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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 4. Metabolismo e Bioenergética
EFEITO DE QUINURENINAS SOBRE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM CÓRTEX CEREBRAL DE RATOS JOVENS.
Cristiana Schumacher 1 (crisschu@hotmail.com), Guilhian Leipnitz 1, Alexandra Latini 1, Karina Borges Dalcin 1, Karina Scussiato 1 e Moacir Wajner 1
(1. Depto. de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.)
INTRODUÇÃO:
A rota das quinureninas é a principal rota de degradação do aminoácido triptofano. Dados da literatura têm demonstrado alterações nesta via em várias doenças neurodegenerativas, como as doenças de Huntington e Parkinson. Essas alterações levam ao acúmulo de metabólitos neurotóxicos, cujas ações podem contribuir para o dano neurológico encontrado nos pacientes. Recentemente, levantou-se a hipótese de que poderia haver alterações na rota das quinureninas na acidemia glutárica tipo I (AGI) e, conseqüentemente, o acúmulo de quinureninas. A AGI é um erro inato do metabolismo causado pela deficiência da enzima glutaril-CoA desidrogenase, o que impede o catabolismo normal dos aminoácidos triptofano, lisina e hidroxilisina. A doença é caracterizada bioquimicamente pelo acúmulo dos ácidos glutárico e 3-hidroxiglutárico nos tecidos e líquidos biológicos dos pacientes. O quadro clínico é caracterizado por degeneração do estriado, macrocefalia, hipotonia, convulsões e coma. Considerando que os mecanismos fisiopatogênicos das doenças neurodegenerativas, incluindo a AGI, são pouco conhecidos, e que há o acúmulo de metabólitos tóxicos da via das quinureninas nessas doenças, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito in vitro da quinurenina (Kyn) e da 3-hidroxiquinurenina (3HKyn) sobre vários parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral de ratos jovens.
METODOLOGIA:
Foram utilizados ratos Wistar machos de trinta dias de idade, os quais foram sacrificados por decapitação e tiveram o córtex cerebral dissecado. O córtex cerebral foi homogeneizado em tampão fosfato de sódio / KCl pH 7,4 e submetido a uma centrifugação para a separação de núcleos e membranas. Do sobrenadante, alíquotas foram utilizadas para a realização de uma pré-incubação a 37 °C durante 1 h na ausência (grupo controle) ou presença da quinurenina ou 3-hidroxiquinurenina (0,01-100 µM). A seguir, foram determinados os seguintes parâmetros de lipoperoxidação: medida de níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA-RS), na ausência e presença de Fe (II) ou Fe (III), e quimiluminescência, além da medida de redução de radicais derivados do 2,2’-azo-bis-(2-amidinopropano) (AAPH) para a verificação do efeito antioxidante de ambos os metabólitos. Os dados foram analisados estatisticamente por análise de variância (ANOVA) de uma via seguida pelo teste de Duncan quando o valor de F foi significativo.
RESULTADOS:
Os resultados dos níveis de TBA-RS na ausência dos íons ferro demonstraram que a 3HKyn causou uma diminuição significativa na concentração de 100 µM [F(5,30)=3,087; p<0,05], enquanto que a Kyn não provocou efeito significativo. Os resultados encontrados para os níveis de TBA-RS para os íons ferroso e férrico foram similares, ou seja, a 3HKyn diminuiu significativamente os níveis de TBA-RS na maior concentração testada, ao passo que a Kyn não modificou esse parâmetro - Fe (II): [F(9,50)=6,962; p<0,05] Fe (III): [F(9,50)=12,733; p<0,05]. Os resultados de quimiluminescência demonstraram que a 3HKyn causou uma diminuição significativa na concentração de 100 µM [F(3,12)=7,751; p<0,01], ao passo que a Kyn não teve efeito significativo [F(3,11)=0,13; p>0,05]. Considerando o efeito antioxidante causado pela 3HKyn nos parâmetros de lipoperoxidação, verificou-se a capacidade de ambos os metabólitos reduzirem radicais peroxila derivados do AAPH, comparando-se com um seqüestrador clássico de radicais livres, o trolox (vitamina E hidrossolúvel). Os resultados demonstram que a 3HKyn foi um melhor antioxidante para radicais peroxila que o trolox, enquanto que novamente a Kyn não apresentou essa capacidade protetora.
CONCLUSÕES:
De acordo com os resultados obtidos, podemos verificar que a 3HKyn apresentou capacidade antioxidante in vitro contra a lipoperoxidação em homogeneizado de córtex cerebral de ratos jovens. Na tentativa de especificar as espécies reativas sobre as quais a 3HKyn apresenta essa capacidade antioxidante, foi demonstrado que os radicais peroxila são um alvo em potencial, já que a 3HKyn se apresentou um sequestrador eficiente para esses radicais, inclusive melhor que o trolox. Visto que a Kyn não apresentou essa atividade, pode-se concluir que o grupamento fenol da 3HKyn é, provavelmente,o responsável pela atividade seqüestradora de espécies reativas, também podendo ser potencialmente utilizado farmacologicamente como antioxidante.
Instituição de fomento: PRONEX, CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  quinureninas; estresse oxidativo; radicais livres.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005