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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia | ||
PROPRIEDADES DE SISTEMA PREDADOR-PRESA COM REFÚGIO | ||
Pedro Luiz Christiano 1 (pedro@fisica.ufpb.br) | ||
(1. Departamento de Física, Universidade Federal da Paraíba) | ||
INTRODUÇÃO:
É consenso geral que relações tróficas desempenham um importante papel na determinação da abundância de espécies interagentes, razão pela qual as interações entre presas e predadores são bastante estudadas em ecologia. No entanto, nem sempre as respostas funcionais mais utilizadas na literatura, dependentes apenas do número de presas ou dependentes da razão entre o número de predadores e o número de presas, parecem representar de forma satisfatória os comportamentos dinâmicos comumente encontrados na natureza. Como alternativas a estas, são geralmente propostas respostas funcionais construídas de forma fenomenológica, que não evidenciam as razões subjacentes ao tipo de dependência proposto. Neste sentido é importante o oferecimento de alternativas construídas a partir de primeiros princípios, que deixem transparente o tipo de mecanismo responsável pela forma da resposta funcional. No presente trabalho são avaliados os efeitos da presença de um refúgio não coexistente à disposição da presa. Esse refúgio pode ser, por exemplo, uma toca, ou outra região espacial qualquer à qual o predador não tenha acesso. Apesar de garantir temporariamente a segurança da presa, o refúgio em questão não lhe dá condições de ali sobreviver indefinidamente. |
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METODOLOGIA:
É considerado um sistema constituído por um predador e uma presa. A presa tem a sua disposição um refúgio mas, diferentemente do que é usualmente proposto, usa-o de forma parcimoniosa, apenas para proteção quando identifica a presença do predador. Dessa forma, o número de presa susceptíveis de serem atacadas pelo predador é uma função decrescente do número de predadores no sistema. Quando este número atinge um certo valor, Cmax, nenhuma presa estará disponível para o predador. Por outro lado, a presa paga um preço pela utilização do refúgio que é considerado admitindo-se uma dependência direta entre a capacidade reprodutiva e o número de presas fora do refúgio. A resposta funcional é obtida determinando-se o número médio de predadores em atividade de caça no equilíbrio e, a partir dessa quantidade, o número médio de presas mortas por predador por unidade de tempo. A resposta funcional assim obtida assemelha-se a uma das classificadas por Holling como sendo tipo II, porém contém também uma dependência com o número de predadores presentes no sistema, o que faz com que seja de um novo tipo, não dependente apenas da densidade de presas, nem dependente da razão entre o número de presas e o de predadores. De posse da resposta funcional, os diferentes tipos de soluções admitidas pelo modelo foram determinadas numericamente. |
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RESULTADOS:
O modelo apresenta três tipos de soluções: extinção do predador, com o número de presas igual à capacidade de suporte do meio, e dois tipos de soluções prevendo coexistência entre predadores e presas - uma caracterizada por um ponto fixo e, portanto, mais estável do ponto de vista ecológico - e a outra caracterizada por um ciclo limite. São apresentados vários diagramas de fases, mostrando quais as soluções predominantes para diferentes valores dos parâmetros do modelo. O paradoxo de enriquecimento não é resolvido pelo tipo de resposta funcional proposta, de modo que há sempre o aparecimento de ciclos com o aumento da capacidade de suporte do meio. No entanto, a introdução da população limite Cmax tem um efeito estabilizador, mantendo estável a solução que prevê coexistência entre predadores e presas mesmo em situações em que a capacidade de suporte é suficientemente grande para provocar o aparecimento de ciclos. Além disso, a população máxima Cmax tem forte influência na determinação da população de predadores e, por conseqüência, na população de presas. |
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CONCLUSÕES:
É apresentada uma nova forma de resposta funcional que considera a possibilidade da presa esconder-se em um refúgio para evitar o predador. Apesar desse tipo de resposta funcional não resolver completamente o paradoxo do enriquecimento, tem um efeito estabilizador no sistema, favorecendo a solução que prevê a coexistência entre predadores e presas. Para alguns valores dos parâmetros, a presença do refúgio é um dos mais importantes determinantes dos valores assumidos pelas populações de predadores e presas. |
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Palavras-chave: predador-presa; resposta funcional; dinâmica de populações. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |