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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 1. Administração Geral e Gestão Estratégica
DISCUSSÃO SOBRE A GESTÃO DAS ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO – EP’s DE CONTEÚDO E DE PROCESSO - NO SEGUIMENTO EDUCACIONAL
Sandra Leandro Pereira 1 (leandrlu@terra.com.br), José Bezerra Honório 1 e Rodrigo Cesar Reis de Oliveira 1
(1. Depto. de Administração, Universidade Federal da Paraíba - UFPB)
INTRODUÇÃO:
As Estratégias de Produção – EP’s – são essenciais para a criação de diferencial competitivo e consolidação das empresas em mercados cada vez mais exigentes e dinâmicos. Estabelecer estratégias de processos e de conteúdo significa considerar a relevância da função produção como fonte de crescimento pró-ativo organizacional. Segundo Slack et al (2002), estratégia de processo se refere à forma pela qual a estratégia de produção é formulada, enquanto que estratégia de conteúdo trata dos planos, políticas e comportamentos que a produção escolhe para seguir.
Embora há muito tempo represente grande potencial prático para as empresas, as EP’s são recentes nos estudos organizacionais. A partir de meados dos anos 90, alguns autores (Mills et al, 1995) argumentam que o aperfeiçoamento dos processos para o desenvolvimento e implementação de estratégias de produção consiste em desafios significativos para pesquisadores e profissionais. No setor de serviços, o estudo das EP’s mostra-se ainda mais latente devido à escassez de abordagens sobre tal temática.
Essa pesquisa centrou-se no processo de gestão da produção, tendo o conhecimento como componente estratégico na efetivação de serviços educacionais. Nela discutiu-se as estratégias de conteúdo e de processo existentes numa escola particular de João Pessoa - PB, considerando-se impedimentos e respectivos mecanismos de correção utilizados para o equilíbrio e harmonia entre tais estratégias a partir da perspectiva de seus dirigentes.
METODOLOGIA:
O estudo teve caráter exploratório-descritivo, classificado como pesquisa qualitativa, no qual se examinaram aspectos conceituais relativos à gestão estratégica da produção à guisa de orientação de diferentes modelos teóricos, que abordam estratégias de conteúdo e de processo (Slack, Hill e Platts-Gregory) e outros específicos a serviços (Corrêa e Gianesi). Seu marco de orientação esteve voltado aos serviços educacionais, tendo um planejamento flexível para possibilitar a consideração de diversos aspectos do problema, bem como observando recomendações de diferentes metodologistas (Cervo, 1996 e Dihl e Tatim, 2004).
Foram utilizados instrumentos qualitativos de coleta e análise de dados como: entrevistas semi-estruturadas e observações não-participantes, para abordar variáveis não evidenciadas num primeiro momento. Dados documentais relativos a manuais, folderes, relatórios e fichas de avaliação foram reunidos e avaliados, visando complementar o acervo das entrevistas e das análises relativas às estratégias de conteúdo, em paralelo aos processos de trabalho utilizados pela organização estudada, aqui decodificados como estratégias de processo. As entrevistas foram realizadas com diretores, coordenadores e professores, sendo auxiliadas pelas observações locais não-participantes, para se obter maior amplitude de conhecimento acerca dos processos para desenvolvimento e implementação das estratégias de conteúdo e quais os entraves para o seu equilíbrio.
RESULTADOS:
Sobre as estratégias observou-se que os conteúdos são bem expressos pela missão da escola e os processos se ancoram nas reuniões para avaliação e controle do processo produtivo (com docentes e equipe pedagógica) e feedback dos clientes (com os pais), sendo capazes de identificar falhas e problemas que podem redundar em mudança no processo ou no conteúdo das estratégias.
Segundo os pesquisados, a harmonização das estratégias conteúdo-processo permeia a complexa tarefa de manter a estabilidade empresarial ante a volubilidade de mercado e desafiadora busca pela satisfação dos clientes. Os entrevistados citaram conflitos gerenciais, como o desinteresse do alunado e a insatisfação dos pais, diante da postura educacional da escola, causando barreiras ao efetivo equilíbrio entre conteúdo e processo.
Neste caso, constatou-se que gerir estrategicamente o processo de produção de modo a satisfazer o cliente potencial nem sempre significa prestar um serviço de excelência aos olhos do cliente, no sentido dos processos desenvolvidos e conteúdos idealizado para tais processos. Para garantir o sucesso das estratégias de conteúdo e conseguir seu efetivo equilíbrio com as de processo, a organização buscou desenvolver a parceria com pais e alunos e criar processos como mecanismos de auxílio ao vestibular, sistemas de acompanhamento disciplinar, projetos que desenvolvam a consciência crítica individual e cidadã além de seleção de docentes baseadas em critérios técnicos e de valores.
CONCLUSÕES:
Os resultados evidenciaram como a escola trabalha suas EP’s, entretanto percebeu-se que seus dirigentes e coordenadores as fazem desvinculadas da gestão estratégica. Não se tem a visão de que a educação pode ser caracterizada como um produto, demandando análise além da Pedagogia, incorporando especificidades da gestão de serviços. Contudo, nem por isso a escola passa a ser menos profissional, guiando-se pela experiência de seus membros no ramo educacional, a organização tornou-se capaz de crescer, talvez por existir uma incessante busca de confiabilidade por meio de suas ações e o atendimento das demandas de seus clientes; mesmo que estas muitas vezes se apresentem conflitantes. Os processos de formulação e reformulação de estratégias parecem ser o instrumento que solidifica o equilíbrio entre as estratégias de conteúdo e processo. Neste momento, verificou-se a flexibilidade e criatividade da escola em abandonar algumas práticas pedagógicas e adotar outra didática, nova e criativa, tendo em vista seus valores (respeito, igualdade, espiritualidade e sensibilidade).
Nesta perspectiva, foi possível se inferir que o processo de gestão estratégica da produção não se vale apenas das formas de obtenção dos conteúdos das estratégias, mas também, da forma como são implementadas as estratégias de conteúdo, pois nelas devem estar incrustadas as políticas da empresas, além de demonstrar a capacidade da empresa de alcançar seus propósitos, e deste modo equilibrar conteúdos e processos.
Palavras-chave:  Gestão Estratégica; Estratégias de Produção - EP's; Serviços.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005