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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

PRODUÇÃO DE MUDAS DE Digitalis purpurea EM SUBSTRATO DE TURFA CONDICIONADO POR CASCA DE ARROZ CARBONIZADA

Rejane Cristina Roppa Kuss 1 (rkuss2003@yahoo.com.br), Rogério Antônio Bellé 2, Samuel Roggia 3, Luciléia Mann 4, 5 e Rogério Pietrzacka 5

(1. Programa de Pós-Graduação em Eng. Agrícola, UFSM, Santa Maria/ RS; 2. Depto. de Fitotecnia, UFSM, Santa Maria/ RS; 3. Programa de Pós-Graduação em Agronomia, UFSM, Santa Maria/ RS; 4. Depto. de Fitotecnia, UFSM, Santa Maria/ RS; 5. Graduandos do Curso de Agronomia, UFSM, Santa Maria/RS)

INTRODUÇÃO: O digitalis é uma planta com finalidade medicinal e ornamental, que contém uma série de substâncias ativas muito importantes em farmacologia e empregadas com ação cardiotônica, cicatrizante e diurética. O uso de plantas para fins farmacológicos requer um produto de qualidade e isento de produtos químicos como herbicidas e pesticidas. O plantio ordenado a partir do transplante de mudas é uma alternativa que facilita o manejo das ervas daninhas eliminando com isso o uso de herbicidas. Como a espécie é sensível à competição com invasoras, o plantio em linhas facilita o controle mecânico das mesmas. O cultivo de mudas de digitalis em bandejas requer um substrato estruturado, que proporcione uma boa consistência de torrão, tenha boa fertilidade além de um equilíbrio entre aeração e capacidade de retenção de água. A turfa é um substrato que atende parte dessas características, onde o principal inconveniente está em sua alta retenção de água e no alto custo. O uso de casca de arroz carbonizada como condicionante é uma alternativa que proporciona uma melhoria da aeração dos substratos e ao mesmo tempo reduz o custo de produção das mudas. Além da sua fácil obtenção é uma forma de dar um destino adequado aos resíduos agroindustriais das regiões produtoras de arroz. Assim, este trabalho foi realizado com o objetivo de determinar a melhor proporção volumétrica de casca de arroz carbonizada como condicionante em turfa para a produção de mudas de qualidade de Digitalis purpurea.

METODOLOGIA: O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Setor de Floricultura do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria, de maio a julho de 2003. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco repetições. Os tratamentos testados foram: turfa pura (substrato comercial Turfa Fértil ®, TF) e em mistura com casca de arroz carbonizada (CAC), nas seguintes porcentagens volumétricas: 20, 40, 60 e 80 % CAC. Foram semeadas 3 sementes/alvéolo em bandeja de isopor de 128 alvéolos. Duas semanas após a emergência as plantas foram desbastadas ficando uma planta/alvéolo. O método de irrigação utilizado foi a subirrigação, sendo que a fertirrigação foi com solução nutritiva na concentração de 100 mg.L-1 de N, em duas aplicações. Foram avaliadas dez plantas por bloco na sexta semana após a emergência, quando as mesmas atingiram o ponto de transplante. As variáveis avaliadas foram: massa verde, massa seca total, massa seca da raiz, número de folhas, área foliar e consistência do torrão. Para a massa verde considerou-se a planta inteira, as massas secas foram obtidas do material seco em estufa, para o número de folhas foram consideradas apenas as folhas abertas, a área foliar foi medida em mesa digitalizadora e a consistência do torrão foi avaliada em uma escala de notas de 1 a 5. Os dados avaliados foram submetidos à análise estatística pelo software SOC/NTIA, e as médias foram comparadas pelo Teste de Duncan a 5 % de probabilidade.

RESULTADOS: Observou-se que a massa verde e a massa seca total decresceram com o aumento da porcentagem de CAC na mistura, não havendo diferença significativa entre o cultivo com TF com 20 % de CAC, TF com 30% de CAC e TF com 40 % de CAC. Para a massa seca da raiz não houve diferença significativa entre o cultivo com TF e TF com 20 % de CAC, que foram os melhores valores seguidos de TF com 40 % de CAC e TF com 60 % de CAC, sendo que para TF com 80 % de CAC a massa seca da raiz foi a menor. O cultivo de digitalis em TF apresentou o maior número de folhas não diferindo estatisticamente do cultivo em TF com 20 % de CAC e em TF com 40 % de CAC, sendo que também não houve diferença significativa entre TF com 20 % de CAC, TF com 40 % de CAC, TF com 60 % de CAC e de TF com 80 % de CAC. A maior área foliar foi obtida com TF pura e foi de 122,11cm2, não diferindo significativamente de TF com 20 % de CAC e TF com 40 % de CAC, este último também não diferiu dos tratamentos TF com 60 % de CAC e TF com 80 % de CAC. Para o parâmetro consistência do torrão não houve diferença significativa entre nenhuma das misturas testadas, sendo que todas as misturas apresentaram uma boa consistência de torrão, pois essa foi beneficiada pelo denso sistema radicular da espécie. O tratamento TF com 80 % de CAC não mostrou bons resultados por reduzir a quantidade de nutrientes disponíveis às plantas e por aumentar muito a drenagem reduzindo conseqüentemente a capacidade de retenção de água dos substratos.

CONCLUSÕES: A análise dos resultados levou a concluir que a melhor proporção volumétrica de casca de arroz carbonizada como condicionante em turfa (Turfa Fértil®) para a produção de mudas de qualidade de Digitalis purpurea é de 20 %. Sendo que, o acréscimo de até 60 % de CAC em mistura com turfa é viável para a produção de Digitalis purpurea sem comprometer a qualidade das mudas.

Palavras-chave:  digitalis; turfa; casca de arroz carbonizada.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005