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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
ANÁLISE DA DIVERSIDADE FISIONÔMICA DE UMA COMUNIDADE ECOTONAL(CERRADO/MATA) NA APA DO CATOLÉ E FERNÃO VELHO, MACEIÓ – AL
LILIAN DA SILVA PEREIRA 1 (LILINHA.SP@UOL.COM.BR), EDILANE RIBEIRO BARBOSA 1 e FLÁVIA DE BARROS PRADO MOURA 1
(1. MUSEU DE HITÓRIA NATURAL, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL)
INTRODUÇÃO:
Entre os sete biomas brasileiros, o cerrado é o mais ameaçado pela fragmentação e por outras atividades humanas. Cerca de 60% de sua área já foi substituída por diferentes paisagens antrópicas. O conhecimento sobre como está organizada e distribuída a biodiversidade nas comunidades de cerrado é necessário para estimar a magnitude da distribuição do bioma, propor unidades de conservação e técnicas de manejo e recuperação apropriadas (UNESCO, 2002).
Em Alagoas, o cerrado ocorre em forma de poucas e reduzidas manchas dispersas pela grande área de domínio das florestas, sendo classificadas como sendo apenas "áreas de tensão ecológica", ou núcleos de transição (ecótonos), em contato tanto com a floresta ombrófila e a estacional, quanto com a caatinga (ASSIS, 2000).
O acelerado processo de ocupação e a crescente pressão exercida pelo desenvolvimento sobre essas áreas remanescentes do cerrado, tornam imprescindível a implementação de ações que visem a geração de informações e a conservação da biodiversidade do cerrado. Estes estudos são necessários para verificar, entre outros aspectos, que fatores ambientais e antrópicos poderão implicar em variações fisionômicas significativas, contribuindo para o maior conhecimento do cerrado em Alagoas. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a diversidade fisionômica da área de cerrado, incluindo diferentes parâmetros estruturais.
METODOLOGIA:
A APA (Área de Proteção Ambiental) do Catolé e Fernão Velho foi criada pela Lei nº 5.347, de 27 de maio de 1992, com a finalidade de preservar as características dos ambientes naturais e ordenar a ocupação e o uso do solo naquela área (ALAGOAS, 1992).
A APA do Catolé e Fernão Velho inclui áreas pertencentes aos municípios de Maceió, Satuba, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco (ASSIS, 2000). O clima da região varia de úmido até sub-úmido, com período mais chuvoso de março a agosto e o período menos chuvoso começando em setembro até final de fevereiro, com precipitação anual entre 1500 e 2000 mm, com temperatura média anual entre 23 e 25 ºC. O centro da APA do Catolé e Fernão Velho está localizado em 35º 48’ O e 9º 34’ S, sua medida no sentido leste/oeste é de 6,4 Km e no sentido oeste/sul é 6 Km. Toda a área coberta pela APA é de aproximadamente 38,4 Km2, distando 12 Km do centro de Maceió (OLIVEIRA, 2001).
Para a análise da vegetação foi utilizado o método de parcelas múltiplas (RODAL, 1992). Foram estabelecidos três transectos paralelos. Nestes, 15 parcelas de 10m x 10m foram plotadas, totalizando 1.500m2 ou 0,15ha de área amostrada. Para estudar a estrutura da vegetação foram anotados dados como número de indivíduos por parcela, altura e área basal. Os indivíduos com diâmetro maior que 3cm na base e com altura igual ou superior a 1m foram contados e medidos visando estimar parâmetros como densidade e área basal.
RESULTADOS:
Foram amostrados 313 indivíduos, em uma área de 0,15ha. Foi estimada uma área basal total de 24m2/ha e uma densidade de 2.086 ind/ha. O número de indivíduos por parcela variou de 5 a 44, reforçando numericamente a diversidade fisionômica observada em campo. Analisando-se os indivíduos pela altura foi possível segregá-los em 10 classes diferentes com intervalo de 1m. O resultado obtido mostrou uma distribuição da maioria dos indivíduos nas primeiras classes, caracterizando a área como um cerrado de porte arbustivo-arbóreo baixo, com poucos indivíduos nos segmentos maiores revelando que a vegetação não forma um dossel regular como em áreas de floresta. Foi encontrado um diâmetro mínimo de 3,18cm e máximo de 18,45cm e médio de 6,27 cm. Estabelecendo-se 8 classes de diâmetro com intervalo de 2,0cm pode-se verificar que o resultado obtido sugere a forma de um "J" invertido, estando a maioria dos indivíduos (68,37%) concentrada nas duas primeiras classes ressaltando que muitas espécies de cerrado possuem porte mais reduzido mesmo tratando-se de indivíduos adultos. Analisando-se as variáveis altura e diâmetro verificou-se uma baixa correlação o que se deve em parte às características morfológicas das espécies encontradas que podem muitas vezes apresentar o caule bastante espessado com características escleromórficas, ou ainda algumas plantas podendo apresentar rebrotamento ou perfilhamento, apresentando vários brotos em um único indivíduo.
CONCLUSÕES:
A cobertura vegetal do cerrado da APA do Catolé e Fernão Velho é bastante heterogênea, com áreas muito abertas e áreas agrupadas, respondendo pela alta variação de número de indivíduos dentro das parcelas, o valor estimado da densidade para a comunidade do Catolé é compatível a de outras áreas de cerrado no Brasil, assim como o valor da área basal, quando comparado a outros trabalhos que usaram o mesmo fator de inclusão. O grande número de indivíduos nas primeiras classes de diâmetro pode está relacionado à presença de espécies maduras de porte pequeno, já a baixa correlação entre altura média e diâmetro médio sugere que a comunidade apresenta características escleromórficas, com caule espessado em muitas espécies.
Palavras-chave:  cerrado; estrutura; diversidade fisionômica.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005