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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
MARCAS DE PODER EM AULAS PRESENCIAIS
Germano César de Souza Silva 1, 2, 3 (germano_cesar@bol.com.br) e Kazue Saito Monteiro de Barros 1, 2, 3
(1. Depto. de Letras da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; 2. CNPq; 3. Núcleo de Estudos Lingüísticos da Fala e Escrita - NELFE)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho apresenta os primeiros resultados de um projeto de pesquisa intitulado “Marcas de poder em interações pedagógicas presenciais” que busca identificar estratégias interativas que desvelam e ratificam as relações de poder na interação entre professor e aluno em eventos pedagógicos. Aqui o objetivo é identificar algumas das formas pelas quais o poder do professor é atualizado, definir as funções particulares envolvidas e os pontos de ocorrência de tais marcas. Em outras palavras, procurar-se-á compreender o que está em jogo na interação em sala de aula presencial, identificando como as marcas de poder estão relacionadas aos papéis sociais dos interactantes e como elas influenciam o processo de ensino-aprendizagem. Embora sejam observados aspectos macro da organização, a análise privilegia as sessões de abertura da interação.
METODOLOGIA:
O corpus consiste em uma gravação em áudio de aproximadamente 55 minutos de uma aula presencial de ensino médio, coletada em 2005, numa escola pública da rede municipal de ensino de Recife. Esta aula recebe uma análise detalhada no tocante a sua abertura, desenvolvimento e fechamento. Ademais, para maior rigor metodológico, serão observados outros materiais que constam do Banco de Dados do NELFE - Núcleo de Estudos da Língua Falada e Escrita. O corpus ampliado serve como parâmetro para verificar os resultados alcançados. Na análise do corpus foram utilizados pressupostos da sociolingüística interacionista de Gumperz, da etnografia da comunicação de Hymes (com certa revisão dos seus modelos tradicionais) e da teoria dos gêneros do discurso.
RESULTADOS:
A análise revela que na sessão de abertura do tópico central surgem os primeiros sinais de marcas de poder do professor: é quando ele assume o controle efetivo da interação, indicando que a parte crucial do encontro vai começar. É ele o responsável pela indicação de como será desenvolvida a aula e de como os demais turnos da conversação deverão ser construídos, convidando seus interlocutores, os alunos, para que colaborem com o proposto. Em relação ao conteúdo, nas aberturas, é comum que o professor faça uma retomada de algum tópico desenvolvido em uma aula anterior de maneira a efetuar uma ligação entre o que foi visto o que será desenvolvido, contextualizando o assunto que será tratado e referenciando as suas colocações anteriores. Esta sessão define, portanto, como o professor pretende desenvolver a aula, tanto do ponto de vista da organização dos turnos quanto da organização dos tópicos.
CONCLUSÕES:
Por ser estereotípica do professor, a abertura revela o controle que ele tem da interação, ao mesmo tempo em que ratifica seu papel dominante. Até certo ponto, ela estrutura e organiza o resto da interação. Observa-se que o professor tem mais liberdade para aceitar ou refutar contribuições dos alunos e os tópicos por eles propostos. O controle do professor é atualizado por meio de marcas discursivas que indentificamos como marcas de poder, já que são estereotípicas do professor.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  marcas discursivas de poder; estratégias interativas; aulas presenciais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005