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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 2. Antropologia da Saúde | ||
O UNIVERSO INFANTIL ONCOLÓGICO | ||
Irlena Maria Malheiros da Costa 1 (irlenamaria@hotmail.com) | ||
(1. Depto. de Ciências Sociais, Universidade Estadual do Ceará - UECE.) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente estudo analisou as representações sociais de vida, doença, cura e morte reveladas por crianças de 7 a 13 anos portadoras de câncer – uma doença crônica, grave e estigmatizada – institucionalizadas temporariamente na Casa do Menino Jesus I (CMJ). |
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METODOLOGIA:
A metodologia utilizada nesta pesquisa foi a etnografia com diário de campo. Inicialmente, estabelecemos um contato com os sujeitos sociais com o objetivo de formar um vínculo de confiança com eles. Assim, freqüentamos o lugar semanalmente sem qualquer alusão sobre a pesquisa, apenas convivendo como qualquer visitante o faz. Posteriormente, já cientes da pesquisa, fizemos uma série de entrevistas gravadas, do tipo semi-estruturada, com crianças, mães, freira responsável pelo lugar, voluntários e funcionários |
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RESULTADOS:
Localizada em Fortaleza, a CMJ é um projeto desenvolvido pela instituição filantrópica, de caráter religioso, Obra das Filhas do Amor de Jesus Cristo e tem como objetivo abrigar crianças de 0 a 12 anos, junto a suas respectivas responsáveis, vindas de lugares fora da capital cearense para fazer tratamento contra o câncer, que é forte, doloroso, incerto e pode não ser eficaz. A CMJ é uma instituição disciplinar, assim como as apresentadas Michel Foucault (1998), já que o poder das disciplinas rege o funcionamento do lugar e dita a forma com que as pessoas devem se comportar lá. A fim de fazer o tratamento, essas crianças são afastadas do seu meio social (cidade, lar, família e escola) e obrigadas a conviver nesse ambiente que lhes é estranho, cheio de regras e pessoas desconhecidas. Além disso, a partir do diagnóstico, essas crianças começaram a viver um rito de passagem, tal como descreve Victor Turner (1974), cuja duração é incerta e onde elas parecem não ter passado ou perspectiva de futuro, navegando por uma maré que pode levá-las a apenas dois destinos: cura ou morte. |
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CONCLUSÕES:
As crianças, ao falarem a respeito da situação em que vivem e das mudanças ocorridas em suas vidas após o diagnóstico do câncer, mostram-nos que, apesar das circunstâncias adversas e da dor de uma possível morte em tão tenra idade, elas ainda são crianças que vivem. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: criança; câncer; instituição. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |