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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia | ||
VISÃO DE MUNDO E CULTURA POLÍTICA NA RECEPÇÃO DO HORÁRIO ELEITORAL NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM NATAL - 2004 | ||
Gustavo César de Macêdo Ribeiro 1 (gustavocmribeiro@uol.com.br) | ||
(1. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFRN) | ||
INTRODUÇÃO:
Em seu atual estágio, a pesquisa de recepção dos Horários Gratuitos de Propaganda Eleitoral (HGPE) precisa ser pensada frente à compreensão hegemônica, que grassa tanto no campo de formulações acadêmicas quanto no senso comum, de que os meios massivos, na contemporaneidade, assumem papéis que sobrepujam dinâmicas próprias à política. Desta forma, tal tipo de pesquisa assume os propósitos críticos da reposição dos sujeitos, e sua capacidade de interpretação de sentidos, formulação de discursos e símbolos, frente, neste caso, às superdimensionadas capacidades dos meios massivos. Neste sentido, compreender quais (e como) os elementos da visão de mundo dos eleitores-telespectadores orientam suas leituras dos programas eleitorais televisivos do HGPE é o nosso principal objetivo. Isto pressupõe que compreender as representações que os indivíduos fazem da política, indagando sobre a cultura política na qual estão imersos, é fundamental. Para dar cabo destes objetivos, lançamos mão, durante as últimas eleições municipais na cidade de Natal-RN, de uma pesquisa baseada na utilização da técnica de grupos focais. |
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METODOLOGIA:
Como dito anteriormente, a pesquisa teve a técnica de grupos focais como principal instrumento de coleta de dados. Foram organizados seis grupos, onde os participantes foram divididos através de diferentes critérios, tais com idade, ocupação, gênero e orientação religiosa (todos estes participantes, porém, tinham em comum a proveniência das classes populares). Seguindo algumas pistas de autores que trabalham com a técnica, como Gaskel, por exemplo, os encontros com aqueles grupos funcionavam da seguinte maneira: num primeiro momento, era exibida alguma edição de um “guia eleitoral” com os programas de todos os candidatos ao executivo, logo em seguida, dava-se início a uma discussão, orientada por um roteiro de entrevista não diretiva, com tópicos tanto sobre os assuntos suscitados pelos programas, quanto sobre comportamento eleitoral e cultura política. |
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RESULTADOS:
A análise dos grupos focais em questão deixa bem claro que a rejeição às instituições e atores políticos “oficiais” é o elemento norteador fundamental das falas dos indivíduos. Pode-se destacar que tal rejeição é construída discursivamente pelos participantes dos grupos focais através da associação da idéia de política a um quem (ou seja, a idéia de que há pessoas autorizadas, os “políticos”, a fazer política, que têm “o poder de decisão”, e sobre quais os desígnios nenhum deles, os entrevistados, pode arbitrar), um quando e um onde (noções que relacionam a política a locais e tempos sobre os quais também não se pode arbitrar), além de um como (aonde os entrevistados concebem o proceder daqueles autorizados à política). |
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CONCLUSÕES:
Ao cabo, os programas eleitorais (exibidos e comentados pelos participantes dos grupos focais) funcionaram como “temas geradores”, na acepção dada por Paulo Freire, que levaram os entrevistados a indagações mais amplas sobre política. Neste sentido, cumpriram bem mais o papel de interpeladores, no sentido que Jesus Martín-Barbero dá ao termo, à vivência cotidiana dos indivíduos e sua relação com a política (ou as representações que elaboram sobre a mesma). Desta forma, são estes símbolos advindos de uma vivência específica em relação à política, bem mais do que aqueles que permeiam os programas, mais decisivos para a compreensão destes mesmos programas. |
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Instituição de fomento: CAPES | ||
Palavras-chave: Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral; Cultura Política; Eleições Municipais. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |