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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial | ||
ASPECTOS E PROBLEMAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DO PORTADOR DE TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO E SÍNDROME DE TOURETTE | ||
Marina Rodrigues da Silveira 1 (mari.unesp@bol.com.br) e Paulo Rennes Marçal Ribeiro 2 | ||
(1. Graduanda do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Letras - FCL – UNESP/Ar; 2. Prof. Dr. do Depto. de Psicologia da Educação, Fac. de Ciências e Letras, FCL – UNESP/Ar) | ||
INTRODUÇÃO:
A Síndrome de Tourette (ST), distúrbio neuropsiquiátrico raro, que tem como principal característica a presença de tiques e o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), cujas principais características são os sintomas que dão nome ao transtorno, às vezes, encontram-se co-mórbidos, ocasionando maiores prejuízos e sofrimento aos pacientes e impossibilitando-lhes, muitas vezes, o desenvolvimento de atividades sociais como trabalhar ou estudar. Entretanto, estudos sobre ambas as doenças limitaram-se, até hoje, às análises clínicas e farmacológicas. Estudos de natureza sócio-antropológica são escassos, porém, indispensáveis para o tratamento e uma melhor compreensão da ST e do TOC, na medida em que não enxergam apenas a doença isolada, mas o indivíduo doente em sua totalidade. Tendo em vista os prejuízos sócio-educacionais que os portadores de TOC e ST sofrem em virtude das doenças e a necessidade de estudos que abordem esta questão e a escassez dos mesmos, este trabalho teve como objetivo estudar, com uma abordagem sócio-educacional, a história de vida do portador de TOC e ST e das doenças no mesmo e analisá-lo, dentro do contexto escolar, descrevendo todas as variáveis envolvidas no processo ensino-aprendizagem deste. Deste modo, esta pesquisa, não apenas contribui para a ampliação da literatura sobre a ST e o TOC e da comorbidade entre ambos, como também, traz informações sobre um campo ainda pouco explorado pelos estudiosos das doenças em questão: o educacional. |
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METODOLOGIA:
Este trabalho pretendeu ser uma atividade investigativa sobre um grupo de indivíduos que tem em comum a ST e o TOC, ou seja, um estudo de casos. Por ter uma abordagem qualitativa, foram escolhidos como métodos de pesquisa mais adequados, a observação participante; que compreendeu observações do portador em campo, no caso, o ambiente escolar; a entrevista; realizada com os pais do portador; e a análise documental, que complementou os dados obtidos através das observações e das entrevistas e apontou novos aspectos da realidade pesquisada. As entrevistas realizadas foram do tipo semi-estruturadas, cujo roteiro não apresentava questões específicas e ordenadas, mas idéias centrais que eram propostas ao entrevistado permitindo que o mesmo discorresse livremente sobre o tema, com base nas informações que ele detinha e que acabavam direcionando toda a entrevista. O grupo escolhido é constituído por dois indivíduos em idade escolar, um do sexo masculino e outro do feminino. As observações foram feitas em escola pública e particular. |
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RESULTADOS:
Com relação aos resultados obtidos, a portadora pesquisada, embora tenha seu desempenho escolar prejudicado por suas doenças, não apresenta nenhuma dificuldade de aprendizagem específica diagnosticada, porém sofre prejuízos substanciais devido aos sintomas. Este dado demonstra que o TOC e a ST não geram, necessariamente, dificuldades de aprendizagem, como a dislexia, por exemplo, mas geram, dificuldades que comprometem o desempenho escolar. Outro dado constatado é o fato de que a portadora sente-se mais livre e à vontade para realizar os seus tiques e compulsões na frente de pessoas com quem tem mais intimidade e com as quais está mais habituada. Esta liberdade que sente acaba diminuindo a sua preocupação e tensão emocional e, por conseqüência, os seus sintomas. Ao contrário, quando está perto de pessoas com as quais não tem intimidade, a portadora tenta se controlar para não manifestar nenhum tique ou compulsão e, por isso, acaba ficando tensa, o que acentua os sintomas. Com relação à escola onde a portadora estuda, alunos, professores e demais profissionais envolvidos, estes, no geral, se esforçam para estabelecer boa convivência com a portadora, mas ainda assim, não se encontram preparados para lidar corretamente com um portador de TOC e/ou ST. Muito da aceitação e compreensão destas pessoas em relação aos sintomas da aluna deve-se ao fato de estarem habituados com eles ou por terem sido previamente preparados para lidar com tal situação. |
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CONCLUSÕES:
Enfim, com base nos resultados obtidos, podemos concluir que, os portadores de ST e TOC apresentam inúmeros prejuízos educacionais e sociais e que praticamente todos os sintomas apresentados pela portadora refletem na aprendizagem dela. Mesmo aqueles sintomas que não são manifestados durante o processo de aprendizagem acabam prejudicando-a por influenciar em outros aspectos que, de uma forma indireta, vinculam-se à sua aprendizagem. Concluímos também, a partir das observações de campo que, não há, ainda, uma compreensão e tolerância generalizada. Há sim, muita ignorância e descaso por parte de muitas pessoas em relação aos portadores de ST e TOC, pois, quando não os desprezam ou ignoram, se incomodam ou caçoam de seus sintomas. Isto se deve, em grande parte, ao fato de desconhecerem as diversas formas de manifestação das doenças e ao preconceito que carregam. Podemos concluir, enfim, que a aluna-portadora, assim como muitos outros portadores de ST e TOC, necessita de melhores condições educacionais e adaptações escolares às suas doenças e que, ainda são necessários muitos estudos e divulgações sobre ambas as doenças para que condições favoráveis aos portadores sejam alcançadas. |
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Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Síndrome de Tourette; Transtorno Obsessivo Compulsivo; Educação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |