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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 1. Bioquímica da Nutrição
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DOS PRINCIPAIS CHÁS CONSUMIDOS NA CIDADE DO NATAL –RN
DJANINE ÂNGELA VILELA RIBEIRO 1 (dj_vielela@hotmail.com), DÉBORA CRISTINA FERNADES DA SILVA 1 e ANA VLÁDIA BANDEIRA MOREIRA 1
(1. Departamento de Nutrição-CCS, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN)
INTRODUÇÃO:
A oxidação de lipídios, ácidos nucléicos ou proteínas por radicais livres, está envolvida na etiologia de doenças crônicas transmissíveis como diabetes, hipertensão, obesidade e câncer. Assim, o uso de antioxidantes é uma das maneiras mais eficientes de minimizar os danos ocasionados pela oxidação. Mckay e Blumberg (2002) afirmaram que os chás são fontes de compostos fenólicos com significativa atividade antioxidante, capazes de inibir ou retardar o processo oxidativo nas doenças crônico-degenerativas e o processo de envelhecimento celular. Moreira e Mancini-filho apresentaram dados de uma mistura de especiarias (mostarda, canela e erva doce), em um volume experimental equivalente à medida caseira de uma xícara chá/dia. Esta foi capaz de inibir as enzimas lipooxigenase e ciclooxigenase que participam da síntese de eicosanóides de resposta inflamatória. Povoa Filho (1995), mostra que foram isolados de chás, vários antioxidantes naturais com ação bloqueadora da formação de malonildialdeído (MDA), que é um dos produtos finais da peroxidação lipídica. Diante da relevância dessas afirmações, e por se tratar de uma bebida universalmente aceita, motivo de reflexões quanto as suas propriedades terapêuticas, o presente estudo investigou os principais chás consumidos na cidade do Natal e avaliou o potencial antioxidante dos mesmos.
METODOLOGIA:
Foram aplicados questionários, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com humanos (UFRN) em indivíduos adultos freqüentadores do Centro de Ciências da Saúde da referida instituição, os quais receberam todas as informações e procedimentos do referido projeto. Para as atividades laboratoriais, as ervas foram adquiridas em comércio, as quais foram utilizadas para elaboração de chás no laboratório de Técnica Dietética/CCS/UFRN, utilizando concentrações per capta (1-2g/xícara). Os chás foram avaliados segundo seu potencial antioxidante utilizando o sistema aquoso de co-oxidação de substratos, utilizando ácido linoléico e beta-caroteno. Esse sistema foi mantido a uma temperatura de 50° C e medidas espectrofotométricas de absorbância foram monitoradas a 470 nm a cada 15 minutos durante 1 hora. A solução inicial foi diluída até apresentar densidade ótica entre 0,600 e 0,700 nm. As percentagens de inibição da oxidação foram calculadas da seguinte forma: a diminuição da densidade ótica do controle (D.O. inicial – D.O. final) foi considerada 100% de oxidação. A queda na leitura da densidade ótica das amostras foi correlacionada com o controle e se estabeleceu a percentagem de inibição da oxidação, subtraindo-se a percentagem de oxidação de cada amostra de 100. As análises estatísticas dos questionários aplicados aos consumidores foram feitas através do programa EPI INFO, versão 6.04; e, para os testes de atividade antioxidante o programa INSTAT 2.0; ambos com nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
No mundo inteiro o conhecimento de fototerapia tem avançado rapidamente. A flora brasileira tem espécies diferentes de ervas e mais de 40% dos medicamentos farmacêuticos produzidos têm princípios ativos retirados das plantas. Embora algumas ervas ainda não tenham sido estudadas, há uma indicação prática milenar em razão de êxitos terapêuticos. Sua prática é caracterizada como “tradicional” pela ANVISA validada pela medicina popular. Quanto aos participantes, esses foram indagados sobre o consumo ou não de chás, 55% responderam que sim, porém sem diferença estatística (p>0,05) entre os que não consumiam. Deste percentual de consumidores de chás, foram citados 33 (trina e três) tipos de chás, os quais os mais consumidos são: Pneumus boldus, Matriacaria recutita e Cymbopogon citratus, popularmente conhecidos por boldo, camomila e erva cidreira, respectivamente. Já para a atividade antioxidante dos chás, a concentração de 200 ppm foi a que apresentou a melhor proteção contra a oxidação, com valores de 56,51 %, 22,86%, 38,92 %, 35,55%, 23,64 % para os chás de boldo, erva cidreira, erva doce, mistura de ervas (mostarda, canela e erva doce) e camomila, respectivamente. Por meio de comparações estatísticas (ANOVA) e diferenças estatísticas para valores de p<0,05 (Tukey), o chá de boldo, camomila e mistura teste apresentaram relevante papel antioxidante sem diferença estatística entre si, porém superior aos chás de erva doce e cidreira.
CONCLUSÕES:
Dos chás consumidos, há um destaque para o boldo e camomila pela sua freqüência de consumo e atividade antioxidante. Com isso é importante destacar o processo da infusão, onde o calor e a água ajudam a decompor as paredes das células das plantas e permitir a dissolução de seus componentes, algo que nem sempre é garantido durante o processo de digestão no estômago e no intestino. Confirmando assim, a importância da dietética na manipulação de ervas e especiarias para o consumo humano, onde os infusos, neste caso, são relevantes. Outro fator relevante foi à baixa concentração utilizada (200ppm) e a resposta antioxidante dos principais chás consumidos em Natal/RN, quando comparado ao uso de cápsulas de especiarias, para fins fitoterápicos, os quais suas ações podem estar potencializadas e possíveis efeitos adversos de difícil previsão. Este fato é devido à maioria dos compostos fenólicos solubilizados em infusões, apresentam atividade antioxidante, onde a concentração e quantidade ingeridas são fundamentais para a determinação do seu provável efeito protetor. Assim, lembrando o conceito de antioxidante que é a substância capaz de prevenir reações oxidativas em pequenas concentrações, passa a ser o fator determinante e um dos pontos de controle para a segurança alimentar nos consumos de chás, para garantir a provável resposta fitoterápica sem os indesejáveis efeitos adversos.
Instituição de fomento: PPG/UFRN
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  CHÁS; ATIVIDADE ANTIOXIDANTE; CONSUMO DE CHÁS.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005