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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) | ||
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: GÊNERO E SEXUALIDADE - UMA QUESTÃO DE CONHECIMENTO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. | ||
Lisete Pereira Alves de Lima 1 (lisetelima@hotmail.com), Adriana Rotta 1 e Lizete Shizue Bomura Maciel 1 | ||
(1. Depto de Teoria e Prática da Educação-Universidade Estadual de Maringá-UEM) | ||
INTRODUÇÃO:
A escolha do tema está fundamentada na complexidade que o envolve ao ser trabalhado ou não pela escola. A sexualidade infantil, normalmente, não é respeitada quando ocorre a manifestação de curiosidade pela criança. A prática do senso comum leva a censura, produzindo a idéia de que são ações vergonhosas. Considerando que vivemos em uma sociedade altamente erotizada pela mídia, gerando excitações e ansiedades nas crianças e levando-as a “construírem” conceitos e explicações equivocadas e fantasiosas sobre a sexualidade, importa estudar práticas pedagógicas sobre o tema. A escola, ao abordar as noções relativas à anatomia e à fisiologia do corpo humano, nem sempre supre as necessidades de conhecimento da criança, nem inclui nesses conteúdos as dimensões culturais, afetivas e sociais da sexualidade humana. É necessário que a criança tenha um espaço para esclarecer suas dúvidas e continuar formulando novas questões, pois a satisfação dessas necessidades contribui para que o seu desejo de saber seja impulsionado ao longo da vida de forma saudável. A partir do desenvolvimento infantil e considerando a teoria do desenvolvimento humano elaborada por Freud, buscamos pesquisar a necessidade ou não desse conteúdo na formação de professores de educação infantil e se há situações na educação infantil que justifiquem esse estudo, uma vez que os PCNs sugerem os temas transversais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual a serem trabalhados durante a educação básica. |
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METODOLOGIA:
Acreditamos que o homem é um ser social e histórico, que vive em um mundo repleto de transformações sofridas a partir das relações sociais de produção e reprodução da vida material. No entanto, não somente a realidade material e a ação do homem sobre ela dão origem ao conhecimento humano, mas também as organizações culturais, artísticas, econômicas, religiosas, jurídicas são expressões sociais que cumprem essa função; enfim é a existência social dos homens que gera o conhecimento. Este projeto está baseado no referencial teórico metodológico do materialismo histórico; em uma concepção de homem e de conhecimento em que se entende o sujeito como ser ativo e de relações, relações estas que são construções históricas e, portanto, modificam-se, trazendo consigo valores culturais dominantes de um determinado momento histórico. Propomos um trabalho valorizando a mediação do professor que dialoga com o aluno, de forma a construir um saber reflexivo e não de reprodução, tendo como referencial para a sala de aula a Pedagogia Histórico-Crítica, isto é, “uma teoria da educação que se quer, ao mesmo tempo, crítica e transformadora” que consiste em cinco momentos: Prática Social Inicial do Conteúdo, Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática social final do conteúdo (GASPARIN, 2002). Nossa pesquisa se deu a partir de observação sistematizada, de docência de 5 horas-aula e de aplicação de questionários numa instituição de formação de professores de educação infantil de Maringá. |
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RESULTADOS:
Relatos de alunas durante nossa docência na instituição de formação de professores de Maringá-PR, bem como respostas de todos os questionários aplicados, confirmaram nossa hipótese da falta de fundamentação teórica sobre o desenvolvimento humano para as inúmeras situações de manifestação da sexualidade infantil no contexto escolar na qual as futuras professoras estão inseridas. Verificamos que as estagiárias e professoras da educação infantil, se deparam diariamente com inúmeras situações de manifestação de sexualidade infantil e não sabem como agir, portando tabus e preconceitos. Diante das situações elas ficam impressionadas e não sabem como conversar com os alunos, pois não têm base teórica sólida para compreenderem que a sexualidade infantil é parte do desenvolvimento humano e confundem as expressões de curiosidade das crianças com erotismo. Ao discutirmos com as futuras professoras a diferença entre os gêneros (masculino e feminino), como uma construção social, usando para isso os livros: Menino brinca de boneca? e O menino que ganhou uma boneca, percebemos a necessidade de desfazer concepções equivocadas sobre a sexualidade, a fim de desenvolver uma discussão reflexiva em relação aos papéis sexuais a fim de, em sua prática pedagógica, não transformarem as diferenças entre os gêneros em desigualdades, mas combater relações autoritárias, questionando a rigidez dos padrões de conduta estabelecidos para homens e mulheres na sociedade que geram discriminações e preconceitos. |
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CONCLUSÕES:
Para Freud, a sexualidade é uma força do instinto sexual. A esta força ele deu o nome de libido e não quer dizer absolutamente genital. Seria mesmo absurdo pensar-se que o lactente possui “vida sexual” na latitude vulgar do termo. Assim, nos primórdios da infância aparecem as suas primeiras manifestações enlaçadas a outras funções vitais. Aí, porém, a sexualidade é difusa, generalizada, sem nenhuma ligação ainda com a esfera genital. É a sexualidade dita rudimentar, embrionária. Perturbações de desenvolvimento e abulia, seriam justamente os resultados finais extremos de uma educação deficiente, um mostraria a influência prejudicial da inibição desmedida, o outro acusaria uma total desinibição (SILVA, 1964). As futuras professoras têm que estar atentas para ler e interpretar as diversas formas de apresentação sobre a sexualidade e as diferenças de gênero na sociedade, percebendo-as como uma construção humana e, portanto, social, conhecendo as diversas fases de desenvolvimento da sexualidade infantil. Para isso é necessário ter subsídios teórico-práticos na formação, quer no magistério, na pedagogia ou em outros cursos para discutir este tema de forma sistematizada e ao mesmo tempo prazerosa, fortalecendo descobertas pessoais e grupais, a fim de construirem conhecimentos específicos para orientar e esclarecer as possíveis dúvidas dos próprios professores que assim estarão aptos a esclarecerem com franqueza e acolhimento as curiosidades e necessidades dos seus alunos. |
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Palavras-chave: Sexualidade Infantil; Formação de Professores; Desenvolvimento Humano. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |