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G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DA AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA EM PERNAMBUCO (1932-1937)
Ana Karina Santiago de Siqueira 1 (ak.santiago@bol.com.br) e Giselda Brito Silva 2
(1. Graduanda do Departamento de Letras e Ciências Humanas-UFRPE; 2. Profa. Dra. Do Departamento de Letras e Ciências Humanas-UFRPE)
INTRODUÇÃO:
Nosso trabalho apresenta os resultados da pesquisa em torno das “Perspectivas da Educação na Ação Integralista Brasileira em Pernambuco (1932-1937)”. Onde analisamos como se dava o processo educacional dentro dos Núcleos Integralista deste Estado com base nos documentos da Ação Integralista Brasileira e de algumas escolas onde se processava o ensino “Integral” proposta pelos integralistas. Nos núcleos integralistas procuramos analisar a estrutura e função do ensino que tinha por finalidade alfabetizar para o voto, especialmente após o ano de 1936, quando temos Plínio Salgado, Chefe Nacional dos integralistas, candidato a Presidente da República. Neste caso, mostraremos que as escolas e o ensino integralistas tinham por finalidade ensinar crianças e adultos que deveriam ser alfabetizados também para uma dada formação política. Devido ao lema “Deus, Pátria e Família” as escolas e perspectivas educacionais integralistas contaram com o apoio de algumas escolas católicas, visto que a AIB (Ação Integralista Brasileira) também tinha a preocupação de educar para a manutenção das tradições, valores, moral e civismo. Acreditamos assim, poder demonstrar, através das nossas pesquisas, que as atividades no campo da educação entre os integralistas tinham uma finalidade bem maior do que simples proposta de alfabetização. Educar caracterizava-se para esse grupo: formar politicamente para engrossar as fileiras integralistas no contexto dos anos 30 em Pernambuco e no Brasil.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada em nossa pesquisa tem sido basicamente a leitura, análise e interpretação dos documentos escritos produzidos pela AIB, Jornais e Escolas deste período. Na perspectiva historiográfica deveremos trabalhar com o auxílio de representantes da Terceira Geração dos Annales, especialmente aqueles que se aproximam da Análise do Discurso na História, visto que nos interessamos por analisar as práticas discursivas e não discursivas dos integralistas no campo da educação. Nosso lugar é, então, a Nova História Política, que não concebe o político fora do cultural, na medida em que deveremos ver o entrelaçamento da educação com a política dentro de um movimento denominado de cunho autoritário e hierárquico, mas que atuava no campo cultural e da simbologia.
RESULTADOS:
Em nossas pesquisas observamos a grande importância que a Ação Integralista Brasileira depositava na educação. Na educação popular, foi dada ênfase a alfabetização de crianças e adultos, principalmente após o ano de 1936, quando a A.I.B. assume a condição de partido político, mas, sobretudo, é dada ênfase à educação política da população em todo o tempo, baseada hierarquicamente na transmissão de valores morais. É importante citar que o movimento integralista se desenvolveu durante a década de 1930, num contexto pós Semana de Arte Moderna em São Paulo. Trata-se de um contexto resultante de uma reforma na educação com a chamada: “Escola Nova”. Nesta nova perspectiva educacional, as teorias de Montessori e Lubienska eram as mais aceitas nas escolas católicas, por darem valor à educação religiosa. O que não era comum entre os pensadores da Escola Nova que em sua maioria possuíam uma posição mais neoliberal. Em 1934, a AIB lança pelo Congresso Nacional de Vitória (ES), a Secretaria Nacional da Educação no Estado de Pernambuco, com a função de controlar as escolas mantidas pela A.I.B.-PE nos diversos núcleos. Estes Núcleos ficavam a cargo das mulheres integralistas, as blusas-verdes, responsável pela educação dos Plinianos e da alfabetização dos adultos. Outro dado são os locais de funcionamento destas escolas que tanto podiam estar nos Núcleos Integralistas, como as residências das educadoras, quanto em escolas tradicionais como nos colégios católicos Nóbrega e Marista.
CONCLUSÕES:
Com a pesquisa entendemos o importante papel da Ação Integralista Brasileira no campo da educação deste período, através da qual se preocupavam com a alfabetização, mas com finalidade de formar o sujeito político desejado pelo movimento. Sua importância cresce no clima da sucessão presidencial, quando Plínio Salgado decreta, pelo Gabinete do Archi-Provincial o ato nº 64, obrigando todos os membros da AIB-PE a dedicar as terças-feiras ao trabalho de educação eleitoral. A arregimentação dos novos soldados, os camisas-verdes, deveriam não apenas ajudar o intelectual e líder integralista, Plínio Salgado, a chegar à Presidência, como também estabelecer uma luta contra o individualismo liberal, especialmente entre os “inimigos da pátria”: os maçons, judeus, protestantes, estrangeiros e comunistas. Ensinar a defender e edificar “Deus, Pátria e Família” e colocar o Integralismo no poder eram, então, as verdadeiras responsabilidades dos “educadores plinianos”.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Integralismo; Educação; Pernambuco.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005