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G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
INTEGRALISMO E CATOLICISMO COMO LUGARES DA RELAÇÃO BRASIL-PORTUGAL NO COMEÇO DO SÉCULO XX.
Carlos André Silva de Moura 1 (Graduando / casmcarlos@yahoo.com.br) e Giselda Brito Silva 1
(1. Departamento de Letras e Ciências Humanas - UFRPE)
INTRODUÇÃO:
Nosso trabalho, que se insere no Grupo de Pesquisa intitulado “Estudos históricos da relação entre o político e o religioso”, cadastrado no CNPq, tem como finalidade analisar as relações discursivas que marcavam as afinidades entre Brasil–Portugal no começo do século XX. Baseado na análise dos discursos pronunciados em Pernambuco, através dos quais nos foi possível visualizar estas relações, pudemos localizar e compreender a fundamentação teórico-metodológica do integralismo em nosso Estado. Durante muito tempo, os historiadores estiveram preocupados em mostrar a semelhança integralismo-fascismo, para justificar sua ascensão e funcionalidade no período entre-guerras. Atualmente, novas abordagens do tema, têm nos possibilitado a ampliação destes olhares para o Integralismo Lusitano e Salazarismo português, permitindo-nos, com os resultados da pesquisa, afirmar que nossa situação se aproxima muito do Integralismo Lusitano e do Salazarismo, indicando a necessidade de um estudo mais aprofundado destas relações, sem querer desconsiderar todos os estudos voltados para a relação Brasil-Itália-Alemanha. Acreditamos assim, poder mostrar através de nossas pesquisas que as influências portuguesas são mais proeminente do que as já relacionadas por outros historiadores, sendo assim, informamos nosso novo lugar de análise do integralismo, pois acreditamos que com ela podemos trazer uma nova contribuição para a historiografia brasileira e local.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada em nossa pesquisa busca o estudo das condições de produção e sentido dos discursos integralistas nos dois países entrelaçado aos discursos católicos produzidos durante o período estudado. Neste lugar de abordagem, a perspectiva proporcionada pelos Annales, de investimento na interdisciplinaridade entre a História e a Lingüística, no que se refere à Análise do Discurso (AD), se apresenta como uma possibilidade de riqueza deste estudo. Pois, acreditamos que a História é formada por práticas discursivas e não-discursivas, formando o que alguns historiadores chamam de “acontecimento discursivo” nas suas mais variadas formas. Para isso, contamos com algumas categorias da Análise do Discurso, que juntamente com a metodologia dos Annales, de Novos Objetos, Novas Abordagens e Novos Métodos.
RESULTADOS:
Durante as nossas pesquisas pudemos observar que o Movimento Integralista Lusitano foi criado em 1910 por estudantes portugueses que estavam insatisfeitos com os rumos tomados pelo país com a proclamação da República, este fato cortou as relações do clero católico com o Estado português, o que atraiu vários intelectuais católicos para as fileiras integralistas, os integralistas pregavam o retorno Monarquia institucional, combatiam o comunismo e o liberalismo. Esta corrente manteve inicialmente a característica de um movimento ideológico e doutrinário, logo assumindo uma postura mais politizada onde tinha como líder e principal teórico Antônio Sardinha. No Brasil sob o comando de Plínio Salgado, em 1932, é publicado o “Manifesto de outubro de 1932” com as propostas da Ação Integralista Brasileira, que mantinha o lema “Deus, pátria e família”, onde baseados nesta propaganda pregavam a integridade da pátria, a predominância da religião católica, o combate ao comunismo e ao liberalismo, aos judeus e a maçonaria pregando a manutenção do regime republicano no Brasil. Em Pernambuco é publicado na Faculdade de Direito do Recife em 1932 “O Manifesto do Recife” que trouxe vários adeptos ao novo movimento que trazia uma nova proposta para a crise vivenciada pela população daquele período. Em nossos estudos pudemos observar nas publicações da década de 30 o grande número de intelectuais católicos que aderiram ao movimento, sendo o padre Helder Câmara a principal liderança dos religiosos.
CONCLUSÕES:
Ao aplicarmos a metodologia acima mencionada, pudemos chegar a conclusão através da análise dos discursos dos intelectuais católicos que formavam os dois movimentos, tanto o Movimento Integralista Lusitano como a Ação Integralista Brasileira, em Pernambuco, buscavam a manutenção da unidade nacional e combatiam as mesmas doutrinas, como o comunismo e o liberalismo, pois acusavam estes de serem os causadores dos problemas das duas nações. Observamos também que os dois movimentos apresentavam-se como “movimentos de renovação nacional” e negavam ser partidos políticos. No Brasil, por exemplo, a Ação Integralista lança Plínio Salgado como candidato a presidência nas eleições de 1937. Ainda buscando as relações entre os dois movimentos chegamos, à conclusão que, assim como o Movimento Integralista Lusitano a Ação Integralista Brasileira foram reprimidos e colocados na ilegalidade pelos Estados Novos de Salazar e Vargas, respectivamente. Outra relação importante é o exílio de Plínio Salgado em Portugal mostrando a relação entre os dois países. Uma das características semelhante diz respeito à participação dos intelectuais católicos nas fileiras integralistas, tanto no Brasil como em Portugal. É importante observarmos que com a adesão dos intelectuais católicos ao integralismo brasileiro são feitas várias publicações de cunho evangélico, como o jornal A defesa, que passam a criticar a ação deste movimento acusando-os de querer colocar as religiões protestantes na ilegalidade.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Integralismo; Intelectuais católicos; Discursos políticos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005