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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
A EXPANSÃO ESPACIAL DAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR EM RECIFE: MERCADO DE TRABALHO E INCLUSÃO SOCIAL
Ana Paula de Lima 1 (analima2002br@yahoo.com.br) e Cláudio Jorge Moura de Castilho 1
(1. Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho busca analisar os fatores e elementos que condicionam e motivam a expansão das Instituições Privadas de Ensino Superior - (IPES) na cidade do Recife, na perspectiva de geração de emprego, renda e inclusão social de significativa parcela de pessoas. Desde o final da década de 1980 o país vem sofrendo privatizações dos serviços sociais públicos, caracterizando o surgimento de um “novo” projeto político que teve início no governo de Fernando Collor de Melo em 1990, passando por Itamar Franco em 1992 e se consolidando nos governos de Fernando Henrique Cardoso no período de 1995 a 2002, caracterizado pelo processo contínuo de desmonte de serviços e equipamentos públicos: saúde, energia, telecomunicações e educação. A partir da década de 1990 o ensino superior, em especial, vem sendo alvo de constantes reconfigurações sócio-espaciais refletindo a lógica da acumulação capitalista contemporânea que se corporificou através das regulamentações geridas pelo Plano Diretor da reforma do aparelho do Estado em 1995, mediante o qual o ensino superior deixava de ser exclusivamente oferecido pelo poder estatal e transferia-se para a competência privada. É nesse contexto sócio-político que procuramos identificar o papel do crescimento das IPES no Recife, tendo por objetivo maior apontar os reflexos deste aumento na inclusão de indivíduos que se encontram fora do mercado de trabalho formal e sua conseqüente mobilidade sócio-espacial.
METODOLOGIA:
Como pressuposto teórico-metodológico, destacamos o desempenho deste fenômeno na produção e reprodução do espaço urbano recifense. Para tanto, realizamos levantamento bibliográfico pesquisando em livros, artigos de periódicos científicos e da imprensa nacional e local, bem como, em sites do Ministério de Educação e Cultura - (MEC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - (SBPC) e outros organismos que disponibilizavam informações sobre o assunto; fizemos também levantamento de dados estatísticos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - (IBGE); realizamos pesquisas de campo a fim de entrevistar e aplicar questionários aos empreendedores e trabalhadores do setor, além de analisar as instalações físico-espaciais destas instituições. Desta forma pudemos fazer uma apreciação acerca das variáveis: as IPES no seu processo de expansão espacial; a dinâmica destas instituições no mercado de trabalho urbano; as perspectivas concretas de inclusão sócio-espacial e as políticas governamentais para o setor; por fim redigimos o relatório final. Tendo também como suporte técnico o uso de computador, impressora, gravador portátil e máquina fotográfica, procuramos estabelecer uma análise quantitativa e qualitativa dos dados e das informações coletados na pesquisa de campo, buscando a apreensão da natureza filosófica do processo de expansão espacial das Instituições Privadas de Ensino Superior em Recife.
RESULTADOS:
Os serviços são contemporâneos ao surgimento dos primeiros núcleos urbanos e vêm, ao longo do tempo, tornando-se uma alternativa para suprir – ao menos aparentemente – a carência de vagas de empregos nas cidades, principalmente nas de grande e médio porte. No entanto, ao longo do nosso trabalho pudemos perceber que em meados da década de 1980, houve profundas modificações nas instâncias político-econômicas e sócio-ideológicas. Conformando um novo modelo sócio-econômico para o país. Nesse sentido os serviços se mostraram com menor capacidade de prover maiores oportunidades de emprego, o que foi verificado na análise do setor em questão. O surgimento das faculdades privadas na cidade do Recife teve início com a criação da FAFIRE - Faculdade Franssinetti do Recife em 1940. Em 1952 a UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco e, em 1970 a FCHE - Faculdade de Ciências Humanas e a ESURP - Escola Superior de Relações Públicas. A partir dos anos 1990, é constatada uma forte ampliação do setor, em âmbito nacional. E em Recife são criadas 21 novas instituições, que em sua maioria se encontram nos bairros centrais e mais nobres da cidade. Tal distribuição espacial segue uma lógica comercial, baseada principalmente na demanda e no poder aquisitivo dos residentes do entorno destes equipamentos. Considerando o volume de capitais financeiro e humano envolvidos, esperava-se uma maior contribuição deste fenômeno na dinâmica do mercado de trabalho o que não foi constatado.
CONCLUSÕES:
As políticas educacionais adotadas em nosso país configuram um dos diversos mecanismos do sistema capitalista para realimentar e manter a sua lógica de funcionamento e reprodução. Seu caráter neoliberal realiza sistematicamente o subjugo da escola, em todos os seus níveis, às necessidades técnicas, éticas e políticas da burguesia nacional. As novas linhas que regulam a educação brasileira correspondem aos ditames do capital internacional. É nesse cenário de dominantes e dominados que a classe trabalhadora e a “classe desempregada” não se acham contempladas com as políticas públicas aplicadas no país. E aquilo que parecia ser uma possibilidade de avanço na qualidade de vida das pessoas revela-se ineficaz para este fim. Obviamente, não podemos negar os subsídios econômicos, sociais e culturais que o evento traz. O fato de Recife estar entre as capitais com grande número deste tipo de instituição mostra a participação do município no cenário nacional, ficando a mesma entre as mais importantes capitais brasileiras, ratificando o seu importante papel no Nordeste do país. Nosso trabalho espera servir de contribuição para a análise sócio-espacial da cidade do Recife e seus elementos dinamizadores, mediante a espacialização das IPES. No tocante às transformações ocorridas em nossa sociedade que produz e reproduz o espaço urbano recifense e por isso, imprescindível para o aprender geográfico.
Instituição de fomento: UFPE/PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Expansão Espacial das IPES; Mercado de Trabalho e Inclusão Social; Mobilidade Sócio-Espacial.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005