense, enfocando a problemática habitacional, tomando como objeto empírico o Bairro Vila Velha, que fica as margens do rio Ceará. Este trabalho tem como objetivo analisar o bairro Vila Velha que passou por mudanças, principalmente devido à construção dos conjuntos habitacionais e às ocupações nas áreas de risco, pretendendo, dessa forma, através de um estudo de caso, obter informações para entender a dinâmica urbana e o problema habitacional da capital cearense. |
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| METODOLOGIA:
Para a realização da pesquisa foram utilizadas, inicialmente, cartografias básicas do Município de Fortaleza existentes na Prefeitura Municipal. A unidade de observação da pesquisa foi fornecida pelos domicílios incluídos nos setores censitários do IBGE, e as variáveis foram fornecidas pelas características dos domicílios e dos chefes de famílias coletadas pelo questionário do Censo 2000. A análise destes dados forneceu o perfil socioeconômico das áreas portadoras de problemas habitacionais segundo o critério de habitações subnormais do IBGE. Para isso, foram utilizados alguns recursos disponíveis nos Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Foram realizados levantamentos em bibliotecas, além de visitas a órgãos e instituições públicas e entrevista com lideranças comunitárias com o objetivo de obter informações sobre os impactos ambientais e sociais da ocupação do bairro e das áreas de risco às margens do rio Ceará. Foram utilizados também recursos fotográficos para a realização de comparações entre o ontem e o hoje no bairro. |
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| RESULTADOS:
O bairro Vila Velha localiza-se na parte oeste de Fortaleza, a margem do rio Ceará. Parte desse bairro está situado na Área de Preservação Ambiental do Rio Ceará, que é composta pela planície fluvio-marinha deste rio, recoberta por mangue e submetida a alagamentos durante os períodos de chuva. Observa-se que a ocupação da planície do rio tem provocado impactos ambientais no manguezal, além do aparecimento de favelas em uma área de risco. O bairro é formado por quatro conjuntos habitacionais, os conjuntos Vila Velha I, II, III e o mais recente o conjunto Vila Velha IV, que foi concluído em 2002. Estes foram construídos pela COHAB-CE e pela prefeitura, sendo financiados pela Caixa Econômica Federal. De acordo com o IBGE, em 1991 o bairro possuía uma população de 35.737 habitantes, já em 2000 contava com 49.468 habitantes, obtendo assim uma taxa de crescimento anual de 3,68% . Esse crescimento da população não foi acompanhado pela instalação de infraestrutura básica para todo o bairro. O que se notou foi que à medida que os conjuntos foram construídos, várias habitações foram construídas ao redor dos conjuntos e principalmente na área de mangue do rio Ceará, e que esse processo tende a continuar. |
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| CONCLUSÕES:
Conclui-se que o bairro Vila Velha é um bairro de população de baixa renda e que teve sua ocupação intensificada a partir da década de 1990. O bairro é formado por quatro conjuntos habitacionais (Vila Velha I, II, III e IV) onde predomina a construção em regime de mutirão. É ressaltada a presença de uma melhor organização do espaço no Conjunto Vila Velha I. Nota-se então, uma heterogeneidade do espaço que resultou dos movimentos sociais ocorridos, estes conseguiram conquistas locais relacionadas a serviços e a infra-estrutura. O grande problema da área, porém, são as ocupações em áreas de risco. As pessoas sofrem com os alagamentos durante os períodos de chuva e com os diversos tipos de doenças causadas pelas condições insalubres de moradia. Dessa forma, se faz necessária a criação de políticas públicas que solucionem o problema da moradia nessa área, não esquecendo dos problemas já causados ao meio ambiente, devido a ocupação inadequada em uma Área de Preservação Ambiental. |
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| Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP | ||
| Trabalho de Iniciação Científica | ||
| Palavras-chave: moradia; conjunto habitacional; área de risco. | ||
| Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |