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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
DIETATERAPIA E DIABETES MELLITUS: FACILIDADES E DIFICULDADES
Shérida Karanini Paz de Oliveira 1 (karanini@yahoo.com.br) e Maria Vilaní Cavalcante Guedes 1
(1. Coordenação do Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Ceará-UECE)
INTRODUÇÃO:
Diabetes é uma doença crônica – degenerativa caracterizada pela ausência parcial ou total da produção de insulina pelo pâncreas, o que leva a um aumento do nível glicêmico no sangue. Por ser uma doença crônica, os portadores dessa patologia precisam adquirir e se adaptar a novos hábitos de vida que visam o controle da doença e a prevenção e/ou retardamento de futuras complicações decorrentes da própria doença e de hábitos não saudáveis. A terapia nutricional é integral ao cuidado e tratamento da patologia. A adesão ao plano alimentar constitui o maior desafio à aceitação da terapêutica, pois implica em mudanças de hábitos.Torna-se relevante falar de diabetes, haja vista ser uma doença crônica que afeta milhões de pessoas no mundo todo, constitui um dos principais problemas de saúde pública devido sua elevada morbimortalidade e repercussão na qualidade de vida do acometido. Soma-se a isso o fato de que sua prevalência vem aumentando, conseqüência de três fatores básicos: maus hábitos de vida, aumento da sobrevida dos diabéticos e o aumento da expectativa da população geral. E discutir sobre a dieta é importante na medida em que é considerado um dos fatores requeridos para aumentar a qualidade de vida das pessoas, contribuindo para prevenção e tratamento de diversas doenças, entre elas diabetes. Assim, este estudo teve como objetivos verificar o conhecimento do diabético sobre sua dieta e verificar as facilidades / dificuldades para o seguimento correto da dieta.
METODOLOGIA:
A pesquisa se caracterizou como descritiva-exploratória. Foi realizada em uma instituição de referência para tratamento da patologia em Fortaleza – Ceará. A população do estudo foi composta por pacientes diabéticos atendidos na instituição, sem haver restrição ao sexo ou idade, que vão às consultas de enfermagem, geralmente de três em três meses. A amostra foi constituída por 321 sujeitos. A técnica de amostragem escolhida foi a amostragem por acessibilidade. Os dados foram coletados em novembro e dezembro de 2002 mediante formulário preenchido através de entrevista, possibilitando ao sujeito se expressar livremente, expondo suas idéias, condutas, motivos e conceitos. A média de duração de tempo de cada entrevista foi de 15 minutos. Os resultados foram apresentados mediante o uso de tabelas, quadros e alguns depoimentos seguidos de avaliações e críticas fundamentadas no referencial teórico. Os preceitos ético-legais foram todos respeitados.
RESULTADOS:
Caracterizando a amostra, a média de idade foi de 60,35 anos e a média de tempo de diagnóstico foi de 9,45 anos. Predominou o sexo feminino. Do total, 55% estudaram até a 4ª série primária e 40% tinham renda de até um salário mínimo. Os resultados mostraram que os diabéticos possuem um conceito sobre sua patologia e algum conhecimento sobre a dieta como parte do seu tratamento, embora esses conceitos sejam desprovidos de complexidade e embasamento teórico. Em relação ao tratamento, a maioria recebe orientações, principalmente quanto à dieta e exercício físico, e reconhece a importância da dieta no seu tratamento, bem como da atividade física e medicamentos. Um resultado preocupante foi que 65% da amostra referiram não haver diferença entre alimento light e diet. Isto sugere consumo indevido de produtos inapropriados. Para 45% da amostra, a principal dificuldade é não poder comer doce. Conforme dito por 60 % dos sujeitos, existe apoio por parte dos seus familiares para seguirem a dieta e esse apoio não caracteriza pressão e/ou cobrança.
CONCLUSÕES:
O enfermeiro deve estar atento para falta de informação, dúvidas, conceitos errôneos e tabus a fim de direcionar atenção e o cuidado para o problema que compromete o auto-cuidado. Considerando o fator educação um dos aspectos do tratamento, a falta ou a insuficiência de instrução gera uma dificuldade para a aprendizagem do que deve ser feito para lhe garantir uma boa qualidade de vida. A questão financeira também é vista como problema, principalmente no que diz respeito ao seguimento da dieta. Por terem baixa renda, são restringidos por limitações econômicas A diabetes implica em mudanças que duram o resto da vida. Por isso, faz-se necessário um atendimento voltado para a educação dos diabéticos, para que estes possam sempre estar recebendo informações necessárias para a garantia de seu bem-estar. A dieta constitui um fator de importância no tratamento da doença, portanto merece sempre ser discutida com os pacientes. Vale ressaltar a importância do auxílio dado pelos familiares ao diabético, pois o tratamento é feito principalmente em casa. Daí a necessidade de um trabalho integrado entre profissional de saúde-diabético-família. Podem ser desenvolvidas atividades educativas incentivadoras objetivando prover o paciente e familiares de conhecimento, habilidade e motivação para incorporar o auto-tratamento em sua vida.
Palavras-chave:  diabetes; dieta; adesão.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005