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G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 5. Relações Internacionais | ||
OS ESTADOS UNIDOS E A ALIANÇA PARA O PROGRESSO NA AMÉRICA LATINA | ||
HENRIQUE ALONSO DE A. R. PEREIRA 1 (henriquealonso@yahoo.com) | ||
(1. Depto. de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
No início da década de 1960, a América Latina tornou-se a primeira prioridade da agenda externa dos Estados Unidos que formulou e engendrou a criação da “Aliança para o Progresso”. Criada oficialmente no Encontro Extraordinário do Conselho Econômico e Social Interamericano, realizado em Punta del Este, no Uruguai, no período de 5 a 17 de agosto de 1961, a "Aliança para o Progresso" pretendia ajudar e acelerar o desenvolvimento econômico na América Latina. Na tentativa de garantir o estabelecimento de governos "plenamente democráticos" foi produzida uma carta de intenções que propunha uma série de melhorias na distribuição de renda do continente latino-americano, reforma agrária e o desenvolvimento de planejamentos econômicos e sociais. Os países latino-americanos (com exceção de Cuba) comprometeram-se com um programa de investimentos da ordem de 80 bilhões de dólares por 10 anos. Os Estados Unidos da América concordaram em fornecer cerca de 20 bilhões de dólares. Se oficialmente o objetivo dos EUA era promover o progresso econômico da América Latina através de uma aliança com todos os países do continente, oficiosa e veladamente tratava-se do processo de enfrentamento do "perigo" comunista no continente. Em 1959, tal "perigo" havia se materializado na "Revolução Cubana" que, por sua vez, constituiu grande entrave ao controle estadunidense sobre a América Latina. |
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METODOLOGIA:
As principais fontes para este trabalho foram documentos produzidos pelo governo norte-americano, especialmente pelo Departamento de Estado (órgão responsável pela formulação e gestão da política externa), como também outros elaborados pela Organização dos Estados Americanos. Estes documentos foram coletados entre 2002 e 2003 em arquivos localizados na região metropolitana de Washington, D.C. No trabalho de análise destas fontes, realizado entre 2003 e 2004, procurou-se fazer com que elas tivessem o seu significado e lugar problematizados não só se buscando as condições de sua produção (quem fala, para quem, em que redes sociais está imerso). Pretendeu-se ainda multiplicar seus sentidos, ou os discursos que elas enunciavam, para que não se enquadrassem apenas como falas acabadas. Nesse sentido investigaram-se outras produções discursivas que, não constituídas para representar de modo explícito determinadas situações, colocam em cena categorias, representações e noções orientadoras das mais variadas práticas. Trilhando este caminho, o trabalho com as fontes procurou utilizar-se da análise do discurso como metodologia. Neste sentido, procurou-se estudar os mecanismos dos discursos enunciados nos textos não apenas para detectar o que os homens haviam querido dizer não apenas em suas palavras e seus escritos, mas também como conseguiram controlar a produção deste discurso que era enunciado. A análise do discurso que se empreendeu foi em especial do discurso político. |
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RESULTADOS:
A “Aliança para o Progresso” falhou em alcançar sua meta de construir sociedades democráticas, prósperas e socialmente justas. Durante a década de 1960, várias mudanças extra-constitucionais de governo, muitas vezes resultantes de golpes de estado, abalaram a América Latina. Apenas durante o período da gestão John Fitzgerald Kennedy, entre 1961 e 1963, grupos militares, na maioria das vezes com apoio dos Estados Unidos, derrubaram e destituíram seis presidentes eleitos e com apoio popular. No fim da década de 1960, o governo norte-americano voltou sua atenção e seus investimentos internacionais para a guerra do Vietnã, e os recursos para a “Aliança para o Progresso” foram sendo drasticamente reduzidos, especialmente a partir de 1966. Além disso, a maioria dos países do continente latino não cumpriu o acordo de investimentos que havia sido assinado em 1961. Em 1973, a Organização dos Estados Americanos extinguiu o conselho permanente que havia sido criado para implementar e gerenciar a “Aliança para o Progresso”. |
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CONCLUSÕES:
Os desdobramentos das ações da política externa do governo dos Estados Unidos na América Latina estiveram muito distantes das propaladas intenções de contribuir para o estabelecimento de governos “plenamente democráticos”, quando do lançamento oficial da “Aliança para o Progresso” em 1961. Durante a década de 1960, e também no início dos anos 1970, o continente latino-americano foi varrido por uma série de golpes de Estado que implantaram ferrenhas ditaduras militares. Grande parte destes golpes de Estado teve considerável e significativa ajuda do governo norte-americano. |
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Instituição de fomento: CAPES | ||
Palavras-chave: Relações EUA - América Latina; Aliança para o Progresso; História das Relações Internacionais. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |