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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
AVENIDAS SERIDÓ E CORONEL MARTINIANO EM CAICÓ/RN: POLIFÔNICAS PAISAGENS
Evaneide Maria de Mélo 1 (evamelo21@bol.com.br, evamelo81@yahoo.com.br) e Eugênia Maria Dantas 1
(1. Departemento de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN)
INTRODUÇÃO:
A paisagem no âmbito geográfico aparece como sendo uma das categorias de análises, que por muito tempo foi concebida como um dado do mundo visível, expressa pela materialidade, pelo concreto, ora natural, ora fruto das ações humanas. A Geografia Cultural trata a paisagem como um “texto”, onde pode-se efetuar múltiplas leituras dos processos naturais, sociais e culturais, como um conjunto de intersecções reais e imaginárias. Nesta perspectiva, objetivamos ler as paisagens urbanas da cidade de Caicó/RN, durante o período que se estabelece de 20 à 50, do século XX, tendo como suporte de leitura as fotografias em preto e branco, de José Ezelino da Costa, um dos primeiros fotógrafos do Estado do Rio Grande do Norte, e os jornais que circularam na cidade na mesma temporalidade.
METODOLOGIA:
A compreensão da paisagem requer a aproximação das fontes, das imagens, das visões de mundo, dos discursos, que compõem uma infinidade de cartografias da ação humana em um dado espaço-temporal. Neste sentido, nos lançamos a procura de pistas nos primeiros jornais que tinham relevância e expressividade para a cidade de Caicó/RN, tal atividade pautou-se nos periódicos ou semanários: “A Folha”, “O Batel”, e “O Binóculo”. Aos fragmentos encontrados nas fontes jornalísticas, que estão impregnados, marcados pela ação do tempo agregamos, problematizamos e tomamos como fonte de leitura o acervo fotográfico de José Ezelino da Costa. Bem como, o percurso teórico-metodológico deste projeto tem sido palmilhado a partir das leituras, discussões e reflexões de autores como Michel Foucault, Boris Kossoy, Edgar Morin, Eugênia Dantas e Zenyr Rosendlah.
RESULTADOS:
A partir dos primeiros contatos com as fontes iconográficas promovidas pelo projeto de pesquisa “Fotografia e Complexidade: itinerários norte-rio-grandenses”, aparece as informações iniciais referentes a paisagem citadina, sendo possível compreendermos que a cidade de Caicó/RN, no período que se estende de 1920 à 1950, possuía uma fisionomia que beirava o silêncio, a calmaria e o recato no espaço urbano. Consideramos também, que os veios discursivos apreendidos das páginas amareladas, surradas e desbotadas pelo tempo, dos jornais “O Batel, “A Folha”, e “O Binóculo”, nos possibilitou “lermos” que a Avenida Seridó era o palco de moradia da “melhores” famílias da cidade, em contra partida era na Avenida Coronel Martiniano que se estabelecia as transações comerciais e as estalações do Mercado Público. Neste sentido, com base nas informações, passamos a acreditar que a paisagem percorre os mundos da visibilidade, da invisibilidade, da abertura e do fechamento que todo discurso, que toda imagem comporta.
CONCLUSÕES:
Confiamos que a leitura da paisagem é possível pela aproximação, pela ligação, pela trama, pela ampliação, pela redução, pelo diálogo entre as fontes documentais, numa escala que se projeta de maneira interconectada se estabelecendo dentro e para além do foco visual, numa perspectiva que requer abertura e fechamento, discurso e imagem, objetividade e subjetividade, das representações imagéticas, culturais e sociais que dimensionam a condição humana.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvovimento Científico- CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Paisagem; Fotografia; Complexidade.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005