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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional | ||
ASSÉDIO MORAL: PERCEPÇÕES E CONCEITUAÇÕES DIFUSAS. | ||
José Clerton de Oliveira Martins 1 (Prof. Dr. / clerton@unifor.br) e Lisieux D'Jesus Luzia de Araújo Rocha 1 | ||
(1. Centro de Ciências Humanas, Universidade de Fortaleza - UNIFOR) | ||
INTRODUÇÃO:
Ao se buscar empreender estudos acerca do fenômeno denominado assédio moral constatou-se, que o referido conceito é de difícil precisão, por ser tênue suas nuanças com demais conceitos afins, como por exemplo: discriminação, preconceito. Por assédio moral consideramos várias formas de desmerecimento, humilhações, brincadeiras, apropriações indevidas da relação entre os cargos, levando estas para o exterior do ambiente laboral, etc. Essas atitudes desestabilizam a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, levando a desapropriação e alienação, podendo até fazer com que a vítima desista do emprego. O assédio moral nas organizações costuma nascer de forma insignificante, é sutil e propaga-se pelo fato de as pessoas envolvidas (vítimas) não quererem formalizar a denúncia e encararem o fato de maneira superficial, deixando passar insinuações; essa atitude passiva gera uma multiplicação de ataques até que a vítima seja regularmente acuada, colocada em estado de inferioridade, submetida a manobras hostis e degradantes por longo período. As agressões repetitivas provocam queda de auto estima e a pessoa sente-se cada vez mais humilhada, perde sua identidade e o esforço laboral para crescer e utilizar seu potencial criativo fica reduzido. |
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METODOLOGIA:
A Metodologia utilizada na investigação caracterizou-se por uma abordagem qualitativa numa perspectiva etnográfica e fenomenológica, investigamos ambientes organizacionais a fim de capturar em tais contextos as expressões de assédio moral. Assim, a proposta foi: inseridos nos referidos entornos, nos setores industriais, comerciais e de serviços, na cidade de Fortaleza, observar e identificar tais fenômenos. A observação participante foi utilizada durante todas as etapas desta pesquisa. Constituindo-se em observar o fenômeno em estudo de maneira criteriosa, utilizando o diário de campo, com o propósito de perceber manifestações, recolher e registrar fatos existentes no caráter dinâmico do trabalhador e da organização. Propondo-nos a uma investigação que englobe: o homem em meio ao seu contexto sociocultural, mediante as indagações e os conhecimentos suscitados a partir do tema proposto; por fim, atrelando teoria e realidade para a constituição de um saber mais implicado com o homem e sua inserção na realidade mundana. |
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RESULTADOS:
No estudo observa-se que a cultura organizacional brasileira propicia um contexto organizacional que cala e consente. Com esse perfil, procuram mais atalhos que linhas diretas, mais saídas silenciosas que dar voz ao escândalo. Com isso provocamos sofrimentos abafados, fingimentos e omissões. Esse tipo de atitude faz do assédio uma prática impune onde o perverso humilha sua vítima dia após dia até comprometer sua identidade profissional através da tristeza, revolta e indignação. Nesse contexto, o agressor vai engrandecendo-se rebaixando o outro, sem culpa ou sofrimento, dá-se a perversão moral que piora à medida em que o agressor repete seus atos de assédio, não é punido e se fortaleça. |
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CONCLUSÕES:
O assédio moral não tinha nome nem endereço certos. Não sendo um fenômeno novo, já observava-se assédio dos senhores de engenho e feitores com suas escravas e desde o tramite dos tempos ele não acabou, o que o diferenciou e o tornou tema de interesse, até internacional, foi o fato de estar sendo denunciado e discutido. Sobretudo no mundo organizacional, constitui uma novidade. A partir do uso da metodologia especificada, buscando alcançar os objetivos traçados, observou-se a necessidade de estudos mais substanciais acerca do assunto, tendo em vista ser um fenômeno antigo, mas só recentemente cresceu o ímpeto de se saber mais sobre, visando compreender o sofrimento psíquico gerado por tais atos aos sujeitos implicados. Apesar das omissões, o silêncio fala. |
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Instituição de fomento: CNPQ | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: assédio moral; trabalho; cultura organizacional. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |