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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
A AVIFAUNA DE AMBIENTES FLORESTAIS NO VALE DO ITAJAÍ, SC
Jorge Alberto Müller 1 (jorgemuller@blumenau.sc.gov.br) e Eli Nunes Marques 2
(1. Presidência, Fundação Municipal do Meio Ambiente - FAEMA; 2. Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná - UFPR)
INTRODUÇÃO:
As florestas tropicais, apesar de cobrir apenas 7% da superfície do planeta, contém mais da metade de sua biodiversidade. Dentre as florestas tropicais, a Floresta Atlântica, por estar localizada na faixa litorânea brasileira, onde 85% da população brasileira reside, é um dos biomas mundiais que tem sofrido forte pressão. Sua preservação encontra-se limitada a remanescentes, vários deles na região centro-norte do Estado de Santa Catarina, no Vale do Itajaí. Estudos da fauna desta região, decisivos na elaboração de programas de manejo florestal sustentável, vêm sendo realizados em larga escala, em fragmentos florestais apresentando distintos estágios sucessionais e composição florística. Com base na avifauna encontrada em três diferentes ambientes florestais, um apresentando Floresta Ombrófila Densa não alterada (ambiente 1), um apresentando Floresta Ombrófila Densa alterada (ambiente 2) e outro com povoamento de Eucalyptus grandis (ambiente 3), este trabalho objetivou: (i) observar a diversidade da avifauna como indicadora de qualidade ambiental, (ii) realizar a classificação taxonômica das aves observadas e ou capturadas, (iii) determinar o grau de conservação e o grau de alteração da floresta, (iv) calcular o índice faunístico e (v) determinar as possíveis espécies indicadoras ambientais.
METODOLOGIA:
Foram empregados métodos de identificação da avifauna por contato visual utilizando binóculo 8x30, auditivo com uso de arquivos sonoros, comparando as gravações das vozes em fitas magnéticas de mini gravadores obtidas no estudo e complementado com o uso de redes de neblina com 12 m de comprimento por 4 m de altura e malha de 60 mm. Foram planejadas amostras bimestrais com três dias de duração, abrangendo as diferentes estações do ano, entre outubro de 1997 e setembro de 1999. As áreas de estudo foram percorridas a pé, buscando identificar as espécies, utilizando estradas e caminhos existentes ou abrindo novas trilhas para atingir locais menos acessíveis. As observações foram realizadas nas primeiras horas do dia, prolongando-se até ao anoitecer. Foi calculado o Índice de Similaridade de Sorensen para indicar o grau de semelhança entre duas comunidades. Para avaliar a riqueza nas diferentes comunidades, foram adotados dois índices: o Índice de Suboscines/Oscines (SO/O) e o Índice Passeriformes/Não-Passeriformes.
RESULTADOS:
Foram registradas 15 ordens, 45 famílias e 235 espécies de aves. Foi constatada a ocorrência de 26 espécies endêmicas, quatro vulneráveis, uma ameaçada de extinção (Leucopternis lacernulata, identificada no ambiente "2"), duas visitantes setentrionais, que migram do norte do país (Hirundo rustica e Vireo chivi, nos ambientes "1", "2" e "3") e aves raras (como Nonnula rubecula, que vive no interior da floresta). Da ordem Passeriformes constam 19 famílias e 154 espécies. Da subordem Suboscines foram registradas 8 famílias e 91 espécies e, da subordem Oscines, 11 famílias e 64 espécies. Para o grupo das aves "não-passeriformes", foram constatadas 14 ordens, 26 famílias e 80 espécies. No ambiente "1", foram registradas 150 espécies, de 33 famílias. No ambiente "2", 111 espécies, de 29 famílias e no ambiente "3", 129 espécies de 31 famílias. A relação de riqueza entre os grupos taxonômicos Suboscines/Oscines para o ambiente "1" (1,66) que caracterizou um estado ideal de conservação fitofisionômica. Para os ambientes "2" e "3" esta relação foi inferior (1,29 e 0,77, respectivamente). Os ambientes "1" e "2" apresentaram Índice Passeriformes/Não Passeriformes com valores característicos de áreas florestais particularmente montanhosas, enquanto o ambiente "3" obteve um valor típico de áreas abertas. Quanto ao Índice de Similaridade, os ambientes "1" e "2" apresentaram valores semelhantes, possivelmente por terem características fitofisionômicas semelhantes.
CONCLUSÕES:
A relação de riqueza, dos Índices Suboscines/Oscines e Passeriformes/Não-Passeriformes, demonstrou que o ambiente "1" apresenta a maior diversidade de avifauna e um ideal estado de conservação fitofisionômica; o ambiente "2" possui um mediano estado de conservação; e o ambiente "3" apresenta modificações ambientais profundas. Os ambientes "1" e "2" se mostraram semelhantes em diversos aspectos. É grande a diversidade nos ambientes estudados, sendo registrados 39,43% da avifauna catarinense. O registro de espécies de aves raras ou em extinção indicam a importância de áreas nativas, de preservação permanente e reserva legal próximas, para a preservação e/ou conservação da avifauna em ambientes homogêneos.
Instituição de fomento: CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
Palavras-chave:  avifauna; ambientes florestais; Vale do Itajaí.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005