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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) | ||
INFLUÊNCIAS DA FORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO | ||
Maria Marina Dias Cavalcante 1 (marina@uece.br) | ||
(1. Centro de Educação, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem como objetivo compreender a influência da formação do pedagogo no seu processo de construção identitária. Apresentamos aqui informações acerca dos achados da pesquisa de Doutorado, realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Universidade Federal do Ceará (UFC). Assim, expomos parte da análise de dados coletados junto a professores integrantes da rede pública (estadual e municipal) e privada, investigando as percepções de profissionais que atuam na instituição educacional sobre a formação pedagógica que receberam no intuito de compreender a influência da mesma na construção da identidade profissional. A escolha da formação como categoria central é a nosso ver, o aspecto que melhor permite o conhecimento acerca da identidade profissional do pedagogo. Para tanto analisamos a formação recebida pelos pedagogos e a formação recebida pelos professores das disciplinas específicas, uma vez que as escolas públicas do Ceará têm adotado o modelo de não ser necessário ter o curso de Pedagogia para assumir uma função administrativa ou pedagógica no sistema de ensino. |
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METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa por ser a que mais se adequa aos propósitos enunciados e tem como base a praxiologia de Pierre Bourdieu buscando desvendar percepções, valores e esquemas existentes no processo de afloramento da identidade profissional do pedagogo. Realizou-se um estudo teórico a partir de autores que enfocam a temática, ao lado de um mapeamento, em trinta escolas de dependência administrativa estadual, municipal e particular, localizadas em Fortaleza-Ce, no qual utilizou-se questionário com respostas fechadas. As escolas foram selecionadas considerando seu credenciamento junto ao Conselho Estadual de Educação e o porte que cada uma apresenta (grande, médio e pequeno). A coleta de dados iniciada nos meses de agosto e setembro do ano 2001, junto ao corpo administrativo das instituições de ensino pesquisadas, com a aplicação de questionários teve seu aprofundamento em 2002, através de entrevistas focalizadas. Estas foram realizadas junto aos pedagogos, bacharéis e outros licenciados, todos professores das referidas escolas. As informações e dados coletados foram processados e analisados em 2002/2003 através do programa, denominado NUD.IST o qual é voltado para análise qualitativa e foi concebido e desenvolvido pela Universidade de La Trobe, em Melbourne, Austrália. Sendo um programa pouco conhecido entre nós, tornou-se pertinente avaliar as suas capacidades e a forma como pode ser utilizado para a investigação, sobretudo, nas ciências sociais |
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RESULTADOS:
O quadro delineado a partir da situação encontrada, nas escolas pesquisadas, mostra que a realidade tende a reeditar a ambigüidade em relação aos cursos de formação. Os dados apontam por parte dos pedagogos: uma preocupação com uma formação que articule e priorize os saberes pedagógicos e científicos; falhas no desenvolvimento do curso, principalmente, em relação a dimensão teoria/prática; indicam também uma forte necessidade de investimento em sua formação continuada; enquanto os licenciados e bacharéis destacam: a baixa ênfase na formação pedagógica; criticam a ausência de preocupação em relação à formação permanente e recriminam o fato da relação teoria/prática ocorrer somente no âmbito do componente curricular “prática de ensino”. Enfim os entrevistados são unânimes ao apontarem uma diferenciação na formação pedagógica recebida pelos profissionais que atuam nas escolas, sejam eles licenciados, bacharéis ou pedagogos e indicam a importância do conhecimento como um elemento chave para a reflexão sobre a relação entre o conceito de hábitus e a construção da identidade.Tais constatações recomendam prosseguir nesta trajetória dada sua pertinência nas discussões acerca do curso de Pedagogia, constituindo-se um desafio a ser assumido pelos pesquisadores interessados no tema. Do mesmo modo, revelam a necessidade de melhor investigar junto aos próprios profissionais como estes percebem a constituição de sua identidade |
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CONCLUSÕES:
A partir dos resultados, percebe-se que se há ambigüidade na própria trajetória do curso e a prática revela uma indiferenciação das funções exercidas pelos profissionais em atuação na escola, isso reflete de modo decisivo sobre a formação do pedagogo. A formação específica de licenciados (entre eles os pedagogos) não é considerada para o desempenho de atividades no âmbito do sistema de ensino, haja vista que aí estão também os bacharéis. Tal situação enfatiza a urgência de se pensar a identidade do pedagogo sob uma perspectiva em sintonia com as demandas de um mundo que já não é o mesmo, que deu lugar à sucessão de ambigüidades mencionadas ao longo desta reflexão. Num contexto de mudanças inquestionáveis, onde o desafio da globalização impõe novas demandas ao trabalhador da educação, também o papel do pedagogo se redefine. Pensar a identidade profissional do pedagogo significa pensar como estão postas as demandas do mundo do trabalho, sobretudo aquelas de natureza voltadas para o trabalho pedagógico dos sistemas de ensino, que hoje se apresentam muito mais amplas que os limites sugeridos pelos cursos de Pedagogia. Para isso faz-se necessário uma revisão profunda de aspectos que vão desde a organização institucional, a definição e organização dos conteúdos para que respondam às exigências da atuação do professor, bem como vinculação entre os cursos de formação e os sistemas de ensino de modo a assegurar a preparação profissional. |
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Palavras-chave: Pedagogo; Formação; Identidade Profissional. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |