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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil | ||
ISOFLAVONAS DA SOJA PARA TRATAMENTO DE SINTOMAS DEPRESSIVOS EM MULHERES COM SÍNDROME CLIMATÉRICA: ENSAIO PILOTO DE EFICÁCIA E SEGURANÇA | ||
Rilva Lopes de Sousa 1 (rilvalopes@hotmail.com), Rosália Gouveia Filizola 2, Margareth de Fátima Formiga Diniz 3, Eduardo Sérgio Soares Sousa 4, João Leonardo Ribeiro de Moraes 2, Mauriciana Pereira Ferreira 5, Clarissa de Moura Souza 5, Evelise Lima Luduvice 5, Débora Dantas de Albuquerque 5 e Eguimar Fernandes Filho 5 | ||
(1. Pós-Graduanda, Laboratório de Tecnologia Farmacëutica(LTF)Universidade Federal Paraiba(UFPB); 2. Profa. Dra. do Departamento de Medicina Interna - UFPB; 3. Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos - LTF - UFPB; 4. Prof. Dr. do Depto. Materno Infantil - UFPB; 5. Graduandos do Curso de Medicina da UFPB) | ||
INTRODUÇÃO:
O climatério é uma etapa marcada por sintomas neuropsicológicos que têm efeito negativo sobre trabalho, relações familiares e sociais de grande número de mulheres em uma fase altamente produtiva de suas vidas. O tratamento para esses sintomas é a terapia hormonal com reposição de estrógenos. Em virtude das atuais controvérsias relacionadas a essa terapia, os benefícios da fitoterapia estão sendo crescentemente valorizados nessa área de pesquisa. Tal alternativa, que já contava com um amplo interesse popular, encontra nas isoflavonas da soja um promissor recurso terapêutico. Já foram realizados ensaios clínicos com isoflavonas para tratamento dos sintomas climatéricos, função cognitiva, osteoporose e hipercolesterolemia. Entretanto, alguns efeitos desses compostos estrogênicos de origem vegetal ainda não foram especificamente investigados, como o efeito sobre a sintomatologia depressiva da síndrome climatérica. Considera-se que os estrógenos têm um efeito positivo sobre o humor de mulheres climatéricas sem depressão maior, em virtude de sua potencial ação sobre os neurotransmissores cerebrais. Então, se os estrógenos convencionais têm o efeito de aliviar sintomas depressivos, os fitoestrógenos também teriam essa propriedade, em virtude de suas ações estrogênicas? Com base nessas considerações, o objetivo deste trabalho foi determinar a eficácia terapêutica e segurança do uso de isoflavonas da soja sobre sintomas depressivos em pacientes portadoras de síndrome climatérica. |
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METODOLOGIA:
Foi realizado um ensaio clínico placebo-controlado e randomizado envolvendo 19 mulheres de 45 a 59 anos atendidas no ambulatório de Climatério do Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa (PB). O instrumento para avaliação da sintomatologia depressiva foi a Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos – CES-D. Para verificar a influência do “efeito dominó”, foi registrado o auto-relato das pacientes quanto à freqüência diária e intensidade das ondas de calor (classificadas em leves, moderadas ou intensas, conforme presença de sudorese e/ou interrupção de atividades). O tratamento experimental foi feito com extrato seco de isoflavonas da soja a 40% (60 mg/dia, dose única) para o grupo I (G-I; n=10), e placebo para o grupo II (G-II; n=9). Foram também analisados parâmetros hormonais (estradiol e hormônio folículo-estimulante – FSH) e de toxicidade crônica (exames hematológicos e bioquímicos) na linha de base (LB) e após 16 semanas de intervenção. Foram registrados a cada 4 semanas os efeitos adversos apresentados. A medida primária de eficácia foi uma redução de 50% do valor inicial do CES-D após 16 semanas de tratamento. Foi analisada correlação da mudança nos escores do CES-D com a resposta quanto aos sintomas vasomotores. Para avaliação comparativa dos percentuais de melhora, foram usados os testes de Mann-Whitney e de Wilcoxon, e, para análise de correlação, o coeficiente linear de Spearman, adotando-se um nível de significância de 0.05. |
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RESULTADOS:
As médias dos dois grupos não diferiram na LB quanto à idade, escores do CES-D, freqüência de sintomas vasomotores, níveis de estradiol e FSH. Após 16 semanas de tratamento, verificou-se redução significativa dos escores do CES-D (LB: 15,20±2,82; 16 sem: 12,60±40,06; P=0.01) e da freqüência das ondas de calor (LB: 5,8±3,19; 16 sem: 2,0±1,15; P=0.008) no G-I, mas essa redução nos escores do CES-D não diferiu significativamente dos resultados do G-II (LB: 12,56±5,41; 16 sem: 10,56±4,00; P=0.03). No entanto, a melhora percentual média não alcançou 50% em nenhum dos grupos (G-I: 19,09±12,68) e G-II (14,36±12,32), que não diferiram entre si na magnitude da redução sintomatológica. Esta redução não se correlacionou com a melhora da freqüência dos sintomas vasomotores (P=0.33). Os níveis plasmáticos de estradiol elevaram-se (LB: 9,88±4,98; 16 sem: 23,27±18,78) no G-I (P=0.008), não se alterando significativamente no G-II (LB 12,30±7,90; 16 sem: 14,32±6,62; P=0.60). Entre os parâmetros de segurança avaliados, houve diminuição estatisticamente significativa, porém sem relevância clínica dos níveis de uréia (LB: 31,30±8,79; 16 sem: 26,63±27,50) e da contagem leucocitária (LB: 6.570±2.704; 16 sem: 5.112±1.031) no G-I, sem alterações estatisticamente significativas observadas no G-II. Foram descritas leve mastalgia (1) e tonturas (1) no G-I, sem queixas relacionadas ao tratamento no G-II |
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CONCLUSÕES:
A redução observada na intensidade dos sintomas depressivos sugere a existência de uma resposta placebo, a qual é freqüentemente descrita em ensaios clínicos realizados para tratamento dos sintomas neurovegetativos associados à menopausa. A redução de escores da escala de depressivos não se relacionou, porém, à melhora observada nas ondas de calor, não se corroborando, portanto, a hipótese do “efeito dominó”. Não foram verificadas reações adversas importantes relacionadas ao tratamento experimental. O aumento encontrado nos níveis de estradiol plasmático sugere um efeito estrogênico das isoflavonas, possivelmente por um efeito na biossíntese e metabolismo dos estrógenos, porém não foram descritos ainda efeitos clínicos devidos a este mecanismo. Estudos posteriores com amostras maiores e divisão das doses de isoflavonas deveriam ser realizados para verificação de um possível efeito estrogênico das isoflavonas sobre sintomas depressivos de pacientes com síndrome climatérica sem depressão maior. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Menopausa; Sintomas depressivos; Isoflavonas da soja. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |