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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia | ||
COMPOSIÇÃO E DIVERSIDADE DE RÉPTEIS DE UM FRAGMENTO DE CERRADO NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO CATOLÉ, ALAGOAS, BRASIL. | ||
PAULO NUNES DOS SANTOS 1 (disseca@hotmail.com) e SELMA TORQUATO DA SILVA 1 | ||
(1. MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL) | ||
INTRODUÇÃO:
O Brasil é um dos cinco países com maior diversidade e endemismo e, ao mesmo tempo é um dos mais ameaçados do mundo. Entre os biomas mais ameaçados e menos conhecidos está o cerrado, uma formação vegetacional aberta. Estudos atestaram que a riqueza local da fauna de lagartos das áreas melhor conhecidas de cerrado sensu strictu (25 espécies) é maior que a de áreas de caatinga típica (18 espécies). Estes estudos revelaram l84 espécies de répteis para o cerrado, sendo 48 de lagartos, das quais 13 são endêmicas. No Estado de Alagoas não há estudos direcionados à herpetofauna de cerrado. Sobre esta existem apenas informações ocasionais incluídas em estudos realizados em formações vegetais florestais úmidas que se limitam com manchas de cerrado. Este estudo se propôs conhecer a composição, a diversidade (riqueza e eqüitabilidade) de espécies e a estrutura espacial da fauna de répteis de cerrado da APA do Catolé e Fernão Velho, nos municípios de Maceió e Satuba, Alagoas. A composição foi comparada com aquela da mata ombrófila com quem se limita e com as de outras áreas de cerrado, para avaliar o grau de semelhança entre os conjuntos faunísticos. A estrutura espacial foi analisada para avaliar se existem diferenças entre as espécies quanto ao uso de habitat e microhabitat. |
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METODOLOGIA:
A área de estudo tem como coordenada lat.9º32’S e lon.35º48’W. Constitui-se numa mancha de cerrado com cerca de 40 hectares inserida na ÁPA do Catolé, e abrange partes dos municípios de Maceió e Satuba, Alagoas, Brasil. As observações e/ou coletas ocorreram de fevereiro a dezembro de 2004, no período diurno. Na área de estudo foram considerados dois ambientes: borda e interior, este a partir de 100 m da borda do fragmento e, reconhecidos os seguintes habitats: Na borda do fragmento - (1) vegetação mais fechada, de porte mais alto, consistindo numa transição entre cerrado e mata ombrófila; (2) árvores baixas e isoladas, solo argiloso junto à ocupação imobiliária; (3) vegetação herbácea-arbustiva sobre solo argiloso junto ao canavial; No interior do fragmento – (4) árvores esparsas, muitas gramíneas e solo arenoso e (5) moitas arbustivas separadas por gramíneas. Para a observação e coleta de indivíduos foram utilizados os métodos dos transectos aleatórios para busca ativa e de captura por armadilhas de queda (pitfall-traps), constituídas de 184 latas de 18 litros enterradas até a borda com uma fina camada de terra e folhas no fundo. O esforço de coleta foi de 272 horas/homem para busca ativa e 6.163 dias/armadilhas para o uso de pitfalls. A diversidade de espécies, de microhabitats (riqueza e eqüitatividade) foi estimada através dos índices Diversidade de Shannon, enquanto para a similaridade faunística utilizou-se o índice Jackard. |
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RESULTADOS:
Foram observadas e/ou coletadas 17 espécies, sendo 8 de lagartos e 9 de serpentes. O valor para o índice de riqueza de espécies de Margalef foi de 6,018, mais elevado do que para a fauna de algumas matas ombrófilas do Estado de Alagoas. Das famílias que ocorreram neste estudo as de maior riqueza foram Teiidae e Colubridae, entre os lagartos e as serpentes, respectivamente. Igual ao observado para o cerrado brasileiro. As espécies terrestres predominaram entre os lagartos, enquanto as fossoriais e semi-fossoriais foram mais freqüentes entre as serpentes. O número relativamente grande de bromeliáceas na área de estudo favorece a ocorrência de espécies de répteis mais especialistas quanto ao uso de habitat, a exemplo de Bogertia lutzae e Sibynomorphus neuwiedii. Os habitats que apresentaram os maiores valores para o índice de diversidade de Shannon são ambientes mais complexos estruturalmente, apresentando maior riqueza de nichos. Quatro serpentes foram exclusivas do cerrado, S. neuwiedii, P. guerini, T. paucisquamus e T. brongersmianus. As espécies que foram mais abundantes ocupam habitats semelhantes em outros biomas onde ocorrem, como C. ocellifer, na caatinga e C. meridonalis e Typhlops brongersmianus na mata Atlântica. |
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CONCLUSÕES:
A fauna de répteis de cerrado da APA do Catolé apresenta valor intermediário para a diversidade de espécies. Não possui espécies endêmicas locais, nem exclusivas de cerrado, nem ameaçadas de extinção. A composição de espécies sofre uma grande influência da mata ombrófila com a qual se limita. As espécies da taxocenose constituem uma mistura de formas heliófilas de ampla distribuição com outras associadas aos habitats mésicos. As espécies terrestres predominaram entre os lagartos, enquanto as fossoriais e semi-fossoriais foram mais freqüentes entre as serpentes. Os habitats mais preservados do fragmento apresentam maior diversidade. Apesar de não haver endemismo de espécies de cerrado na APA do Catolé, a fauna da área de estudo contribui para a diversidade beta, porque associa espécies ombrófilas com aquelas típicas de formações abertas. A riqueza desta mancha de cerrado se assemelha e até é maior que da maioria dos fragmentos de cerrado do Brasil central. |
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Palavras-chave: DIVERSIDADE; CERRADO; HABITAT. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |