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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática | ||
SELETIVIDADE ALIMENTAR DAS LARVAS DE PEIXES SOBRE A MICROFAUNA ASSOCIADA A BANCOS DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS NA AMAZÔNIA CENTRAL | ||
Rosseval Galdino Leite 1 (Prof. Dr. / leitegr@inpa.gov.br) e José Vagner Valente da Silva 1 | ||
(1. Laboratório de Ecologia de Peixes II, Coordenação de Biologia Aquática -INPA) | ||
INTRODUÇÃO:
O primeiro estágio do ciclo de vida de um peixe finaliza com o consumo das reservas do saco vitelínico e é seguido de um curto período de alimentação mista. A maioria dos peixes se alimenta do plâncton no início de sua vida, entretanto, por possuírem limitações morfológicas que influenciam diretamente no tipo de presa que podem ingerir, existe diferenciação neste aspecto entre as espécies. A habilidade das larvas em obterem o alimento, aumenta com o tempo, mas parece que o comportamento alimentar nos estágios iniciais é um reflexo pré-concebido por elas. Vários fatores podem interferir no sucesso da captura de alimento pelas larvas de peixes e os principais são: as características ambientais, o comportamento da presa e do predador, a disponibilidade de presas, o tamanho da larva e de sua boca e também o tamanho da presa. No presente trabalho alguns destes fatores foram considerados para testar a seletividade alimentar de larvas de algumas espécies de peixes pertencentes à ordem Characiforme em áreas de macrófitas inundadas na Amazônia Central. |
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METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas em áreas de macrófitas aquáticas inundadas da ilha de Marchantaria e do lago do Catalão nas proximidades de Manaus-AM. As larvas e suas presas foram coletadas simultaneamente filtrando 100 litros de água com rede de zooplâncton (35µ). Larvas e zooplâncton foram triados e fixados em formalina a 4%. Para o estudo foram escolhidas as larvas de Brycon amazonicus, Mylossoma aureum, Mylossoma duriventre, Triportheus flavus, Triportheus elongatus e Semaprochilodus insignis. As larvas de peixes foram identificadas até o mais baixo nível taxonômico possível, e classificadas segundo o estágio de desenvolvimento larval. Três sub-amostras das presas capturadas foram medidas e quantificadas. O alimento encontrado no trato digestivo das larvas de peixes foi contado pelo método de freqüência numérica e identificado até o mais baixo nível taxonômico possível. Também foram feitas medidas do diâmetro das presas ingeridas pelas larvas de peixes. A variação da quantidade de presas de cada categoria alimentar na dieta das larvas foi analisada por estágio de desenvolvimento larval e por tipo de presa, sendo cada observação uma larva, e testada com uma ANOVA com dois fatores: um fixo (estágio de desenvolvimento larval) e um variável (tipo de presas), mas incluindo amostras apenas dos sítios onde as larvas alimentavam-se. Utilizou-se o Índice de Paloheimo (1979) para as determinações de seletividade alimentar. |
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RESULTADOS:
Não houve diferença significativa na quantidade de presas ingeridas pelas larvas entre a Marchantaria e o Catalão para T.flavus e T.elongatus, mas B.amazonicus, M.duriventre e M.aureum tiveram comportamento diferente em ambos locais. Independente do estágio larval houve tendência à seleção positiva de cladóceros de maior tamanho enquanto que os náuplios e os rotíferos foram selecionados quase sempre negativamente, exceto para T.elongatus que selecionou rotiferos positivamente. B.amazonicus selecionou positivamente presas com diâmetros corporais de 0,238±0,11 no estágio flexão e 0,248±0,09 (mm) em pós-flexão, M. aureum presas entre 0,174 ± 0,074, 0,204 ± 0,071 e 0,32 ± 0,114 (média e desvio padrão (mm)), nos estágio pré-flexão, flexão e pós-flexão respectivamente. No Catalão as presas selecionadas positivamente variaram de 0,20± 0,11. M. duriventre selecionou positivamente presas com diâmetros corporais de 0,20 ± 0,07, 0,23±0,07 e 0,32±0,09 (média e desvio padrão (mm)), nos estágios pré-flexão, flexão e pós-flexão, respectivamente. Na Marchantaria, as presas selecionadas positivamente por M. duriventre tinham 0,2±0,117 de diâmetro corporal. Mesmas espécies comeram presas maiores no Lago do Catalão em relação às presas da Marchantaria (ANOVA:GL: 8,507. F = 7,334; P = 0,000). |
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CONCLUSÕES:
Em ambientes de macrófitas inundadas, as larvas de Characiformes selecionam as maiores presas entre as disponíveis, exceto aquelas larvas que tem boca muito pequena que selecionaram positivamente os rotíferos, caso de T. flavus Entre as maiores presas selecionadas são destacados os cladóceros litoraneos como Chidoridae e Macrotricidae. A ingestão de presas maiores à medida que as larvas crescem, indica que o tamanho da boca é fundamental na seleção das presas pelas larvas de peixes. |
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Instituição de fomento: INPA (PPI 1-3740) | ||
Palavras-chave: Alimentação de larvas de peixes; Seletividade alimentar; Amazônia central. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |