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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências | ||
VISÕES DE PROFESSORES E LICENCIANDOS EM QUÍMICA SOBRE “SER BOM PROFESSOR” | ||
Alfonso Gómez Paiva 1 (abib2004@yahoogrupos.com.br), Ana Carolina Ribeiro Gomes 2 e Luiz Fernando C. de Oliveira 3 | ||
(1. 1. Pós-Graduando Interunidades - USP; 2. Pós-Graduanda do Instituto de Química - USP; 3. Pós-Graduando da Faculdade de Educação - USP) | ||
INTRODUÇÃO:
Diversas pesquisas sobre a formação de professores buscam compreender o que os professores devem “saber” e “saber fazer” para darem aulas de boa qualidade. Para Gil-Pérez (2000) pesquisas indicam visões simplistas sobre o ensino de ciências por parte dos professores tanto em exercício como em formação. Eles acreditam que para ser um bom professor basta conhecer bem a matéria e ter algumas noções psicopedagógicas (Furió e Gil-Pérez, 1989; Dumas-Carré et al., 1990). Para Gil-Pérez nossas carências formativas são deficientes a ponto de não termos consciência delas. Maldaner (2003) afirma que os professores de ensino médio tendem a manter, tacitamente as mesmas concepções de ciência química que vivenciaram ou que lhes foi passada na universidade. O conceito de “ser bom professor” pode ser uma questão bastante relativa por estar intimamente ligada ao inconsciente das pessoas, mas reflete uma série de concepções, entre elas aquelas sobre: educação, ensino de química e ciência. O presente trabalho se propõe a analisar as visões que os professores e licenciandos em química possuem a respeito do que é ser “bom professor”. Tal análise pretende estabelecer relações entre as concepções dos professores de química, em exercício, as concepções dos licenciandos em química e as 11 características baseadas em pesquisas sobre o assunto. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada com 5 professores de química do ensino médio em exercício e 3 licenciandos em química. A coleta de dados foi por meio de questionário semi-estruturado. A concepção do grupo sobre ser um bom professor fundamentou-se na bibliografia consultada e resultou em 3 dimensões: o saber, o fazer e o ser. Foram ao todo 11 características encontradas na literatura, algumas comuns a mais de um autor outras presentes em apenas um autor, são elas: 1-Postura afetiva harmoniosa e construtiva com alunos, pais e comunidade; 2-Integração e envolvimento afetivo com a comunidade escolar mostrando comprometimento com a formação cidadã do indivíduo e seu entorno, promovendo a autonomia e a criticidade do aluno; 3-Reflexão sobre a prática docente; 4-Crítica ao ensino habitual; 5-Saber avaliar; 6-Busca pelo conhecimento científico e pedagógico durante a formação inicial e continuada; 7-Preparar atividades e aplicá-las; 8-Conhecer a matéria dada, bem como teorias e métodos de ensino aprendizagem; 9-Promover a interdisciplinaridade; 10-Considerar e realizar experimentação científica como instrumento essencial ao ensino de química; 11-Utilizar o conhecimento prévio dos alunos como referencial para o desenvolvimento do ensino/ aprendizagem. |
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RESULTADOS:
As respostas foram tabuladas e classificadas em 5 categorias: 1. características de Bom Professor; 2. Visão do papel da experimentação; 3. Visão da química; 4. Visão do Ensino de Química e 5. Visão sobre a formação docente. A análise das respostas dos professores e dos licenciandos permitiu identificar pontos comuns e divergentes. Para a maioria dos professores o Bom Professor é aquele que possui as seguintes características das 11 citadas: 1, 6, 7, 8 e 10. Já para os licenciandos as características citadas foram as seguintes: 1, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Licenciandos e professores foram unânimes sobre conhecer a matéria dada (característica 8), no entanto, para os professores ao contrário dos licenciandos as teorias e métodos de ensino aprendizagem não foram citados nos questionários. Em relação a visão da química entre os professores foi possível identificar duas, uma enquanto objeto de estudo desta ciência como se pode observar nessa afirmação: “Tudo tem química envolvida, somos um emaranhado de moléculas...” a outra enquanto ciência que investiga as interações e propriedades dos materiais. Nesse aspecto os licenciandos, na sua maioria, foram evasivos ou não responderam a questão. Os professores acreditam que o ensino de química se faz necessário para a compreensão de fenômenos químicos do cotidiano e os licenciandos citaram que ele é importante para a cidadania. Sobre a formação docente os professores acreditam que foi adequada e os licenciandos, deficitária na área pedagógica. |
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CONCLUSÕES:
Apesar dos professores apontarem como característica de bom professor uma postura afetiva harmoniosa com os alunos o fato de não terem sugerido tal postura com os pais, a comunidade e a equipe escolar demonstra uma carência reflexiva sobre o papel da escola e dos diversos atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A valorização do currículo enquanto instrumento discursivo que promove a identidade dos alunos deve ser alvo de discussões na unidade escolar como, também, nos cursos de formação inicial. Na literatura consultada, tanto professores em exercício quanto licenciandos atribuem importância somente ao conhecimento científico, não atribuindo importância maior aos conhecimentos psicopedagógicos. No entanto nossos dados sugerem que os licenciandos atribuem igual valor tanto para o conhecimento científico como para o psicopedagógico diferente dos professores que atribuíram valor apenas para o primeiro. Tal fato pode ser fruto das diversas discussões ocorridas nos últimos anos sobre o papel e a importância dos cursos de formação inicial. Os licenciandos salientaram a necessidade de uma reflexão sobre a prática docente e crítica ao ensino habitual como características do bom professor o que os professores em exercício não salientaram. Tal resultado pode ser justificado pelo fato dos professores em exercício, na sua maioria, acreditar que a sua formação foi adequada e os licenciandos acreditarem ser deficiente na área pedagógica. |
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Palavras-chave: formação de professores; ensino de ciências; ensino de química. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |