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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
Faça uma célula no Museu da Vida – Fiocruz:
construindo estratégias para novos modelos do mundo microscópico
Cinthia Bernardes Gomes 1 (beromes@coc.fiocruz.br), Maria Paula de Oliveira Bonatto 1 e Paulo Henrique Colonese 1
(1. Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz)
INTRODUÇÃO:
A Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde, atua em pesquisa, produção, controle de qualidade, educação e promoção da saúde. Aqui, o Museu da Vida desenvolve atividades de educação não formal promovendo a divulgação científica para contribuir com o acesso á cidadania e qualidade de vida. Nossas estratégias enfocam temas de saúde e tecnologia de forma lúdica e criativa através de exposições permanentes que oferecem atividades interativas, multimídias, teatro, vídeo e laboratórios, buscando integrar ciência, cultura e sociedade.
Faça uma célula é uma atividade permanente do Parque da Ciência criada a partir de pesquisas para compor de forma interativa o contexto de um salão de jogos. Tem o objetivo de sensibilizar o público para o conceito de célula como unidade da vida, entidade dinâmica envolvida em processos de comunicação e transformação de energia.
Este trabalho enfoca as etapas de pesquisa envolvidas na construção desta atividade, que gerou uma técnica de exposição onde o visitante contribui para gerar o acervo que se modifica a cada visita.
METODOLOGIA:
A exposição permanente do Parque da Ciência aborda os temas energia, comunicação e organização da vida. Para isto foram construídas bancadas para observação em microscopia, estereoscopia, observações de modelos tridimensionais, e observações de imagens de micrografias através de jogos impressos em peças magnéticas. No processo de criação deste espaço a curadoria da exposição sentiu a necessidade de criar elementos interativos para conceituar células que divergissem do enfoque tradicional escolarizado, onde tem predominado a nomenclatura de organelas formando um conceito estático que muito se distancia da entidade viva e dinâmica que a realidade da pesquisa em microbiologia tem mostrado. Neste sentido foi iniciado um diálogo entre educadores e especialistas em citologia e microbiologia para identificar principais características de células e suas organelas, proporções de tamanhos entre elas e texturas. Foram feitas diversas discussões abordando analogias possíveis para a criação deste modelo e a escolha de principais materiais pertencentes ao dia a dia da pessoa comum que servissem para construir um modelo que propiciasse a percepção de uma célula de forma inovadora. Este processo durou cerca de seis meses e em sua etapa final realizamos testes com os materiais escolhidos, bem como escolhemos micrografias que seriam disponibilizadas ao público para compor a exposição delimitando as diferenças entre o modelo criado e as fotos obtidas a partir de observação direta.
RESULTADOS:
Como resultado criamos a atividade “Faça uma célula!”. Dura cerca de 20 minutos e parte de uma conversa que serve para situar o mediador sobre conceitos prévios do visitante, evitando termos técnicos e aproximando a construção do modelo a imagens do dia a dia. Dois sacos plásticos são utilizados para modelar a dupla membrana celular e todas as organelas internas foram feitas do mesmo material, segundo a realidade da microscopia. Gel para cabelo representa o citoplasma e o conteúdo gelatinoso interno de cada organela. Purpurinas representam moléculas espalhadas como enzimas no interior da célula e organelas. O visitante vai juntando estes elementos com o apoio do mediador e, depois de ter sua célula montada, esta é levada a uma seladora elétrica que veda por aquecimento. A célula é colocada em uma estante ao lado de outras células produzidas gerando um modelo de tecido celular.
Evidenciamos que o público é apresentado à célula com ênfase nas funções de cada organela, ao invés da tradicional ênfase na nomenclatura. É estimulado a diferenciar características das organelas celulares por meio da observação de cores e formas, participando de observações ao microscópio e de micrografias. Alertamos que as cores são fictícias, e que o cientista também colore as células para observá-las ao microscópio. Buscamos levar o visitante a construir idéias que mais se aproximam da realidade do mundo microscópico através de reformulações sucessivas de seus próprios modelos mentais.
CONCLUSÕES:
Temos realizado esta atividade desde o ano 2001 na exposição permanente do Parque da Ciência adaptando sua linguagem para crianças, jovens e adultos de diversos contextos sócio-econômicos que mostram uma grande atração pelo material. Observamos, no entanto que crianças pequenas (até seis anos de idade), apresentam dificuldades para manter a concentração diante de explicações mais detalhadas, atendo-se à experiência sensorial propiciada pelas características do modelo. Neste sentido indicamos que a atividade seja associada a explicações apenas para crianças a partir da terceira ou quarta séries, sendo bem recebida por diversas faixas etárias e níveis de escolaridade.
Museus de Ciências têm se destacado pela iniciativa de criar atividades interativas para superar as estratégias tradicionais de construção de conceitos educativos, anteriormente abordados apenas nas escolas. Faça uma célula mostrou-se como uma atividade de grande atratividade para o público em geral e tem contribuído como estratégia para a construção de modelos mais atualizados em microscopia tão necessários para as demandas do cidadão da atualidade.
Instituição de fomento: Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ
Palavras-chave:  educação em ciência; modelos mentais; microbiologia.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005