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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública | ||
UTILIZAÇÃO DO PEIXE Betta splendens EM DEPOSITOS DE GRANDE E PEQUENO VOLUME E DESEMPENHO DO PEIXE COMO AGENTE BIOLOGICO DE CONTROLE DO Aedes aegypti , VETOR DA DENGUE, EM FORTALEZA, CEARÁ. | ||
Eddie William de Pinho Santana 1, 2 (ewpsantana@yahoo.com.br), Daniel de Miranda Pinto de Castro 1, José Wellington de Oliveira Lima 1, 2, 3, 4, Luciano Pamplona de Góes Cavalcanti 3, 5 e Zolide Motta Ribeiro 4, 5 | ||
(1. Universidade Estadual do Ceará – UECE ; 2. Mestrado de Saúde Pública - Universidade Estadual do Ceará - UECE; 3. Universidade Federal do Ceará – UFC; 4. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA; 5. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará - SESA) | ||
INTRODUÇÃO:
O dengue clássico, juntamente com suas formas mais severas, são um grande problema de saúde pública em regiões tropicais do mundo. O Estado do Ceará apresentou grandes epidemias de dengue, apresentando também quadro de Dengue hemorrágico. Apenas no período entre o ano de 2003 e fev de 2005 foram notificados 28.103 casos de Dengue Clássico (Sesa, 2005). O mosquito vetor desta doença é o Aedes aegypti , que ao picar uma pessoa transmite a carga viral através de sua saliva. Agentes químicos têm sido utilizados para o controle do A. aegypti . desde a virada do século. Este tipo de controle não deve ser utilizado como única solução para o problema, deve-se aliá-lo a controles que demandem menos custo e maior eficiência. A utilização de espécies larvófagas no controle dos insetos vetores de doenças está relatada. Destes destacam-se os trabalhos com o peixe mosquito ( Gambusia afinis ) e o gulpe ( Poecilia reticulata ) que foram estudados principalmente em criadouros naturais destes insetos. No estado do Ceará, iniciaram-se projetos de uma outra espécie exótica com grande capacidade de colonizar coleções d'água, mesmo aquelas com pouco teor de oxigênio e temperaturas elevadas, é o Betta splendens . Estes projetos procuraram estudar este peixe em diferentes reservatórios de água domiciliares, quais sejam: Caixas d´água e cacimbas, observando aspectos referentes a sua sobrevivência e adaptação, bem como sua potencialidade como agente de controle biológico do mosquito |
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METODOLOGIA:
Os projetos visaram identificar no laboratório e no campo as características dos depósitos domiciliares onde o peixe tem maior e menor permanência e a capacidade predatória do B. splendens sobre as larvas do A. aegypti nos dois depositos de água mais comuns, quais sejam: caixas d´água e cacimbas. Para tanto foram estudados os padrões físicos, químicos e biológicos associados à sobrevivência do peixe. Em laboratorio foram utilizadas 5 caixas d’água de amianto 250L , inserindo-se quantidades diárias que aumentavam semana-a-semana de larvas do 3º estádio do mosquito vetor. Os dados eram anotados dia-a-dia. Nos testes de campo foram selecionadas casas de bairros com alta incidência do vetor. Cada casa foi vistoriada e os depósitos (caixas e cacimbas) numerados com suas características registradas em formulário próprio. O Estabelecimento do perfil de sobrevivência e predação foi feito com base nos dados constantes nos formulários de visita. Para verificação das variáveis ambientais associadas à sobrevivência do peixe, foram coletadas amostras de água para testes de PH, cloro diluído, presença de algas, substancia estranha, temperatura e presença de larvas do mosquito vetor. Efetuaram-se avaliações biométricas e exame físico dos peixes usados a cada 3 meses as amostras foram pesadas, medidas, anotadas as idades presumidas, estágio de maturidade sexual, presença de fungos, lesões de pele, cor dos olhos e microbióta. |
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RESULTADOS:
Nos testes realizados em laboratório com caixas d’água convencionais, o peixe Betta splendens predou 100% das larvas até a 5ª semana com um total 300 larvas/peixe. Mesmo após o total preenchimento do seu tubo digestivo o peixe ataca as larvas sobreviventes. O peixe é resistente em ambientes com pouco oxigênio e a temperaturas de água variantes entre 26 e 32º C. Nos testes de campo realizados com caixas d’água 100% dos peixe sobreviveram ate a 8ª semana, em todas as caixas peixadas não havia positividade .para larvas do mosquito. Nas cacimbas peixadas não se encontraram larvas do mosquito vetor por 10 meses. No segundo mês uma cacimba peixada estava positiva mas o peixe Betta splendens estava morto. A partir do décimo mês todas as cacimbas encontradas positivas os peixes inseridos estavam mortos. O volume das cacimbas varia de forma acentuada chegando a variar mais de 5.000 litros/mês em algumas cacimbas |
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CONCLUSÕES:
Em condições de laboratório percebeu-se que o peixe B. splendens prefere se alimentar das larvas de Aedes aegypti ao invés de se alimentar de rotíferos e nematódeos. O peixe é um grande predador de larvas do mosquito vetor e se adapta bem as condições adversas dos depósitos domiciliares e ao ambiente das cacimbas. O número de peixes por cacimbas não precisa exceder de quatro, desde que a cacimba tenha um volume entre 500 e 12.000 litros É importante uma visita periódica a cada três meses para se verificar a sobrevivência dos peixes nas caixas d’água e cacimbas. A utilização do peixe Betta splendens como agente de controle biológico das formas imaturas do A. aegypti é de grande valia, tendo em vista a negatividade das cacimbas e caixas d’água após a inserção do peixe e boa adaptação dos mesmos nestes treze meses de visita às cacimbas selecionadas. O controle biológico do mosquito pode ser adotado e este procedimento, além de econômico, traz grandes benefícios ao ecossistema envolvido e a população beneficiada, outros testes sobre a capacidade predatória do peixe em outros depósitos de água devem ser realizados para ampliar a forma de utilização deste tipo de controle e diminuir os custos com pessoal |
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Instituição de fomento: Conselho Nacional para o Progresso da Ciência - CNPQ | ||
Palavras-chave: Dengue; Controle Biológico; Betta splendens . | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |