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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
MAPEAMENTO DE USO E OCUPAÇÃO NO LITORAL LESTE DE BEBERIBE - CEARÁ
Ponciana Freire de Aguiar 1, 2 (ponciana17@hotmail.com), George Satander Sá Freire 2, Sérgio Ricardo Pinto Nogueira 2, Rodrigo Guimarães de Carvalho 2 e Denise Maria Santos 2
(1. Depto. de Geociências, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Depto. de Geociências, Universidade Federal do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
O conhecimento do uso da terra em áreas costeiras é fundamental no entendimento da organização e uso dos recursos terrestres, nesse contexto, o mapeamento torna-se essencial, funcionando como uma atualização sistemática de registros de uso do solo para análise ambiental, já que o uso e ocupação desordenados vêm degradando, de forma crescente, recursos naturais de todo mundo, como os estuários, dunas, lagoas costeiras, etc. A área fica localizada no litoral leste do estado, a uma distância média de Fortaleza de 90,5 Km, tendo como limite leste o rio Piranji, Km 107, abrangendo a área de entorno das Lagoas Costeiras de Paripueira, do Sal, e de Dentro. O uso da automação permite obter, em curto prazo, grande quantidade de dados acerca dos ambientes costeiros, com o uso de imagens multiespectrais, e de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, funcionando de forma útil na confecção de mapas, para a detecção dos diversos tipos de usos e mudanças nas paisagens. O objetivo geral da pesquisa foi mapear o uso e ocupação no litoral leste de Beberibe, e os específicos foram: caracterizar os aspectos sócio-econômicos da área, realizar estudo espaço-temporal na área através de imagens multitemporais, e elaborar mapa de uso e ocupação da área. A pesquisa é relevante por não existir nessa área, estudos mais detalhados em grandes escalas, que permitam obter mais informações sobre a utilização dos recursos ambientais na área, podendo vir a servir para estudos ambientais futuros.
METODOLOGIA:
Foi realizado um levantamento bibliográfico, e documental da área, através de consultas a livros, instituições públicas e prefeitura da área, e posterior avaliação desses dados. Em janeiro de 2004 foi feito um campo, para realização de questionários com a comunidade da área, e em laboratório, foram tratados os dados estatisticamente através do programa Excel 2000. Foi gerado um banco de dados (BD) em formato Dbase, com os dados sócio-econômicos dos diferentes distritos, sendo importados e trabalhados no SIG (Sistema de Informação Geográfica) ArcGis 9.0. Escolheu-se a escala 1: 50.000 para realizar o mapeamento. Nesse contexto, a primeira etapa do mapeamento foi a delimitação da área e a confecção de uma base cartográfica a partir base cartográfica do INCRA da área, de 1: 25.000, e a atualização dos dados foi a partir de imagens satélite LANDSAT. Foi feito, para o estudo da evolução do uso e ocupação da área, um estudo espaço-temporal, utilizando imagens do satélite LANDSAT sensor TM multitemporais e multiespectrais, dos anos 1986, 1989, 2000 e 2002. Para o mapeamento do uso e ocupação foram utilizadas além de imagens, fotografias aéreas disponíveis no IDACE e DNOCS, mais antigas, e da Aerophoto Nordeste, de 2000. As imagens e fotografias foram georreferenciadas e tratadas em formato digital, nos softwares AutoCad e ArcGis 9.0., onde a interpretação e processamento desses produtos gerou o mapa final de uso e ocupação do solo, tabelas e gráficos para melhor ilustrar os dados.
RESULTADOS:
Em relação aos aspectos sociais o município de Beberibe possui uma população total de cerca 42.351 habitantes, onde a maior parte localiza-se no litoral, nos distritos de Beberibe (sede) com cerca de 16.432 habitantes, 38,81% do total, Parajuru com um total aproximado de 4.859, cerca de 11,48%, Paripueira com 4.031, contando 9.52% dos habitantes, distrito do litoral com menor número de habitantes, Sucatinga com 9.394, ou 22.19%. No interior do município tem-se o distrito Serra do Félix com 5.635 habitantes, 13.31%, e Itapeim com 1.992, é o distrito com menor número habitantes do município, cerca de 4.70%. No geral a economia do município baseia-se na agro-pecuária, mineração e turismo, como nas culturas de cana-de-açúcar, côco-da-bahia, mandioca, milho e feijão, e na pecuária de bovinos, suínos e aves. O uso das imagens no estudo espaço-temporal mostrou que a ocupação na sede de Beberibe teve um avanço da urbanização, que se intensificou nos últimos anos, já na área de estudo não teve muitas alterações no uso e ocupação. O mapeamento do uso e ocupação, os questionários e estudos dos aspectos sócio-econômicos da área mostraram que a população da área, quase 70% da população residente nos distritos de Paripueira, Parajuru e Sucatinga, vive em sua maioria na zona rural, sendo que a economia é basicamente rural, com atividades agropecuárias predominante de subsistência com principais culturas de côco, caju, mandioca, milho; criação de bovinos, caprinos e ovinos, e da pesca.
CONCLUSÕES:
A área de estudo utiliza-se basicamente da área rural, culturas de subsistência, pesca e pecuária, e alguma utilização dos recursos naturais para o turismo, como na Prainha do Canto Verde, nas lagoas costeiras e estuários, sendo um uso pequeno, em relação à sede. Conclui-se que o mapeamento na escala de detalhe obteve bom êxito, por mostrar mais detalhes e atualizar os dados de uso e ocupação da área, e ainda, o uso das imagens para o estudo da evolução urbana na área foi muito importante e útil, pois se obteve uma boa observação espaço-temporal, no que diz respeito às mudanças ocorridas no espaço. O avanço da urbanização na sede de Beberibe encontrado com o uso das imagens é, provavelmente, conseqüência do turismo que se intensificou nos últimos anos, atraindo a população da zona rural para a urbana, causando alterações no meio natural, e no meio de vida da população que, por exemplo, diminuiu o uso da pesca artesanal. As principais atividades impactantes na zona costeira de Beberibe, incluindo a área de estudo, estão vinculadas ao turismo, a pesca industrial, a carcinocultura, a agricultura, que causa o desmatamento, atividades que degradam as principais paisagens e ecossistemas da área, como as falésias, campos de dunas, praias arenosas, estuários com manguezais, e os tabuleiros litorâneos. As comunidades da área sempre se reúnem, e devem ter papel fundamental nos programas de gerenciamento, de participação e mobilização, lutando pelo desenvolvimento sustentável da área.
Instituição de fomento: FUNCAP
Palavras-chave:  mapeamento; uso e ocupação; zona costeira.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005