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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação | ||
O JOGO DE XADREZ COMO PRÁTICA PEDAGÓGICO-METODOLÓGICA NUMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE GUANAMBI-BAHIA. | ||
Eliana Gomes de Oliveira 1 (pereiragbi@yahoo.com.br) e José Aparecido Alves Pereira 1 | ||
(1. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XII - Guanambi) | ||
INTRODUÇÃO:
A indisciplina, a evasão e a repetência são problemáticas vistas e sentidas no contexto da escola brasileira com origens no modelo sócio-político. O rompimento desse modelo requer uma escola mais atrativa, contextualizada e integrada no seio da comunidade através das diversas áreas do conhecimento. Nesse contexto, o lúdico, através da prática do jogo de xadrez, aparece como alternativa no desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem. A origem do xadrez remonta a aproximadamente dois mil e trezentos anos, em algum país do Oriente. As guerras e a expansão marítima propiciaram a sua chegada aos países do Ocidente, tendo passado por muitas metamorfoses, até os dias atuais. No Brasil o jogo chegou com a família real portuguesa, no início do século XIX, quando se fundou o primeiro clube de xadrez na capital da colônia. É adotado como complemento educacional em algumas escolas do país na década de 1980, ganhando corpo a partir daí como esporte e/ou jogo lúdico-pedagógico. A Universidade do Estado da Bahia, Campus XII vem mantendo, há dois anos, um projeto de extensão “Xadrez na Escola”, com o objetivo de comparar os rendimentos dos alunos praticantes com os não-praticantes, investigando se a ação enxadrística se instaura como mais um instrumento didático/pedagógico capaz de desenvolver o raciocínio lógico, melhorar o poder de agilidade, concentração e criatividade, contribuindo com os demais componentes curriculares na superação de problemas escolares. |
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METODOLOGIA:
O projeto iniciou-se em 2003, com 30(trinta) estudantes da 4ª série do Ensino Fundamental na faixa etária dos 10 aos 13 anos do Colégio Municipal Josefina Teixeira de Azevedo, na cidade de Guanambi-Bahia. No ano de 2004, na mesma escola, ampliamos o trabalho para 50(cinqüenta) jovens estudantes de ambos os sexos, na faixa etária dos 11 aos 16 anos, em 2(duas) turmas de 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental. Em duas aulas semanais trabalhamos inicialmente a parte teórica através de apostilas, questionários, exercícios escritos individuais e coletivos através do mural didático. Após trabalharmos em aproximadamente 30(trinta) horas/aulas os fundamentos teóricos básicos – histórico, regras, movimento das peças, fases, temas táticos e estratégicos – os alunos tiveram acesso ao tabuleiro e às peças. |
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RESULTADOS:
No desenvolvimento desse projeto constatamos que houve uma maior aproximação entre os pais desses alunos e a escola. O envolvimento e o interesse dos alunos na prática do jogo se deram na ordem de 85%; o menor envolvimento se deu entre aqueles com maior faixa etária, de ambos os sexos, e os evangélicos. Correlacionando seus desempenhos no transcorrer das aulas de xadrez, notamos que o barulho, a desatenção e o desrespeito ao colega foram gradativamente superados com a introdução da parte prática; ao final, foram desenvolvidos a contento a concentração, o respeito e a observação na conduta da partida. Não foi possível, ainda, investigar os reflexos dessa prática no trabalho das demais disciplinas. O interesse dos alunos pelo jogo despertado através desse projeto chamou a atenção da Secretaria Municipal de Educação, que objetiva, através da parceria com a Universidade, formar professores para implantar a prática do xadrez como componente curricular em outras escolas, no transcorrer do ano de 2005. |
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CONCLUSÕES:
Através desse trabalho com classes populares, constatamos que o índice de aproveitamento das aulas ministradas no horário normal é maior que as aulas ministradas em turno oposto; nesses 2(dois) anos de trabalho constatamos também que os alunos não devem manter, no início da aprendizagem, contato com o tabuleiro e as peças, mas apenas com o mural didático, trabalhando inicialmente a parte teórica e posteriormente a prática. Em relação ao gosto pelo jogo, notamos que houve de forma sadia e educativa uma atitude favorável por parte de professores, comunidade e principalmente dos jovens, inclusive os considerados indisciplinados. Assim, essa atividade instaura-se como mais um instrumento pedagógico em favor da diminuição da evasão, reprovação e indisciplina, e não só mais uma opção de lazer, já que possibilita o desenvolvimento do raciocínio, observação, concentração, autocontrole, respeito e disciplina de forma lúdica e prazerosa. |
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Palavras-chave: xadrez; escola; estudantes. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |